HMS Ocean

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

O analista de assuntos militares paquistanês (residente em Toronto, no Canadá), Bilal Khan, editor do portal de notícias Quwa (“Força”) – especializado em notícias do mundo árabe e do Médio Oriente –, publicou, nesta terça-feira (20.02), ao comentar a compra do porta-helicópteros de assalto anfíbio HMS Ocean pela Marinha do Brasil, que a Armada da Turquia realmente ambicionava o navio – conforme a imprensa inglesa noticiou, em outubro passado.

Segundo Khan, os almirantes turcos planejavam usar o Ocean para antecipar o adestramento em operações aeronavais do pessoal que será designado para operar o navio de assalto anfíbio TCG Anadolu (L-408), do tipo LHD – Landing Helicopter Dock, atualmente em construção pela empresa Sedef Shipbuilding – maior estaleiro privado da Turquia – no município de Tuzla, na província de Istambul.

A previsão é de o navio seja entregue à Marinha local no ano de 2021.

Ainda no último trimestre de 2017, o Centro de Comunicação Social da Marinha do Brasil (MB) divulgou um comunicado oficial informando que o Ministério da Defesa britânico desconhecia o interesse de qualquer outra marinha, que não a brasileira, no Ocean. Mas isso não era verdade.

Deslocando 21.578 toneladas a plena carga, o Ocean transporta 18 aeronaves de asas rotativas, e é capaz de operar até sete aeronaves, simultaneamente, em seu convés de voo.

Sua incorporação à Força Naval turca contribuiria com o debate, hoje existente na cúpula da corporação, sobre que tipo de navio o Anadolu deve ser: um navio-aeródromo de 24.660 toneladas – dotado de seis caças F-35B e 14 helicópteros –, ou um navio de assalto anfíbio e controle de área marítima, transportador de uma dezena de helicópteros pesados (para fuzileiros navais) Boeing CH-47F Chinook, de 22 toneladas.

De acordo com Khan, a eventual aquisição do Ocean permitiria aos turcos, além de obter um moderno navio de treinamento, definir mais facilmente o Anadolu como um navio-aeródromo leve.

Os chefes navais turcos conhecem bem o porta-helicópteros. Na metade final de 2017 o barco inglês foi empregado em manobras navais com unidades de sua Marinha.

Os almirantes turcos consideram que, após o recebimento do Anadolu, seus oficiais e subalternos precisarão desenvolver uma vivência de, ao menos, um ano e meio a dois anos, para se capacitarem completamente nos procedimentos de pouso e decolagem de aeronaves, na movimentação dos aparelhos nos hangares e oficinas abaixo do convés de voo, e na rotina de reparos.

Modelo do LHD Anadolu

Paquistão – Segundo Khan, a Marinha paquistanesa, que se sente amplamente inferiorizada diante da capacidade aeronaval da Índia (um porta-aviões que pertenceu à Rússia, um segundo navio-aeródromo em construção e um navio de assalto anfíbio comprado aos Estados Unidos), também examinou comprar o Ocean.

A aquisição serviria a missões expedicionárias no Oceano Índico em geral e no Golfo Pérsico em particular (onde estão seus aliados sauditas), mas os paquistaneses logo concluíram por sua falta de condições técnicas e financeiras, no momento, para desenvolver a Arma Aérea Naval.

A atual prioridade da Marinha paquistanesa é a modernização dos seus submarinos franceses Classe Agosta, o que está sendo feito com a assistência da indústria naval turca.

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