‘Submarino não tem caixa-preta, a caixa-preta é o submarino’ diz juíza argentina
A frase é da juíza federal Marta Yánez, da cidade argentina de Caleta Olivia, que investiga o desaparecimento do submarino ARA San Juan.
A juíza foi ouvida pela agência Télam nesta quinta-feira, 23 de novembro, após a coletiva de imprensa em que o porta-voz da Armada Argentina, Enrique Balbi, informou que no último dia 15 foi detectado na região do último contato do submarino “um evento anômalo, singular, curto, violento e não nuclear consistente com uma explosão”.
Yánez afirmou que seu objetivo é “investigar as causas que motivaram a explosão”, completando que “se trata de uma causa inédita na Armada Argentina.”
A frase da juíza, que remete às caixas-pretas de aeronaves mas também a uma imagem de segredos guardados, pode levar a mais de uma leitura, e o Poder Naval adianta algumas delas: por um lado, submarinos são armas de guerra concebidas para serem discretas, e ao longo da história foram (e continuam sendo) utilizadas em muitas missões cobertas de segredos e segurança de informações, ainda que isso faça parte da rotina dessas embarcações e seus tripulantes. Por outro, uma investigação poderá esbarrar em dados sigilosos tanto das condições operacionais da Armada Argentina, em tempos de recursos escassos para manutenção de seus meios, quanto das missões executadas por esses submarinos.
Muitas respostas para as invariáveis perguntas de uma investigação podem estar a centenas de metros de profundidade. Mas nem todas. Independentemente da comoção pela possível morte dos tripulantes num evento que, conforme divulgado agora, envolveu uma explosão, ou da esperança de ainda encontrá-los com vida, o fato é que respostas dependerão da abertura dessa “caixa preta” de informações. A frase da juíza pode dar o tom das notícias dos próximos dias, semanas e meses das investigações sobre o ARA San Juan, estejam as repostas dessa “caixa preta” no fundo do mar ou no fundo de gavetas dos gabinetes.
FOTOS: ARA (Gaceta Marinera)