HMS Ocean

HMS Ocean

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

Entre as novidades que vão surgindo após o anúncio da compra do porta-helicópteros britânico HMS Ocean pela Marinha do Brasil (MB) – divulgação feita a 19 de dezembro pelo próprio ministro da Defesa, Raul Jungmann –, algumas são, efetivamente, muito boas; outras nem tanto.

A melhor notícia é, sem dúvida, a de que o navio chegará com o seu radar principal tipo Artisan (acrônimo de Advanced Radar Target Indication Situational Awareness and Navigation) 3D modelo 997, desenvolvido a partir do fim da década de 1980 para equipar toda uma geração de modernas belonaves do Reino Unido.

O caso do armamento a bordo do navio é diferente.

A MB aguarda que o governo de Washington a autorize a operar o CIWS tipo Phalanx, formado por um canhão Vulcan de 20 mm de altíssima cadência e estação própria de radar, mas a verdade é que incorporação da arma divide opiniões no setor de Material da Força Naval brasileira. Isso porque o Phalanx tem manutenção considerada cara.

Caso a MB não o adote, o caminho mais simples e rápido para montar o escudo de proteção do porta-helicópteros é aproveitar o armamento hoje a bordo do porta-aviões São Paulo, unidade que se encontra em processo de desmobilização.

Segundo o Poder Naval pôde apurar, nessa hipótese o mais provável é que o Ocean brasileiro receba os reparos duplos de lançadores de mísseis Simbad, aptos a disparar os mísseis antiaéreos de curto alcance (até 6.000 m) Mistral. Eventualmente, até as metralhadoras pesadas de 12,7 mm instaladas no São Paulo podem ser aproveitadas.

Na Diretoria Geral de Material da Marinha (DGMM) há quem arrisque até prever que, no futuro, a MB adquira algum outro sistema CIWS (menos dispendioso que o Phalanx) para o navio.

O HMS Ocean operando no Brasil em 2010

NPhM – O Comando da Marinha estuda designar o seu primeiro porta-helicópteros como Navio Porta-helicópteros Multipropósito (NPhM). O nome já está definido, mas ainda é mantido em segredo. Será o de um estado da Federação (Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro estão fora dos elegíveis).

Os leitores do Poder Naval já puderam perceber que a Marinha se eximiu, até agora, de anunciar, formalmente, a compra do navio oferecido em março à MB pelos ingleses. Isso só será feito quando todas as definições acerca do navio (como a do armamento) estiverem devidamente equacionadas.

Uma primeira equipe designada para inspecionar o grupo propulsor da embarcação, de quatro militares, partirá para o Reino Unido nas próximas semanas. Outras se seguirão a ela, para a vistoria dos diferentes setores do porta-helicópteros.

A previsão é de que o primeiro grupo de oficiais e subalternos incumbido de trazer o Ocean para o Brasil embarque para a Inglaterra, de avião, na primeira quinzena de abril.

Progressivamente seguirão outras turmas, até que se tenha o número de tripulantes adequado (em torno de 200) para guarnecer a embarcação, e conduzi-la em segurança na travessia até o Rio de Janeiro.

Ainda não há definição sobre o nome do primeiro comandante do NPhM brasileiro, mas um dos candidatos a essa vaga é o capitão de mar e guerra Amaury Calheiros Boite Júnior, que, no período de 24 de fevereiro de 2015 a 14 fevereiro deste ano, comandou o navio-aeródromo São Paulo e, em junho último, liderou outros três oficiais numa inspeção preliminar, de quatro dias, no HMS Ocean.

Motores – O relatório dessa delegação sobre o estado do navio foi amplamente positivo e recomendou a realização de uma segunda vistoria, bem mais detalhada, que, prevista para o mês seguinte (julho), não chegou a ser realizada porque, à época, o Comando da Marinha não sentiu firmeza de parte do Ministério da Defesa, no plano de adquirir o navio.

Jungmann e os oficiais que o assistem na Defesa deixaram claro ao Comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira, que não queriam a repetição do que aconteceu no caso do porta-aviões São Paulo: a aquisição de um meio grande e dispendioso que, a partir da metade final da década de 2000, passou a oferecer uma série infindável de problemas (restrições nas máquinas, nos elevadores de aeronaves e até no sistema de pouso do convés de voo, entre outros) para operar.

Em 1999, uma inspeção nas turbinas do sistema a vapor do navio-aeródromo deixou evidente a necessidade de uma ampla e cara modernização no grupo propulsor, que não foi feita devido à exiguidade dos recursos.

No caso presente do Ocean a preocupação com esse aspecto da aquisição é bem menor.

Tanto pela constatação de que (a) o navio é relativamente novo, (b) foi modernizado há pouco tempo (2014) e (c) acaba de voltar de uma longa comissão, quanto pelo fato de que, como sua motorização é diesel, eventuais reparos (ou substituições de equipamento) serão muito mais rápidas e baratas.

Mas a verdade é que os chefes navais brasileiros não alimentam a expectativa que a propulsão do Ocean oculte problemas.

Artisan 3D

Bolinha de tênis – O Artisan 3D é um radar desenvolvido por um pool de empresas comandado pelo grupo BAE Systems especificamente para a Marinha Real.

Ele foi concebido para detecção aérea de médio alcance (até 200 km) e varredura de targets de superfície, com a capacidade de monitorar, de forma simultânea, uma quantidade superior a 900 contatos.

Em meados de janeiro deste ano o modelo 997 já havia sido instalado em 11 das 13 fragatas polivalentes Tipo 23 da Royal Fleet, bem como no porta-helicópteros de assalto anfíbio HMS Ocean e no navio de assalto anfíbio HMS Bulwark.

Uma versão aperfeiçoada do Artisan 3D, de características ainda sigilosas, foi pesquisada para compor o conjunto de sensores dos dois novos porta-aviões britânicos classe Queen Elizabeth.

A BAE Systems garante que o Artisan do Ocean é capaz de “traquear” alvos do tamanho de um pequeno pássaro ou até de uma bolinha de tênis, viajando à velocidade de Mach 3, orientando a reação mais adequada do equipamento de autoproteção do navio.

Modelo em 3D do HMS Ocean retratado com a configuração de 1999

Subscribe
Notify of
guest

224 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Erichwolff

Começa com P e termina com buco!
Pronto falei!

Alex Nogueira

O CIWS já era (é) esperado que não venha, até acho que seja mais viável não vir mesmo, se levar em consideração que é caro e precisa de autorização, etc. O problema é que sabemos que se não vier, dificilmente a MB vai por algo equivalente ou melhor no lugar, vão dar um jeito de “empurrar coma barriga” até deus sabe quando rsrsrs. Caso venha a ser instalado algum outro sistema, eu gostaria que fosse o Bofors 40mm Mk4 e que os reparos do MISTRAL passassem a ser do tipo RC, de resto está bom. *O Artisan é o mínimo… Read more »

Zorann

Compra um navio deste tamanho e quer economizar com o CIWS. Fala sério. Se não consegue manter o navio, por que comprou? Quer navio bem armado e não consegue manter o armamento. Não tem dinheiro para manter navio de 20 anos e quer construir escoltas com VLS? É cada uma.

Rennany Gomes

Boas novas. principalmente o Artisan (Advanced Radar Target Indication Situational Awareness and Navigation) 3D. e a confirmar a designação NPhM do navio a MB aceitará o termo porta-helicóptero comumente usada no meio popular.

Erichwolff

E quanto ao primeiro comandante… O alte. Calheiros, só se contra-almirante na MB agora passar a assumir comando de navios em tempos de paz…

fernando

Kkkkk
So falta escolherem Minas Gerais!!!!!
Tomara que seja um estado pequeno, mas, com importancia historica e cultural.
Eu, sou do Sul, mas, gostaria que fosse escolhido um estado do norte-nordeste do Brasil

Em homenagem a estes brasileiros do norte-nordeste deste nosso grande pais.

TukhAV

Porque RS está excluído?

Pilotouno

Pq não Rio Grande do Sul? Está na hora da Marinha acordar e valorizar a altura a terra dos seus gand e heróis Almirante Tamandare e Marcílio Dias.

Bardini

Pq a MB quer dois Navios Aeródromos.

Tomcat3.7

Mingão o retorno de jedi !!!rs

Carlos A Soares
TukhAV

Bardini 26 de dezembro de 2017 at 13:56
Pq a MB quer dois Navios Aeródromos.

_________________________

Ah tá, “entendi”. Ozawa salva a gente aí. kkkkkk

BrunoFN

NPhM Paraná

Rennany Gomes

Paraná também é minha preferencia.

Bardini

TukhAV,
.
Tem explicação melhor para a reserva destes dois importantes nomes na MB?

Daglian

Evidente isso não é solução completa, talvez nem ajude em nada, mas não seria possível a MB utilizar o Phalanx do Mattoso Maia no Ocean? Imagino que esse phalanx precise de manutenção, mas evitaria a aquisição de um novo. Também vejo vantagens do tipo caso a MB opte por não adquirir nenhum Phalanx “original” do Ocean. Enfim, apesar da ótima notícia sobre o radar, penso que os CIWS devam ser adquiridos sim (assumindo que os EUA o permitam, o que penso ser muito provável). É como comprar uma Ferrari mas, para aliviar o impacto financeiro da compra, querer economizar no… Read more »

Carlos A Soares

Barak pode ser uma opção de defesa ?

Antonio Palhares

Se for nome de estado brasileiro. RIO GRANDE DO SUL.

Observador

Senhores, Já tivemos o NAe A-11 Minas Gerais, depois veio o NAe A-12 São Paulo, houve muitas embarcações com o nome Rio de Janeiro, o último foi o NDD G-31 Rio de Janeiro, houve, ainda, várias embarcações com o nome Pernambuco, o mais recente foi o CT D-30 Pernambuco, mais recentemente houve a aquisição do NDM G-40 Bahia, então, pela lógica, e pela ordem, o nome do próximo navio de guerra brasileiro, e até pela proteção que o nome dá, será: NPhM G-41 ESPÍRITO SANTO Estado do Espírito Santo, importante e estratégico estado brasileiro, vizinho aos grandes centros, e centro… Read more »

Sousa

Piada essa do phalanx… O que mais li nesses dias foi que “navio vem com um ótimo preço “, ou seja, economia, a mb ja opera esse sistema em outros navios, pq agora teria a operação barrada pelos EUA ? E sobre o nome, queria que fosse de pessoas. Mas já que será estado, não escolhendo Minas gerais de novo, já está de bom tamanho. Nada contra Minas, só acho falta de criatividade e respeito com os outros estados da nação.

Fabio Souto.

Comenta-se que a MB vai comprar os tres OPV classe River 1 sera verdade????

Tomcat3.7

Observador 26 de dezembro de 2017 at 14:37
Faz sentido viu.

Claudio Silva

Não podem colocar o sistema Astros?

André Luiz.'.

Observador 26 de dezembro de 2017 at 14:37 “(…) pela lógica, e pela ordem(…)” — o amigo me desculpe, mas a MB não tem demonstrado lá muita ‘lógica’ na hora de adquirir seus meios (com, talvez, a bem-vinda exceção do próprio Ocean!), e muito menos qualquer ‘ordem’ na hora de escolher os nomes dos navios!… Especificamente, por que a designação desse porta-helicópteros seria ‘G-41’?, e não ‘A-13’?… (aliás, qual a razão para o número após a letra? Em se tratando de navios aeródromos, o significado da letra ‘A’ é intuitivo, mas, por que ‘A-11’ e ‘A-12’ para o Minas Gerais… Read more »

TukhAV

Bardini 26 de dezembro de 2017 at 14:06
TukhAV,
.
Tem explicação melhor para a reserva destes dois importantes nomes na MB?

________________

Você não entendeu a minha colocação. Releia com calma meus últimos comentários.

diego

“EXCLUSIVO” , eterna assinatura de Roberto Lopez, mais ótimas noticias como de costume, enfim, boas festas e 2018!

Bezerra (FN)

Seria também exagero imaginar que o calibre empregado no CIWS Phalanx possa desaconselhar a sua aquisição?

cwb

Gostaria que fosse Paraná o nome dessa belonave,pois foi aqui que o navio ingles Cornoram tentou entrar no porto de paranagua e levou salvas de canhão de um forte que guarnecia o porto.

cwb

foi na epoca do Bill Alberdeen se não me engano…

Daglian

Sousa 26 de dezembro de 2017 at 14:49

Muito cuidado na leitura da notícia: não foi dito que os EUA barraram a venda dos Phalanx, apenas que isso PODE ocorrer ou não, mas que no momento é a própria MB que não sabe se irá adquirir os CIWS.

Esse mito que os Phalanx são sempre “embargados” pelos EUA à MB tem que ser quebrado.

Jr

O mais importante vem que é o Artisan 3d, minha aposta para o nome fica entre G-41 Pernambuco ou G-41 Paraná. Se bem que gostei muito do palpite do observador G-41 Espírito Santo

Chico Novato

Observador 26 de dezembro de 2017 at 14:37

NPhM G-41 ESPÍRITO SANTO

Também gosto desse nome.

Celso

Paraná, sem dúvida….

Tamandaré

Eu aposto em algum estado do Norte!

Bosco

Ter 3 Phalanx implica em ter mais 3 radares de busca e mais três radares de direção de tiro. A manutenção é complexa e cara.
Eu particularmente prefiro que seja instalado pelo menos dois lançadores Mistral no lugar dos três Phalanx, mas que permaneçam os canhões de 30 mm.
Quanto ao Artisan, vai inaugurar a utilização de radares 3D na MB.

Bosco

Escrevi primeiro e li o texto depois. rssss Fui redundante, Perdão!

TeoB

Ola, a MB já opera o Phalanx CIWS, então é ilógico pensar que o mesmo vai sr barrado agora. o que pode acontecer é a MB não comprar os mesmos por um motivo ou outro, e usar os armamentos que vão sobrar do São Paulo… Porém com ou sem CIWS o meio vai precisar de escolta, o que eu acho que vai ser as próximas compras da MB.
Quanto ao nome achei que ia ser ” A – 13 Alguma coisa…” mas G -41 o que vier tá bom!

Douglas Falcão

Essas idiossincrasias do serviço público no Brasil é que demonstram o estado caótico da administração. Não pode operar PHALANX porque é caro ?!?!?! essa discussão existe dentro da MB?!?!?!?… Mas investir em um projeto de subnuc e fazer-se um inferno logístico ao criar-se duas linhas de manutenção de subs convencionais completamente distintos (IKL e Scorpene) pode?.. Quanto custo isso????????? (ou vamos aposentar todos os IKL antes do tempo? É barato????????? é factível uma marinha que discute se pode operar um sistema CIWS em razão de custos, querer construir um submarino nuclear? e mais, será um submarino nuclear eficiente? (porque se… Read more »

Bosco

Carlos Soares,
O sistema Kashtan exige penetração no convés.
Sistemas de lançamento vertical também podemos esquecer.
Dos sistemas sem penetração no convés e que não exigem a instalação de sistemas complexos de direção de tiro (podem aproveitar os sensores do navio) têm-se os lançadores Mistral (tripulados ou de controle remoto), o RAM, etc.

Bosco

TeoB,
A Marinha não opera o Phalanx não. Tem um de enfeite no Matoso Maia mas tá desativado.

Hélio

Ciws precisando de autorização e ainda acreditam em “parceira estratégica” com os EUA.

Bosco

Hélio,
Se os EUA quisesse barrava a compra do navio inteiro. Não vamos começar com essa rinha de galos não!

Erichwolff

Aos paranaenses e capixabas…
O mindef é de qual estado mesmo?

Fabio Souto.

Pernambuco imortal, imortal…….

fabio jeffer

Poderia ser NPhM Santa Catarina, nada mais justo pra um estado com os melhores índices do Brasil e que trabalha muito, principalmente pagar dívidas de outros estados com gestõs imprudentes e corruptas

fabio jeffer

gestõs=gestões
*para pagar dívidas

Dodo

Aposto em um nome de algum estado do norte,talvez Pará,visto que o ultimo navio a ostentar esse nove foi o destroier para

Dodo

Nada mais justo do que colocar o nome de um dos maiores navios da marinha como o nome de um dos maiores estados da federacao

Bezerra (FN)

NPhM G-41 Pernambuco

Que comecem as apostas.

Bavaria Lion

Ele é um ótimo navio. Mas é lento e precisa de escoltas. No frigir dos ovos, com Phalanx ou sem, o que importa é que ele é lento e precisa de escoltas para poder operar seguro e em um T.O. quente.

Vai servir pra missões de paz da ONU e SAR perto de onde esteja atracado (vide felinto perry indo pra argentina na crise do san juan). Enfim. Uma pechincha, um ótimo barco, porém bom para o que se propôs, não pode ser usado como um Mistral ou Izumo, por exemplo.