Marinha vai substituir fragatas por corvetas, revela Alm. Ivan Taveira

13

Concepção da corveta classe Tamandaré (CCT)

Alm. Ivan Taveira – Foto – ID&S

A Marinha do Brasil pretende substituir as fragatas da armada por corvetas classe Tamandaré, revelou o diretor de Engenharia Naval, Contra-Almirante Ivan Taveira Martins, em entrevista exclusiva ao ID&S. A Marinha possui hoje oito fragatas – seis classe Niterói e duas classe Greenhalgh -, que devem chegar ao final do seu ciclo de vida no início da próxima década. De acordo com o Almirante Taveira, a Força Naval não avalia hoje a modernização dessas embarcações.

O estudo, encabeçado por ele, busca substituir as fragatas por corvetas classe Tamandaré, uma “evolução comedida” da corveta Barroso (incorporada à Marinha em agosto de 2008). “Não se tem nenhuma previsão de modernização (das fragatas). Elas já foram modernizadas no passado. Acho que elas estão chegando ao final da vida útil mesmo”, disse.

Concepção da Corveta Tamandaré V35

O Almirante trabalha hoje na elaboração das especificações técnicas para a licitação das corvetas classe Tamandaré. De acordo com ele, o processo de licitação deve ser aberto ainda neste ano e o contrato assinado em 2018.

O primeiro lote, que contará com quatro corvetas, tem estimativa de construção em torno de oito anos. “Dependendo do sucesso dessa substituição (fragatas por corvetas), poderemos ter outros lotes. Mas essa é uma decisão que vai ficar mais para frente”, explicou.

Sobre o modelo de negócio, o Almirante contou que a pretensão da Marinha é que a base da corveta seja feita por uma empresa privada e só a finalização do projeto é que ficará a cargo do Arsenal da Marinha. “Eu imagino que um projeto dessa grandeza deva atrair empresas renomadas do exterior, que venham aqui e se associem a estaleiros nacionais ou criem filiais”.

Mas, o Almirante garantiu que a licitação terá uma preocupação com o nível de nacionalização das corvetas. De acordo com ele, a expectativa é de que a plataforma do navio tenha 60% de itens nacionais. “A nacionalização é uma preocupação histórica da Marinha”, garantiu.

Segundo o Almirante, o custo estimado para a construção de uma corveta é de cerca de US$ 400 milhões. O sistema de armas ainda não está definido e a equipe do almirante trabalha hoje nas especificações técnicas. Mas ele adiantou que a corveta terá: canhão de proa de 76 mm, canhão auxiliar de 40 mm, lançadores de torpedo médio, metralhadoras para ameaças assimétricas, míssil nacional MAN-SUP e despistador de míssil.

COMPRA DE NOVOS NAVIOS DE GUERRA
No ano passado, o Almirante Ivan Taveira visitou a Itália para avaliar a compra de navios de guerra. Ao ID&S, ele contou que a Força Naval não estuda, no momento, compra de novas embarcações. “Não houve uma negociação. Simplesmente avaliamos, como estamos sempre abertos a fazer. Apesar dos navios estarem em bom estado, eles precisariam de um investimento grande de nossa parte no sistema de armas, ou seja, não ficavam tão atrativos assim”, explicou.

ENTENDA
Corveta é a menor classe de navios de guerra. O deslocamento desse tipo de navio é tipicamente da ordem de 1 mil a 2 mil toneladas, embora haja projetos que se aproximam de 3 mil, tornando a corveta uma pequena fragata.

Segundo a Marinha, a corveta Tamandaré é uma evolução do projeto da corveta Barroso, com atualização dos parâmetros do casco, dos equipamentos e sensores, dos sistemas de Comando e Controle e Armas, buscando um índice cada vez maior de nacionalização. A Tamandaré é mais estável que a Barroso em todos os parâmetros: curva de estabilidade estática (CEE); guinada brusca (alta velocidade); e critério de vento.

Já Fragata é um navio leve com capacidade de missão múltiplas. São muito utilizadas para escolta de grandes unidades ou de comboios civis em tempos de guerra. O deslocamento é na faixa de 3.500 a 7 mil toneladas. As fragatas, que estão um nível acima das corvetas, são navios muito flexíveis, podendo ser empregados para guerras submarinas e de superfície. “Para esse tipo de serviço de escolta também se usa navios menores, como corvetas”, explica o Almirante.

FONTE: Indústria de Defesa & Segurança

NOTA DO PODER NAVAL: tendo em vista a atual situação da Esquadra Brasileira, qualquer coisa que vier é lucro, mas substituir as fragatas classe Niterói (Vosper Mk.10) e Greenhalgh (Type 22) por corvetas de 2.000 toneladas será um retrocesso.

Os corvetas não têm endurance nem qualidades marinheiras para longas comissões e quem mais sofre com navio pequeno é a tripulação, que depois de uma semana no mar fica moída. Mas infelizmente no Brasil o conforto dos marinheiros é pouco valorizado.

O ideal seria a construção de fragatas do mesmo porte das Niterói (4.000 toneladas carregada) na China, equipadas com sistemas ocidentais e nacionais, com grau maior de habitabilidade para os tripulantes e espaço de folga para crescimento, possibilitando a instalação de novos sistemas no futuro.

Construir no Brasil deixou de ser uma solução atraente faz muito tempo e todo o esforço de nacionalização feito pela Marinha até hoje não teve continuidade.

Subscribe
Notify of
guest

13 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Guilherme Poggio

Já vimos esse ciclo antes e não há algo no horizonte que diqa que dessa vez será diferente. Iniciaremos mais um ciclo de tentativa de construção naval. As entregas serão lentas, nem todas as unidades ficarão prontas, os custos sairão de controle e novamente iremos com o pires na mão comprar material de segunda.

joseboscojr

Apesar de concordar com a observação do “Naval” quanto às qualidades marinheiras, o armamento é bem equilibrado. Só não é em estado da arte por conta de não ter um radar “faseado” fixo mas provavelmente um radar 3D giratório, que vale salientar ainda não é empregado pela MB, já sendo um avanço. O míssil antinavio também deveria ser um míssil aspirado com maior alcance mas isso pode ser providenciado no futuro. Aí aproveita e instalam um míssil com capacidade de ataque terrestre, baixo RCS e orientação por seeker de imagem térmica. O sistema Sea Ceptor representa o estado da arte… Read more »

daltonl

O Almirante sabe que uma força mista de fragatas e fragatas leves/corvetas é o ideal, mas,
diante de um orçamento minguado, a não ser que se sacrifique , saúde, educação, infraestrutura etc, não há muito o que ele possa dizer.
.
O preocupante é que se não for adquirido nada de segunda mão e as novas corvetas forem
incorporadas por volta de 2026, não irá sobrar muito coisa até lá.

joseboscojr

Dalton,
Mudando de pato pra ganso, uma perguntinha que não tem nada a ver com o post. Nas contas das unidades navais do USN soma-se unidades de superfície e submarinos?

daltonl

Oi Bosco !
.
se você está referindo-se à “Battle Fleet” e suas 274 unidades, sim, 70 são submarinos,
sendo 14SSBNs, 4 SSGNs e 52 SSNs.
.
abs

joseboscojr

Valeu Dalton!
É que vi você comentando sobre isso num outro site.

joseboscojr

Dalton,
Eu vi que tem 37 Small Surface Combatants. Eles incluem os LCS, os navios de contra-medidas de minas Avenger, os barcos patrulha Cyclone e os navios de combate fluvial CB-90 ?

daltonl

Oi Bosco ! . Desculpe pela demora…mas a resposta é não. A frota de batalha contém apenas navios acima de 1000 toneladas de deslocamento. Alguns navios de pesquisa que muitas vezes operam em sintonia com a US Navy como a classe “Pathfinder” de mais de 4500 toneladas nem estão incluídos na lista. . Em 2014 para disfarçar a situação de tantas fragatas estarem sendo descomissionadas , resolveram incluir 10 embarcações de patrulha classe cyclone alegando que por estarem baseadas em uma área crítica, Golfo Pérsico, e serem pesadamente armadas apesar do pequeno tamanho seriam candidatos naturais para pertenceram à lista,… Read more »

joseboscojr

Valeu meu amigo Dalton.
Sem querer abusar mas já abusando de sua sapiência, as Perry faziam parte das Small Surface Combatant?
Um abraço e obrigado!

daltonl

Oi Bosco… . provavelmente você sente na pele o mesmo que eu, ou seja, os amigos “de carne e osso” não dão a mínima para assuntos relacionados à área militar, então, ainda bem que existem espaços como o PN onde se pode trocar informações e não é que eles sejam “alienados” ou “menos patriotas ” e sim que cada um tem as suas preferências, mas, para meu azar e também do MO, a maioria que se interessa prefere o “aviãozinhum” ao invés de navios 🙂 . Mas, respondendo à sua pergunta, tecnicamente as fragatas classe “Perry” eram consideradas como “SSC”… Read more »

joseboscojr

Valeu Dalton.
Um abraço!

EParro

Parece-me que a fala do senhor Almirante, mostra a força do poder discricionário da administração pública e que, às vezes, pode ser maior ainda na hierarquia de numa força armada, beirando até a arbitrariedade! Aparentemente, farão um “teste” que estima-se inicialmente durará oito anos cujo custo estimado inicial será de US$1,6 bilhão e aí “Dependendo do sucesso…”. Como assim? Quanto tempo debruçaram-se sobre a questão? Quantos opinaram? Quais as oportunidades analisadas, as descartadas, as escolhidas, quais os motivos de umas e de outras? Uma pequena resenha já seria mais que suficiente para se entender o busílis. Mas, no poder discricionário,… Read more »

Alex

Sinceramente? Bela corveta, mas como dito por alguém já nasce defasada! Pra mim, essa configuração, seria de um bom navio escola. Se não possuímos orçamento, pelo menos é o que dizem e eu pessoalmente discordo, mas isso é outra papo. A marinha deveria investir mais em corvetas mais “parrudas”, uns 10 metros a mais e até 3.200 tons, anti submarino e combate de superfície e uma fragata de uso geral até, 140 metros e 4.800 toneladas e pronto. O resto da defesa seriam os submarinos. Porque até agora só vejo blá blá blá e o fim das FAs deste país.