Marinha do Brasil avalia compra de três OPV classe River da RN
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
A Marinha do Brasil (MB) está avaliando a conveniência de adquirir os três navios-patrulha oceânicos (OPV – Offshore Patrol Vessel) classe River, da Marinha Real, cuja desativação teve início em outubro do ano passado e irá se estender até dezembro deste ano: o Severn (P282), o Tyne (P281) e o Mersey (P283).
Desativado a 27 de outubro de 2017, o Severn se encontra atracado em Portsmouth aguardando o seu destino final. O Tyne será descomissionado em maio próximo, e o Mersey só navegará ostentando o pavilhão do Reino Unido até dezembro.
Construídos no início da década de 2000, os navios, de 1.700 toneladas, tiveram seu projeto aproveitado, com melhorias, na fabricação das três embarcações destinadas à Força Naval de Trinidad & Tobago que, no começo dos anos de 2010, acabaram repassadas à MB – onde passaram a constituir a chamada classe “Amazonas” (Amazonas, Apa e Araguari) de Navios-Patrulha Oceânicos (NPaOc).
Os primeiros classe River apresentam, contudo, algumas limitações, além do desgaste natural gerado pelo tempo em que se encontram em operação. Entre elas o armamento principal de baixo calibre, a velocidade não superior a 20 nós, e a mais importante de todas: a falta de um convés de voo.
O espaço no convés principal à ré permite apenas operações de Vertical Replenishment, ou Reabastecimento Vertical efetuado por helicóptero – manobra mais conhecida pela sigla VERTREP.
Na Marinha Real Britânica esses navios são mais empregados em missões anti-pirataria, de combate ao narcotráfico, repressão à pesca ilegal, patrulha de águas jurisdicionais e prevenção a ações terroristas.
Batch 2 – O novo lote dos classe River – navios do Batch 2, como os ingleses gostam de dizer – que o grupo BAE Systems está começando a entregar à Marinha Real, deslocam 2.000 toneladas – 300 a mais que os velhos River originais.
Eles têm mais espaço para transportar tropas, possuem um canhão de 30 mm na proa – em vez de uma peça de 20 mm –, velocidade aumentada em quatro nós, dois botes semi-rígidos para abordagem em alto-mar tipo Pacific 24, e convoo capaz de resistir às manobras de um helicóptero de porte médio AW-101 Merlin, de quase 20 m de comprimento e 14,6 toneladas carregado.
A robustez desses novos River é tão grande, que um deles será designado para constituir a guarnição da Royal Navy nas Ilhas Malvinas, em substituição ao HMS Clyde – patrulheiro construído com os planos do Severn (agora desativado), mas equipado com convés de voo.
Um outro River Batch 2 vai patrulhar o Mar do Caribe.
Todos os cinco novos navios River – Forth, Trent, Medway, Tamar e Spey – deverão estar plenamente operacionais por volta do ano de 2020.
Outra vantagem das unidades do Batch 2: a economia de tripulação, que reflete o apreciável grau de automação da embarcação.
Planejado para ser operado por 58 militares – e não por 70, como no caso dos NaPaOcs classe Amazonas – o novo River pode ser tirado de seu atracadouro e levado para o mar com até 34 tripulantes.