Concepção da corveta classe Tamandaré (CCT)

Concepção da classe Tamandaré

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

Parece que, na Marinha do Brasil (MB), o mundo gira mais rápido, produzindo mudanças e novidades em sequência – o que pode denotar agilidade… (mas também desconcerto…)

O festejado projeto das Corvetas Classe Tamandaré, por exemplo, já é coisa do passado.

Não à toa a palavra “corveta” foi suprimida, semana passada, do último comunicado de divulgacão de uma nova etapa do programa de embarcações de superfície que vem sendo tratado como “a jóia da Marinha”.

Na sexta-feira (19.01), em vez de a MB se referir ao projeto por meio do trinômio “Corvetas Classe Tamandaré”, o que saiu a público foi, somente, “Classe Tamandaré”.

Uma fonte amigo do Poder Naval arriscou uma explicação.

Para ela, a mudança pode ter sido decidida nos gabinetes da Empresa Gerencial de Projetos Navais, a EMGEPRON, que, dirigida por um almirante da reserva (Francisco Antônio de Magalhães Laranjeira) da confiança pessoal do Comandante da Marinha, foi presenteada com a coordenação da série “Classe Tamandaré” – e tenta agora se posicionar no mercado internacional como uma competente gerenciadora de projetos…

A Classe Tamandaré é uma oportunidade para a empresa vinculada à Marinha firmar seu conceito como coordenadora de um importante programa de fragatas leves – único na América Latina, por sinal.

Cinco itens – O Poder Naval apurou que, mercê do interesse demonstrado pelos fornecedores estrangeiros de navios de guerra, a nova classe ficou aberta, ou sujeita, a um conjunto de novidades:

  • O custo do programa foi redimensionado em alguma coisa perto dos 2 bilhões de dólares;
  • Redefinidas (ao menos extraoficialmente) como fragatas leves, as embarcações a serem ofertadas poderão ter seu deslocamento acima das 2.790 toneladas calculadas, ano passado, pelo Centro de Projetos de Navios, sediado no Rio de Janeiro. Não será nenhuma surpresa se o short list das empresas ofertantes dos melhores projetos envolverem propostas de navios de 3.000 toneladas ou até ligeiramente acima das 3.000 toneladas;
  • A Marinha deixou os competidores absolutamente livres para as propostas (na esperança de receber ofertas de navios sofisticados a preços que não signifiquem uma exorbitância);
  • Os almirantes estão cientes da possibilidade da disputa entre uma dezena de importantes estaleiros gerar uma guerra de informações, desinformações e fake news nos meios eletrônicos de imprensa;
  • O setor do Material da Marinha ainda não dispõe de informações claras e seguras sobre nenhuma das propostas que receberá (e isso inclui a fragata alemã Meko A200), mas intui que alguns fornecedores europeus estão tendo que, de forma apressada, refazer as suas ofertas, pois trabalhavam no sentido de apresentar desenhos de navios relativamente pequenos, de 2.500 toneladas, que consistiam em meras adaptações de projetos já prontos (alguns bem conhecidos) de navios-patrulha oceânicos (OPVs).

Nota do Editor: os grifos em negrito no texto são de responsabilidade do articulista, e visam chamar a atenção do leitor para dados que devem ser considerados especialmente relevantes.

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