Marinha Portuguesa mantém treinamento da Guarda Costeira São-Tomense, mas com navios bem antigos
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
Com pouco mais de 40 navios e atravessando um momento de renovação dos seus meios de patrulha, a Marinha Portuguesa conseguiu designar apenas uma força-tarefa de embarcações bem antigas, para contribuir, este ano, com a “capacitação marítima” da Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe.
O patrulheiro NRP Zaire, de 292 toneladas – incorporado em 1970 –, e o navio reabastecedor NRP Bérrio, de 11.522 – construído para a Marinha Real no final da década de 1960 –, chegarão na próxima terça-feira à capital São Tomé, para diferentes temporadas na costa ocidental africana: enquanto o Bérrio tem seu regresso a Lisboa marcado para meados de abril, o Zaire continuará no país africano por mais nove meses – período que deverá ser concluído com sua transferência à flotilha da Guarda Costeira São-Tomense.
Os navios partiram da Base Naval de Lisboa, no Alfeite (quartel-general da Marinha Portuguesa), na primeira quarta-feira deste mês (03.01), despedidos pelo próprio ministro da Defesa português, Azeredo Lopes – que aproveitou a oportunidade para ressaltar o projeto do seu governo: “desenvolvimento de capacidades de defesa e segurança marítima no Golfo da Guiné”.
O adestramento dos são-tomenses irá se concentrar nos procedimentos de vigilância do tráfego marítimo e nas táticas anti-pirataria: métodos de identificação de embarcações que apresentem comportamento suspeito e ações de abordagem em alto mar – além, claro, das técnicas de prevenção a ataques terroristas (a barcos fundeados, atracados ou em deslocamento).
O navio-patrulha Zaire, de 44 m de comprimento, 33 tripulantes e velocidade nominal de 20 nós, pertence à classe Cacine, que será toda desprogramada pela Armada portuguesa ainda este ano, para ser substituída, em junho e em novembro, por navios-patrulha oceânicos de 1.750 toneladas.
Cooperação – França, Espanha e Brasil também devem mandar navios para um estágio de cooperação com as marinhas que intervém no Golfo da Guiné.
A Marinha do Brasil (MB) vem ajudando os são-tomenses a criar uma companhia de fuzileiros navais (montada a três pelotões).
A 1º de dezembro de 2017 teve lugar, no Campo do Quartel General das Forças Armadas, em São Tomé, a cerimônia de Formatura do Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais de São Tomé e Príncipe.
Trinta e um novos fuzileiros receberam das respectivas madrinhas o certificado de conclusão do curso. No mesmo ato, os instrutores do Grupo de Assessoramento Técnico de Fuzileiros Navais (GAT-FN) da MB e os monitores da Unidade de Fuzileiros Navais (UFN) de São Tomé e Príncipe efetuaram a entrega da insígnia de Fuzileiro Naval, afixando-a no ombro esquerdo de cada combatente anfíbio.
O evento, presidido pelo ministro da Defesa e Administração Interna de São Tomé e Príncipe, Arlindo Ramos, contou com a presença do Comandante do Pessoal de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, vice-almirante fuzileiro naval Jorge Armando Nery Soares.
Para encerrar o evento, foi realizada uma demonstração operativa, ilustrando uma Incursão Anfíbia, com o propósito de destruir uma instalação de interesse, capturar inimigos e de resgatar pessoal amigo aprisionado.
Foi a primeira vez que os recém-formados Soldados Fuzileiros Navais atuaram em conjunto com os demais elementos da Unidade de Fuzileiros Navais de São Tomé e Príncipe – os quais foram formados nos três cursos realizados anteriormente.
Com a turma de 2017, a Unidade de Fuzileiros Navais alcança o efetivo de 124 militares, atingindo o efetivo planejado quando a cooperação foi iniciada, em 2014, e projetando para os próximos anos a sua consolidação como tropa de elite da Guarda Costeira africana.