ARA San Juan

Monumento teria também a função de resgatar a imagem pública da Armada

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

Menos de um mês depois do desaparecimento do submarino ARA San Juan, a 15 de novembro último – mas ainda sob o forte impacto da perda dos seus 44 tripulantes –, representantes do Gabinete do Presidente Mauricio Macri, do Ministério da Defesa e da Armada Argentina já negociam, com parlamentares das Comissões de Defesa Nacional na Câmara dos Deputados e no Senado, uma ação conjunta destinada a criar um Memorial para as vítimas.

De acordo com uma fonte do Poder Naval no Congresso Argentino, o Memorial seria erguido na cidade de Mar del Plata – sede do Comando da Força de Submarinos e base do navio San Juan. Sua função prioritária: traduzir, para os familiares dos marinheiros mortos, o reconhecimento da Nação pelo sacrifício que lhes foi imposto – aplacando, na medida do possível, as manifestações de inconformismo desses parentes com o episódio.

Mas não apenas isso.

O monumento serviria também para estabelecer uma espécie de ponte de solidariedade entre a sociedade argentina e a própria Força Naval – que se encontra sob intensas críticas, acusada de ter escondido fatos acerca do naufrágio e de operar abaixo dos limites mínimos de segurança.

A primeira ideia em discussão é a de que o projeto do Memorial contemple um ambiente fechado, que preserve objetos pessoais, fotos, filmes e gravações em vídeo dos oficiais e subalternos do navio, bem como imagens da própria embarcação, suas flâmulas e estandartes.

Convivência – Atenta ao forte sentimento de irmandade que se desenvolveu na maior parte das famílias das vítimas, a ideia das autoridades argentinas é de que o Memorial abrigue uma espécie de sala de convivência, onde esses parentes possam trocar informações sobre as suas experiências pessoais com o fenômeno da perda dos entes queridos.

O Memorial aceitará visitas do público, mas a sala de convivência, não.

O assunto é extremamente sensível. Existe a preocupação de que este Memorial não acabe como uma obra mais relevante e vistosa que, por exemplo, os demais memoriais espalhados pelo território argentino (nenhum deles com recintos fechados), que reverenciam as memórias dos caídos na Guerra das Malvinas.

O planejamento inicial prevê que o lançamento da Pedra Fundamental do Memorial ao pessoal do San Juan possa acontecer a 15 de novembro de 2018 – em cerimônia presidida por Macri –, e que o prédio, propriamente dito, seja inaugurado um ano mais tarde.

Os recursos para a construção poderiam vir de uma verba suplementar votada em caráter de urgência pelos parlamentares argentinos.

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