Submarinistas argentinos dependerão, nos próximos 13 meses, de navio com 45 anos de uso

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ARA Salta - novembro de 2008 no Rio de Janeiro - Foto: Alexandre Galante

ARA Salta

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

O Comando da Força de Submarinos da Armada Argentina, sediado na Base Naval de Mar del Plata (415 km ao sul de Buenos Aires, por rodovia), ainda estuda como irá manter o adestramento dos seus oficiais e subalternos no ano de 2018.

Isso porque, com o desaparecimento do navio tipo TR-1700 San Juan (S-40), a 15 de novembro último, restaram a este Comando duas unidades que se encontram paralisadas, em reparos: o Santa Cruz (S41), da mesma classe do San Juan – nesse momento semidesmontado no estaleiro TANDANOR dos arredores da capital argentina –, e o Salta (S31), de 1.185 toneladas (à superfície), que já deixou o dique onde se encontrava, no estaleiro SPI (Servicios Portuarios Integrados), de Mar Del Plata, mas ainda não tem condições de submergir – e, portanto, de operar.

De acordo com informações obtidas de forma extraoficial pela Comissão de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados argentina, a questão dos prazos de restabelecimento da capacidade operacional do componente submarino é, por hora, bastante incerta.

Na semana que vem devem ser abertas as licitações para a aquisição de baterias para o Santa Cruz (que usa 960 desses equipamentos). O submarino se encontra, desde o fim de 2015, em sua manutenção de meia vida (Mid Life Upgrade – MLU), mas sua devolução às operações só será feita depois que especialistas do grupo alemão ThyssenKrupp Marine Systems auditarem as etapas já concluídas desse serviço de reparos.

A expectativa é de que o navio só esteja de volta à rotina das provas de mar a partir do mês de março de 2019.

ARA Salta – novembro de 2008 no Rio de Janeiro – Foto: Alexandre Galante

Adestramento – Na sexta-feira que vem (09.02), o Salta – uma embarcação tipo IKL-209/1.200 – completa 45 anos de incorporação, data que seu pessoal só poderá comemorar de forma discretíssima – por meio da leitura de um memorial diante da tripulação formada –, em atenção à dor causada pela perda dos 44 companheiros que viajavam no San Juan.

A situação criada pelo naufrágio é tão complexa e sensível que, a pedido dos familiares das vítimas, a Armada Argentina não pôde, até hoje – decorridos 80 dias do último contato feito pelo barco com sua base em Mar del Plata – declarar Luto Oficial (Duelo) em função da perda da embarcação. Esses familiares não aceitam a interrupção das buscas e pressionam para que a Marinha Argentina adquira um veículo submarino capaz de continuar investigando o fundo do mar.

A maior preocupação do Comando da Força de Submarinos é com a manutenção do treinamento das futuras tripulações de submarinistas argentinos.

Todos os anos o Comando forma entre 18 e 20 novos oficiais de submarinos, além de algumas dezenas de tripulantes subalternos. Não se sabe quantos serão declarados submarinistas este ano de 2018, e nem como serão feitos os estágios de aprendizado e as práticas em imersão.

Nos últimos anos, devido a repetidos problemas com os barcos da classe TR-1700, o adestramento dos militares argentinos chegou a ser feito por meio de mergulhos controlados do Salta nas águas – de pouca profundidade – da própria área da Base Naval de Mar del Plata.

A paralisia da Força de Submarinos Argentina agrava um quadro de obsolescências que já, praticamente, inviabilizou a capacidade de desembarque dos fuzileiros navais, por falta de um navio de desembarque adequado a essa tarefa.

A Marinha do Brasil vai atender um pleito dos argentinos e programar uma operação de desembarque anfíbio em conjunto com a Infantaria de Marinha Argentina, a partir do navio-doca Bahia (G40).

O destacamento argentino levará para bordo vários armamentos, além de algumas das suas viaturas.

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