Os 100 anos da Força de Submarinos e o Prosub – parte 3

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O submarino Humaitá (S14); ex-USS Muskallunge (SS-262) na Baía de Guanabara, saindo para mais uma missão

O submarino Humaitá (S14); ex-USS Muskallunge (SS-262) na Baía de Guanabara, saindo para uma comissão de treinamento (Fotos: DPHDM)

Por Alexandre Galante e Fernando “Nunão” De Martini (adaptação e atualização da matéria publicada na revista Forças de Defesa número 11, em 2014)

O Pós-Guerra e os “Fleet Type”
Cerca de 20 anos depois de receber a “classe T”, a Marinha voltaria a incorporar submarinos, desta vez duas unidades veteranas da Segunda Guerra, da classe “Gato” ou “Fleet Type”, oriundas da Marinha dos EUA (USN). Vieram sob o Acordo de Assistência Militar de 1952, com o objetivo de substituir os já obsoletos submarinos de procedência italiana recebidos antes da guerra, de manutenção difícil por falta de sobressalentes.

Foram recebidos em janeiro de 1957 os submarinos Humaitá (S14), ex-USS Muskallunge (SS-262), e o Riachuelo (S15), ex-USS Paddle (SS-263), depois de autorização do Congresso Americano. O anteprojeto da lei americana de empréstimo dos submarinos por cinco anos (que poderiam ser prorrogados se necessário) deixava clara a finalidade: “O ministro da Marinha do Brasil assinalou ser urgente a necessidade de submarinos para que a Armada Brasileira disponha de elementos para treinar a condução da guerra antissubmarino”.

Submarino Humaitá – S14, Fleet Type I

Mais à frente, ao listar os navios da Marinha do Brasil e evidenciar seu emprego antissubmarino, o texto completava: “Parece provável que uma das primeiras missões da Armada Brasileira será no campo de guerra antissubmarino. (…) É importante aos interesses da nossa defesa que esses navios sejam bem exercitados como unidades de guerra efetiva antissubmarino. (…) A Marinha de Guerra dos Estados Unidos tem 24 submarinos de casco leve na sua esquadra de reserva. Esses submarinos não mais são considerados unidades combatentes efetivas. Se elas forem reativadas em emergência futura, elas serão provavelmente usadas com nosso próprio treinamento. Estima-se que dois desses submarinos podem ser emprestados ao Brasil sem detrimento de nossa mobilização potencial” (destaques nossos).

Submarino Riachuelo – S15, Fleet Type I

Os dois submarinos deslocavam 1.475t carregados na superfície e 2.370t em mergulho. Tinham 93,6m de comprimento, 8,2m de boca e 4,9m de calado. A propulsão era diesel-elétrica, com 4 motores diesel GM de 16 cilindros com 1.600hp cada, 4 geradores Allis Chalmers de 1.100Kw, 4 motores elétricos Allis Chalmers de 2.700hp, acoplados a dois eixos e dois hélices de 4 pás.

Tinham também um motor diesel auxiliar e um gerador auxiliar de 300Kw e dois conjuntos de baterias Sargo de 126 células cada. A velocidade máxima era de 20 nós na superfície e 8,7 nós em imersão. O raio de ação atingia 12.000 milhas náuticas a 10 nós na superfície. A profundidade máxima de mergulho alcançava 91 metros. O armamento compreendia 10 tubos de torpedos de 21 polegadas (533 mm), sendo quatro na popa, com capacidade para 24 torpedos. A tripulação era de 70 homens, sendo 6 oficiais e 54 praças.

Classe

Nome

Local de Construção

Data de Incorporação

Data de Desincorporação

FLEET TYPE I

Submarino “Humaitá” (S14); ex-USS Muskallunge (SS-262)

Estaleiro Eletric Boat Company – Grotton, Connecticut, EUA

18/01/1957

02/10/1967

FLEET TYPE I

Submarino “Riachuelo” (S15); ex-USS Paddle
(SS-263)

Estaleiro Eletric Boat Company – Grotton, Connecticut, EUA

18/01/1957

14/10/1966

FLEET TYPE II

Submarino “Rio Grande do Sul” (S11); ex-USS Sand Lance
(SS-381)

Estaleiro Portsmouth Naval Shipyard – New Hampishire, EUA

07/09/1963

02/05/1972

FLEET TYPE II

Submarino “Bahia” (S12); ex-USS Plaice (SS-390)

Estaleiro Portsmouth Naval Shipyard – New Hampshire, EUA

07/09/1963

19/01/1973

Submarino Riachuelo – S15, Fleet Type I

A Guerra da Lagosta
Em 1963, durante o episódio conhecido como a “Guerra da Lagosta”, a Marinha do Brasil deslocou unidades da Esquadra para o Nordeste, depois que a França posicionou um contratorpedeiro para proteger pesqueiros franceses que pescavam lagosta ilegalmente na costa brasileira.

Naquele tempo, os submarinos brasileiros estavam em má situação. O Humaitá foi descartado logo no início, pois não tinha condições de navegar. O Riachuelo, por sua vez, necessitava de reparos, mas podia ficar pronto para navegar em dez dias. Embora o Riachuelo estivesse equipado com torpedos Mk.23, nenhum deles possuía cabeça de combate, evidenciando o emprego desses meios preferencialmente para treinar as tripulações dos navios de escolta na guerra antissubmarino.

Submarino Rio Grande do Sul – S11, Fleet Type II

Coube à FTM (Fábrica de Torpedos da Marinha) encher 9 cabeças de exercício com trotil, para que o submarino as recebesse em Recife e mesmo assim não havia certeza que as mesmas funcionariam em combate.

Depois da Operação Lagosta, a Marinha do Brasil remodelou a Flotilha de Submarinos. Em maio de 1963, a designação foi modificada para Força de Submarinos (ForS) e criada a Escola de Submarinos. No mesmo ano foram incorporados outros dois submarinos usados de versão um pouco aperfeiçoada, da classe “Balao”, também vindos dos EUA e da época da Segunda Grande Guerra: Bahia (ex-USS Plaice – SS390) e Rio Grande do Sul (ex-USS Sand Lance – SS381).

Submarino Bahia – S12, Fleet Type II, com uma nova vela hidrodinâmica

NO PRÓXIMO POSTOs submarinos classe “Guppy” e “Oberon” e o Projeto Nuclear Paralelo da Marinha

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