P-3AM

P-3AM da FAB

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

Reconhecido por servidores civis e militares do Ministério da Defesa como o Comandante Militar que, a partir de 2015 (governo Dilma-Temer), melhores resultados obteve no sentido de promover o crescimento operacional da sua Força, o almirante de esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira chegará ao fim do seu comando sem ter encontrado todos os caminhos – ou soluções – que gostaria.

Uma das questões que se afiguram de prognóstico mais incerto é a que diz respeito ao futuro da Aviação Naval de Asa Fixa na Marinha do Brasil (MB).

Um almirante reformado contou recentemente ao Poder Naval, que, ainda no ano passado, Leal Ferreira rejeitou, em definitivo, a possibilidade da Força Aeronaval da MB receber o 1º Esquadrão do 7º Grupo de Aviação – Esquadrão Orungan –, constituído por quadrimotores P-3A Orion modernizados – unidade transferida, mês passado, da Base Aérea de Salvador para a Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro (movimentação que desagradou bastante o pessoal da FAB, em função do clima de insegurança pública no estado).

Especialistas da Aviação Naval consideram a unidade mais um problema do que uma resposta às necessidades da patrulha e do esclarecimento marítimo. Motivo? Aeronaves com indícios de forte desgaste estrutural e corrosão, necessidade de (cara) manutenção específica, além de eventuais intervenções de grande porte, como troca das asas e da cauda – serviço este avaliado pelo mercado de empresas de recuperação de aeronaves em 30 milhões de dólares (por avião).

A Força Aérea Brasileira começou a pesquisar a compra das aeronaves P-3A em meados dos anos de 1990, e adquiriu 12 dessas células (para aproveitar um número bem menor delas em voo), ciente que o modelo fora fabricado, em fins dos anos de 1960, com uma liga de alumínio consideravelmente menos resistente à corrosão que a da versão P-3C.

Nada disso, entretanto, ofusca a importância da Aviação de Patrulha para a soberania brasileira.

Dentro da própria FAB muitos oficiais superiores defendem que a sua corporação retenha essa atividade, que é considerada uma das mais importantes e tradicionais a exemplo do que ocorre com a Real Força Aérea (RAF), que começará a receber aeronaves P-8A Poseidon em 2019.

Custo – Sete meses atrás, este jornalista consultou o Centro de Comunicação Social da Marinha sobre qual seria o futuro do treinamento dos pilotos de caça da Força Aeronaval, em face do descomissionamento do porta-aviões São Paulo. A resposta (recebida por e-mail) foi:

“Fruto dos estudos que definirão o total de aeronaves, assim como as competências essenciais a serem mantidas pela aviação naval de asa fixa, até a obtenção do próximo navio-aeródromo, será possível estimar a demanda anual adequada para a formação de pilotos de avião da MB.

Considerando que uma daquelas competências essenciais é o pouso e decolagem a partir de porta-aviões, continuará a ser necessário o envio de pilotos para realizar a fase avançada de sua formação em marinhas que disponham desse tipo de navio.

A escolha preferencial continuará a ser a Marinha dos EUA, de modo a manter a padronização de procedimentos em relação aos pilotos que já passaram por aquele treinamento”.

O problema é que o custo atual de se qualificar um aviador naval nos Estados Unidos gira em torno de 2 milhões de dólares.

E, não raro, um desses oficiais brasileiros se destaca, por sua habilidade, entre os alunos americanos.

Capitão-Tenente Raggio

Entre os dias 6 e 14 de dezembro passado, próximo à costa de Key West, Flórida, o capitão-tenente Ricson Raggio Mello, Oficial-Aluno do Curso de Aperfeiçoamento de Aviação para Oficiais (CAAVO) T-1/2013 da MB, obteve a maior média entre os alunos que buscavam a qualificação para pouso a bordo, conquistando assim o prêmio “TOP HOOK”. A missão foi realizada no navio-aeródromo de propulsão nuclear USS George H. W. Bush (CVN-77).

Com a conclusão de seu treinamento nos Estados Unidos, o piloto retornou ao Brasil, para receber sua asa de Aviador Naval. Seu destino? Compor os quadros do futuro EsqdVEC-1, voando as aeronaves que realizarão a missão de COD/AAR. A unidade foi planejada para operar a bordo do São Paulo, mas agora usará a pista de São Pedro da Aldeia…

Bombardeio de precisão – Um mês antes de o CT Raggio fazer bonito ao largo de Key West, a Naval Air Station Kingsville (NASK), no Texas, assistiu a cerimônia de conclusão do curso Advanced Training T-45C Strike (T-45C TS – Total System), realizado na US Navy com aeronaves T-45 Goshawk.

O curso exige cerca de 100 horas de voo em simulador e outras 170 horas de voo, aproximadamente, até a graduação do aluno.

Na Marinha do Brasil ele é especialmente importante, pois contribui de forma decisiva para o adestramento dos futuros pilotos de caça do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque – VF-1.

Entre os agraciados com o certificado de “Excelência” no Advanced Training T-45C Strike estava o CT Rafael de Aquino Hernandes, oficial fuzileiro que se destacou por sua precisão na fase de lançamento de bombas do Estágio Intermediário e Avançado de Asa Fixa (EIAAF).

T-45C pousando em navio-aeródromo

O piloto FN também chamou a atenção por ter obtido resultado acima da média na qualificação do pouso a bordo em porta-aviões.

Apesar de todas as circunstâncias desfavoráveis – desativação do porta-aviões São Paulo, dúvidas acerca da modernização das aeronaves A-4KU, desaparecimento no mar de um desses jatos em 2016 –, a Aviação Naval se mantém como uma opção atraente para o pessoal da Marinha.

Especialmente por causa do esforço da Força Aeronaval em manter sua frota de combate antissubmarino e de ataque a alvos de superfície atualizada com os helicópteros SH-16 Seahawk, por meio da modernização das aeronaves de reconhecimento e ataque Super Lynx, e do recebimento de helicópteros H225M de tecnologia francesa aptos a disparar mísseis Exocet contra alvos de superfície.

Jatos AF-1 (A-4KU) Falcão da Aviação Naval

Plateia – A 9 de dezembro passado, o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira (CIAAN) promoveu a cerimônia de conclusão do Curso de Aperfeiçoamento de Aviação para Oficiais (CAAVO), Turma 2015, na Habilitação Básica em Asa Rotativa.

Um grupo de 22 oficiais receberam seus Distintivos de Aviador Naval e certificados de conclusão de curso.

Pouco mais de um mês depois o Comando da Força Aeronaval realizou, em seu auditório da Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (RJ), a Aula Inaugural dos Cursos de Especialização em Controle de Tráfego Aéreo (C-Espc-CV), Motores de Aviação (C-Espc-MV), Manobras e Equipagem de Aviação (C-Espc-RV), Estrutura e Metalurgia de Aviação (C-Espc-SV) e Aviônica (C-Espc-VN), do ano de 2018.

Na plateia do evento – presidido pelo Comandante da Força Aeronaval, contra-almirante Denilson Medeiros Nôga, estavam nada menos que 139 alunos dos diferentes cursos: 130 marinheiros e 9 fuzileiros navais.

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