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E não estamos falando apenas de desatracar do cais

Esta era para ser mais uma reportagem fotográfica sobre a visita de navios da Marinha do Brasil (MB) a Santos entre os dias 10 e 14 de dezembro de 2016, no âmbito da XXXVII Operação Dragão e das comemorações do Dia do Marinheiro (13 de dezembro), trazendo mais de 40 imagens de detalhes da faina de desatracar a corveta Jaceguai (V31), em complemento a matéria publicada há dois dias.

Porém, mais do que mostrar as etapas para desatracar a Jaceguai com o emprego de dois rebocadores (SST Holanda e SST Parintins), livrando-a do cais e das proximidades dos outros navios da MB atracados, é útil aproveitarmos as imagens para falar de um processo bem mais longo de volta às viagens em mar aberto, que resultou na presença da corveta entre os navios que visitaram o Porto de Santos neste mês de dezembro.

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Enquanto se aguardavam os rebocadores para desatracar, o navio estava com suas antenas de radar girando, e realizando diversos testes.
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A torreta do canhão de 40mm de bombordo foi movimentada para a mesma posição (voltada à proa) em que já estava a de boreste

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O longo caminho de volta da Jaceguai

Conforme conversas com tripulantes tanto da Jaceguai quanto dos demais navios da MB atracados na ocasião, a corveta não fazia parte do Grupo Tarefa da Operação Dragão – fato natural, já que, durante os últimos anos, o navio permaneceu no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) realizando reparos diversos, no que inicialmente deveria ser apenas um PME (Período de Manutenção Extraordinário) focado em resolver problemas ocorridos nas máquinas, mas que se arrastou devido a todas as dificuldades orçamentárias envolvendo a manutenção dos navios na Marinha, sendo emendado com um PMI (Período de Manutenção Intermediário).

Além dos motores diesel da propulsão principal, pudemos verificar durante visita à corveta no AMRJ (em meados de 2013, para realizar matéria sobre a classe “Inhaúma”, publicada na revista Forças de Defesa número 10) que muito havia a ser feito em máquinas auxiliares, como os geradores e o sistema de refrigeração (cuja operação não está relacionada apenas às condições de habitabilidade do navio, mas de operação de seus diversos sistemas eletrônicos).

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Manobras do rebocador SST Holanda, precedendo a desatracação da corveta Jaceguai
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Uma pequena lancha da MB realizava de forma contínua a vigilância da área próxima aos navios atracados, em especial próximo à Jaceguai

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Para um navio recém-saído de manutenção, e ainda em experiências como se percebe no caso da Jaceguai (evidenciado pela presença de um gerador de eletricidade dentro do hangar), um longo processo de treinamento e aferição da capacidade dos sistemas e da tripulação deve ocorrer até que o navio se envolva plenamente em operações mais complexas.

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Gerador instalado provisoriamente no hangar da corveta

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Não por coincidência, a Jaceguai voltou a navegar em experiências um pouco mais longas (como este trecho entre Rio de Janeiro – Santos) somente após a desativação de duas unidades da classe “Inhaúma”, a própria líder da classe (V30) e a Frontin (V33).

Não é segredo que, há tempos, peças e equipamentos de corvetas paradas para manutenção são trocadas entre elas para treinamentos rotineiros das tripulações mesmo com os navios atracados ao Arsenal, e utilizadas para prontificar outras unidades. A própria Barroso (V34) já se aproveitou de itens das corvetas da geração anterior que lhe são compatíveis. Agora, fica evidente que a utilização de partes dos dois navios desativados da classe permitiu que a Jaceguai saísse de seu longo período sem realizar viagens como esta.

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A utilização de unidades desativadas como fontes de peças e equipamentos para manter outras operacional, é absolutamente comum, tanto ao longo da história da MB quanto de diversas outras marinhas, grandes ou pequenas.

A outra corveta remanescente da classe, a Júlio de Noronha (V32), em comparação, vem passando nos últimos anos por um longo PMG (Período de Manutenção Geral), emendado com um PMM (Período de Manutenção e Modernização), que resultou numa ampla revisão do sistema de propulsão, incorporando modernos equipamentos relacionados ao controle desse sistema.

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O SST Holanda, já com o cabo passado à Jaceguai, posiciona-se para puxá-la pela popa, a bombordo

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O SST Parintins chega e passa o cabo, posicionando-se para puxar a corveta pela proa

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Espera-se que tanto a finalização dos extensos trabalhos na Júlio de Noronha quanto a prontificação da Jaceguai permitam que a Marinha opere, pelos próximos anos, um total de três corvetas (contando a Barroso), compensando em parte a desativação de duas, que por sua vez resulta num “avanço”, frente a um período de muitos anos em que praticamente toda a classe “Inhaúma” esteve parada no AMRJ.

Afinal, se não foi possível manter toda a classe em operação, ao menos ter metade dela navegando e operando se mostra como um avanço, quando levamos em conta os vários anos em que toda a classe esteve parada, sem fazer parte dos diversos exercícios e operações da Esquadra.

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Os dois rebocadores começam a puxar a corveta por bombordo, enquanto a Jaceguai larga suas últimas amarras que a prendiam ao cais

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Para saber mais sobre a Jaceguai e as demais corvetas, clique aqui para ler reprodução da matéria “As corvetas classe Inhaúma e Barroso”, publicada originariamente na revista Forças de Defesa nº10 (2014) e republicada no site Poder Naval em dezembro de 2015. A seguir, as últimas fotos da corveta após desatracar do cais, quando então foi solta dos rebocadores, que a acompanharam durante seu deslocamento pelos próprios meios de propulsão ao longo do canal de entrada e saída do Porto de Santos.

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