Marinha cria Agência Fluvial em posição estratégica em Roraima
Destacamento ficará a 266 km da fronteira venezuelana
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
A Marinha do Brasil (MB) está criando uma Agência Fluvial na cidade roraimense de Caracaraí – a 266,2 km, em linha reta, da fronteira venezuelana –, conhecida como “Cidade-Porto” por seu expressivo movimento fluvial – o maior do Estado.
O novo destacamento – o primeiro da MB em Roraima –, se encontra na área de jurisdição do 9º Distrito Naval, sediado em Manaus (AM), e estará diretamente subordinado à Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental.
Terceiro município mais populoso de Roraima (cerca de 21.000 habitantes), Caracaraí domina a navegação no rio Branco, principal curso d’água do território roraimense e o único que assegura ligação com o Oceano Atlântico, via rio Negro e rio Amazonas.
Na manhã da primeira terça-feira de dezembro (05.12), acompanhado do comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, general de brigada Gustavo Henrique Dutra de Menezes, o comandante do 9º Distrito Naval, vice-almirante Luís Antônio Rodrigues Hecht, realizou uma “visita técnica” às instalações da futura Agência Fluvial de Caracaraí (RR).
A unidade será guarnecida por 13 militares sob o comando de um Agente Fluvial no posto de Capitão-Tenente e, a princípio, receberá quatro embarcações leves a motor (que podem ser artilhadas).
Apoio – O complexo da Agência é formado por um prédio administrativo, uma Escola de Ensino Profissional Marítimo, Oficina de reparo de embarcações e instalações de apoio que visam garantir independência ao seu funcionamento: grupo gerador de energia elétrica, estação de tratamento de esgoto, cisterna, reservatório elevado de água e poço artesiano.
Durante o período de construção da Agência Fluvial, a obra contou com o apoio do 2º Grupamento de Engenharia – “Grupamento Rodrigo Octávio” (nome do Comandante Militar da Amazônia entre os anos de 1968 e 1969, que trabalhou exaustivamente pela ampliação da presença do Exército na Amazônia, e faleceu em julho de 1980) –, sediado em Manaus, e do 6º Batalhão de Engenharia e Construção (6º BEC), de Boa Vista (RR).
Na comitiva do almirante Hecht figuraram o seu novo chefe do Estado-Maior, capitão de fragata Dalmir Madalena Júnior, e o capitão dos Portos da Amazônia Ocidental, capitão de mar e guerra Welliton Lopes dos Santos.
Oficialmente a Agência está sendo inaugurada para realizar a fiscalização e a regularização das embarcações e dos condutores na região – prevenindo, dessa forma, acidentes, e promovendo a segurança da navegação.
Mas, segundo uma fonte do Poder Naval, a sua instalação, no Centro-Sul de Roraima, representa mais um ponto de apoio às periódicas movimentações de tropas federais vindas de fora do Estado – que possui fronteiras consideradas “sensíveis” (que demandam vigilância e patrulhamento permanentes) com a Venezuela e a República da Guiana.
O Aeroporto de Caracaraí possui a quarta maior pista de pouso da Amazônia Ocidental, com 2.500 metros de comprimento por 80 m de largura, concluída há mais de 14 anos pela Comissão de Aeroportos da Amazônia (COMARA), e apta, hoje, a receber caças F-5M ou quadrimotores Hércules C-130. Como alternativa, o município abriga uma segunda pista de Aviação, menor mas igualmente asfaltada, na localidade de Novo Paraíso.
Em 2008, os céus de Caracaraí assistiram a um assalto aéreo protagonizado por 104 combatentes da Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro. Agora, a expectativa é de que a Agência Fluvial apoie os exercícios do 1º Batalhão de Operações Ribeirinhas do Corpo de Fuzileiros Navais, sediado em Manaus, a 1 hora e 11 minutos, de avião (562 km ao sul, em linha reta), de Caracaraí.
Chuvas – Formado pela confluência dos rios Tacutu e Uraricoera, 30 km ao norte da capital roraimense – Boa Vista –, o rio Branco se estende por 584 km, em três segmentos bem diferenciados, até desembocar na foz do rio Negro, no estado do Amazonas.
No período chuvoso, que vai de abril a setembro, o chamado Baixo Rio Branco, de 388 km, que corta todo o Centro-Sul de Roraima, é facilmente navegável do rio Negro até a cidade de Caracaraí. Acima desta cidade a navegação é dificultada pela presença de corredeiras e quedas d’água.