França oferece ajuda aos fuzileiros navais do Reino Unido com navios de desembarque
Marinha Francesa pronta para apoiar a unidade de resposta rápida da Grã-Bretanha
Os chefes militares franceses estão dispostos a oferecer aos fuzileiros navais britânicos (Royal Marines) um maior acesso a alguns de seus navios de guerra, se os ingleses decidirem acabar com a frota de desembarque anfíbio da Grã-Bretanha para ajudar a completar o rombo de £ 20 bilhões no orçamento de Defesa.
De acordo com dois altos oficiais militares franceses, a França está discutindo o plano que permitiria que a unidade de comando de elite do Reino Unido treine e execute desdobramentos conjuntos em seus três navios de desembarque anfíbio da classe “Mistral”.
“Nós temos três navios muito capazes”, disse um dos oficiais. “A ideia é que, no caso de um dos dois países ter que reduzir certas capacidades devido a restrições orçamentárias, poderíamos mitigar as conseqüências ficando ombro a ombro”.
O movimento, que ainda está em estágio inicial e não envolveu comandantes militares ou navais britânicos, vem quando o governo do Reino Unido finaliza a ampla revisão de segurança e defesa.
Uma possibilidade sendo considerada pelos funcionários da defesa é a desativação dos dois navios de desembarque anfíbios do Reino Unido, HMS Bulwark e HMS Albion, além da dispensa até 1.000 Royal Marines.
Se isso acontecer, a Marinha Francesa está preparada para garantir que a unidade de resposta rápida altamente conceituada da Grã-Bretanha possa continuar o treinamento expedicionário, um componente crucial na capacidade da força de se desdobrar rapidamente.
Um funcionário do governo com sede em Paris disse que a ideia fazia parte da força expedicionária conjunta britânica e francesa, produto do tratado Lancaster House assinado entre os dois países em 2010.
“Isso faz parte do CJEF”, disse o funcionário de Paris. “Já houve exercícios de treinamento”.
Com a Grã-Bretanha tendo retirado seu último porta-aviões em 2010, um dos principais objetivos do tratado era construir uma colaboração naval mais estreita com os franceses com o porta-aviões Charles de Gaulle.
No entanto, com a Grã-Bretanha gastando £ 6,1 bilhões em dois de seus próprios porta-aviões – o primeiro dos quais, o HMS Queen Elizabeth, será oficialmente incorporado à Marinha na quinta-feira – a ênfase agora poderia mudar para os navios anfíbios.
“Esta é uma solução no curto prazo e você pode ver as sinergias”, disse Nick Childs, analista do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
“Nós poderemos ter déficits no transporte marítimo, mas temos uma força de renome mundial nos fuzileiros navais, enquanto os franceses têm os navios, mas seus fuzileiros estão no exército. Você pode ver o espaço para a cooperação.”
O Ministério da Defesa do Reino Unido disse: “Em face da intensificação das ameaças, estamos contribuindo para a revisão inter-governamental das capacidades de segurança nacional e analisando como gastamos o nosso crescente orçamento de defesa para proteger o nosso país. Ainda não foram tomadas decisões.
Os líderes navais britânicos e franceses devem se encontrar nas próximas semanas para mais conversas sobre uma colaboração mais próxima antes de uma cúpula do Reino Unido e França que acontecerá no início do próximo ano.
Julian Lewis, o deputado conservador que preside o comitê de defesa parlamentar, advertiu que, enquanto uma oferta dos franceses para ajudar o Reino Unido possa significar “uma oferta de ajuda”, poderia ser parte de um impulso mais amplo de Paris para construir uma força de defesa europeia.
“É bom, devemos alinhar nossas forças marítimas”, disse o Sr. Lewis. “É outra questão abandonar nossa própria capacidade de enviar forças terrestres a partir do mar. A ideia de que o Reino Unido deve perder essa capacidade é totalmente inaceitável”.
FONTE: Financial Times
NOTA DO PODER NAVAL: o gráfico abaixo enviado pelo leitor Bardini mostra o custo do reequipamento da Royal Navy, o que ajuda a explicar os cortes nos navios anfíbios britânicos.