ARA San Juan durante os reparos de meia-vida

ARA San Juan durante os reparos de meia-vida

O documento adverte sobre possíveis manobras fraudulentas na compra de baterias

Um relatório do Ministério da Defesa da Argentina sustenta que houve irregularidades nos chamados reparos de meias-vida e no processo de substituição das baterias do submarino ARA San Juan, que desapareceu no Atlântico Sul desde a quarta-feira 15 de novembro, com 44 membros da tripulação a bordo.

De acordo com o jornal La Nación publicado hoje, uma investigação realizada por especialistas em defesa entre 2015 e 2016 concluiu que a Marinha teria violado “padrões normativos e operacionais” para realizar o reparo e substituição de baterias de submarino e que nesse processo “procurou direcionar a compra de suprimentos para benefício de certos fornecedores” e “teriam adquirido suprimentos com garantias vencidas”.

As empresas que se beneficiaram do pessoal militar encarregado do procedimento administrativo seriam a Hawker Gmbh e a Ferrostaal AG, de acordo com o artigo com base em fontes da defesa.

Por outro lado, o Clarín revelou hoje que o juiz Norberto Oyarbide arquivou em 2010 um caso em que também havia uma ênfase em supostas irregularidades cometidas durante a reparação da meia-vida do ARA San Juan.

Naquela época, o suboficial José Oscar Gómez denunciou o então chefe da marinha, o almirante Jorge Godoy, entre outros.

Conforme afirmado, durante as tarefas de manutenção “houve várias irregularidades e gerenciamento espúrio, como a contratação de empresas privadas para o trabalho realizado para manutenção e reativação do navio”.

Durante o “reparo de meia-vida”, realizado entre 2007 e 2014 no Complejo Industrial Naval Argentino, o ARA San Juan teve substituídos os 4 motores diesel e as 960 baterias que o fazem funcionar foram restauradas, entre outros trabalhos de manutenção.

ARA San Juan – corte do casco durante a reforma de meia-vida

Para a substituição de motores, foi necessário cortar o casco do navio pela metade, um trabalho considerado um dos mais complexos da indústria naval.

Hoje, 11 dias sem sinais do submarino, as hipóteses sobre o que aconteceu são variadas. Um dos focos é como esses trabalhos de reparo foram realizados.

Na última quinta-feira, o promotor Lucas Colla, que investiga os fatos relacionados ao desaparecimento do submarino, explicou que uma das linhas visa determinar “as condições de navegabilidade” do submersível.

Também na quinta-feira, a Armada informou que houve uma explosão na área onde o submarino está sendo procurado, no Golfo de San Jorge, na mesma quarta-feira que o submarino se comunicou pela última vez.

Jorge Bergallo, ex-comandante da ARA San Juan, disse ontem que o navio poderia ter sofrido inconvenientes nas baterias devido à entrada de água e que a explosão poderia ter impedido que alguém ativasse os mecanismos de emergência. Ele disse que uma das possibilidades é que a ingestão de água produziu um “apagão total”, ou seja, o navio ficou sem energia.

O presidente Maurício Macri referiu-se ao submarino pela primeira vez na sexta-feira. Ele ressaltou que “este não é o momento de procurar os culpados”. Naquele dia, descobriu-se que ele avalia a troca de comando das três forças.

Baterias sendo embarcadas no ARA San Juan durante os reparos de meia-vida. Na foto abaixo elas estão do lado do submarino

FONTE: Clarín

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