Marinha do Brasil desenvolve novo algoritmo de sonar passivo
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
O Treinador de Ataque do Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché, do Rio de Janeiro, subordinado à Força de Submarinos (ForSub), vem, há quase um ano, trabalhando com um novo algoritmo de determinação de distâncias para o contato (alvo) por métodos passivos, desenvolvido pelo Grupo de Sistemas Acústicos Submarinos do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), no âmbito do projeto Sonar Passivo Nacional (SONAP).
Atualmente, o programa mantém linhas de pesquisa de hardwares robustecidos e especialmente projetados para incrementar o desempenho dos sistemas.
Mas ao lado disso os especialistas em sonar do IPqM mantém foco na elaboração de algoritmos de processamento de sinais, especialmente os de classificação de alvos e acompanhamento.
O projeto SONAP da Marinha já dominou o ciclo do sinal acústico, desde sua captura pelos elementos sensores (hidrofones) até a interface de deciframento representada pelos operadores sonar.
Em outubro de 2016, a Marinha instalou na Base Almirante Castro e Silva (BACS), da Ilha de Mocanguê (Baía de Guanabara) – coração da Força de Submarinos –, um sistema sonar passivo completo, nacional, que vem sendo operado de forma contínua pelo pessoal do Comando da Força de Submarinos, com a assistência da equipe de desenvolvimento.
O trabalho conjunto visa permitir avaliações e uma implementação contínua de melhorias. Em 2017 o gabinete eletrônico do sonar passivo foi completamente atualizado.
O sonar passivo funciona como os nossos ouvidos e só processa os sinais que chegam até os hidrofones – os “ouvidos” do submarino –, normalmente dispostos no casco em diferentes arranjos espaciais.
Por serem mais discretos que os sonares ativos (que emitem sinais), os sistemas passivos são amplamente utilizados em submarinos.
Classe Niterói – Mas, ano passado, o Grupo de Sistemas Acústicos Submarinos também acelerou seu projeto específico para sonares ativos – o SONAT (Sonar Nacional Ativo) –, em função do rol de deficiências dos equipamentos das fragatas classe Niterói.
O sonar ativo possui transmissores acústicos e emitem sinais que, ao serem refletidos por obstáculos submarinos, retornam na forma de “ecos”, processados pelo sistema, gerando informações como distância e direcionamento angular (marcação) do contato.
Nesse momento o projeto SONAT está em fase de avaliação na Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM), para que seja experimentado na revitalização dos sonares ativos das Niterói.
Isso, óbvio, irá representar importante salto tecnológico para o setor de pesquisas da Marinha, e marco de contribuição com o histórico dos sistemas ativos de alto desempenho da Força Naval (a maior parte deles, de tecnologia estrangeira).
Sonares ativos são mais comuns nos navios, devido ao forte ruído acústico produzido pelos propulsores e maquinário em geral das embarcações, que mascaram os sinais distantes e de baixa intensidade, usualmente analisados pelos sistemas passivos.
Tanque Hidroacústico – Uma fonte do Poder Naval que trabalhou no programa dos submarinos IKL 209 (classe Tupi), desenvolvido pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, ressalta que o IPqM também desenvolve os elementos sensores dos sonares, tanto passivos (os hidrofones) como ativos (os transdutores), a partir de cerâmicas piezoelétricas.
Trabalho que contempla, igualmente, a arquitetura da equipagem para a realização de testes, calibração e determinação de diagramas de irradiação de vasta gama de instrumentos acústicos submarinos, em seu Tanque Hidroacústico, especialmente projetado para a condução de ensaios acústicos submarinos.