Porta-aviões: inovações tecnológicas e resiliência operacional
No último dia 9 de novembro o South China Morning Post, um jornal baseado em Hong Kong, reportou que militares chineses chegaram a uma solução tecnológica que torna viável o uso de catapultas eletromagnéticas (EMALS, na sigla em inglês) em um porta-aviões de propulsão não nuclear. O único navio a atualmente operar com catapultas desse tipo é o USS “Gerald Ford”, comissionado pela US Navy em julho de 2017.
Se a notícia relatada se confirmar e a Marinha chinesa (PLAN) efetivamente incorporar EMALS ao Type 002, seu terceiro porta-aviões, a Força deve experimentar um substantivo salto qualitativo em sua capacidade operacional. Ela poderá, por exemplo, passar a operar aeronaves de asa fixa em funções de alerta aéreo antecipado e carrier onboard delivery (COD).
O uso de EMALS permitirá também a redução dos ciclos de lançamento dos seus caças J-15. Por fim, também se especulou que as mesmas soluções técnicas que permitirão a instalação de um sistema EMALS em um porta-aviões convencional devem viabilizar a operação de canhões elétricos (railguns) e armas de energia direcionada (DEW) a partir do Type 002.
Mas o que os recentes avanços chineses nos permitem concluir sobre o futuro dos porta-aviões? Ao longo da última década, muitos teóricos e estrategistas vêm especulando sobre – ou francamente anunciando – o iminente fim do navio aeródromo enquanto núcleo das esquadras mais poderosas do mundo. Essas especulações devem-se em boa medida à própria marinha chinesa e seus avanços em capacidades anti-acesso e de negação de área (A2/AD) e aos crescentes custos dessas plataformas.
Todavia, os investimentos que a PLAN vem fazendo em seu Type 002 e o fato de que a US
Navy planeja construir dez porta-aviões da classe “Gerald Ford” demonstram a resiliência desse tipo de plataforma e a importância da aviação embarcada. Cabe, portanto, refletir sobre a situação do Brasil.
A recente desativação do NAe “São Paulo” sem um cronograma definido para sua substituição deixou um “gap” de capacidade na Marinha do Brasil. Dado que a situação fiscal do país não permite grande otimismo, é preciso pensar em soluções para aproveitar a capacidade aeronaval já existente na Força, a qual – com o EC725, equipado com o MAS Exocet, e o Seahawk, equipado com o MAS Penguin – é provavelmente a primeira do continente sul-americano.
A aquisição do HMS “Ocean”, junto ao Reino Unido, não substitui um NAe, mas pode ser uma interessante opção no curto prazo/médio prazo.”
FONTE: Boletim n° 64, da EGN, de 24 de novembro de 2017 / COLABOROU: Luiz Monteiro