Análise do vídeo da MISSILEX 2017
Por Alexandre Galante
Antes de mais nada, parabenizamos a Marinha do Brasil pela divulgação do vídeo da Missilex 2017, a exemplo do que foi feito na Missilex 2016. É uma oportunidade para os cidadãos pagadores de impostos saberem como está a real capacidade de combate de sua Marinha.
O vídeo da Missilex 2017 tem muitas imagens interessantes, mas em termos de edição, deixou a desejar em comparação com o vídeo da Missilex 2016.
Enquanto o vídeo do ano passado mostrou os impactos dos mísseis Penguin e Exocet e seu resultado, o vídeo deste ano só mostrou o lançamento dos mísseis e depois o navio adernado. Não sabemos se a filmagem não capturou os momentos dos impactos dos mísseis por algum problema técnico ou se, na edição, o trecho foi deliberadamente cortado por alguma outra razão.
A notícia de divulgação da Missilex 2017 só cita o disparo de míssil Exocet pela fragata Rademaker, mas o vídeo também mostra outra fragata disparando um Exocet, uma da classe Niterói.
Pelo porte do casco da ex-fragata Bosísio Type 22, acreditamos que tenham sido necessários dois mísseis Exocet para abrir buracos no casco e afundá-la, porque o míssil Penguin não seria suficiente para causar um buraco muito grande, a exemplo do que ocorreu na Missilex 2016 com o casco da ex-corveta Frontin.
A Frontin precisou de um Penguin e um Exocet para afundar, uma Type 22 precisaria de pelo menos dois Exocet.
Não ficou claro também a parte que mostra a descida por helicóptero Super Cougar de um militar no casco da ex-fragata Bosísio, o que ele teria ido fazer no navio. Ativar câmeras, preparar algum equipamento no alvo?
Na parte do ataque de bombas ao casco já adernado feito pelos AF-1 da Aviação Naval, aparece um AMX (A-1) da FAB. Mas não há referência no texto nem no vídeo sobre a participação de jatos da FAB no exercício.
A tomada na qual aparecem os AF-1 da MB, eles não estão armados com bombas, o que sugere que é um trecho de vídeo feito em outra ocasião.
Os impactos das bombas na água ao lado do casco demonstram erro de mira ou erro proposital para alongar o exercício. Os aviões não aparecem quando as bombas explodem, o que sugere bombardeio picado e não nivelado a baixa altitude.
A parte do lançamento do míssil superfície-ar Aspide também não mostrou o drone recebendo o impacto do Aspide ou uma explosão por espoleta de proximidade, somente os tripulantes comemorando o acerto.
O lançamento do torpedo Mk.46 por um SH-16 não aparece o torpedo sendo recuperado depois da corrida, um detalhe interessante e desconhecido do público.
Como disse nosso amigo MO (Marcelo Ostra), não mostrar o impacto dos mísseis nos alvos é o equivalente a uma filmagem de casamento que captura toda a cerimônia, mas na hora do beijo dos noivos, a filmagem é cortada.
Essa análise é uma crítica construtiva para que a Marinha possa melhorar o vídeo da Missilex 2018.