Italianos desaprenderam a fazer belonaves
Quem acompanha o desenvolvimento do design dos navios de guerra desde os anos 1970, sabe que o consagrado design italiano também é reconhecido pelos linhas elegantes de suas belonaves.
Mas parece que essa tradição está começando a ruir, pelo menos essa é a impressão que se quando vimos o conceito do PPA – Pattugliatore Polivalente d’Altura ou Navio Patrulha Oceânico Multipropósito), que na verdade será um navio do porte de fragata ou destróier moderno, com deslocamento máximo 6.300 toneladas.
Como parte da lei naval italiana de 2014-2015 (Legge Navale), a Marinha Italiana (Marina Militare) receberá 7 PPAs (2 da versão “Light”, 3 da versão “Light Plus” e 2 da versão “Full”), e uma opção para mais 3 PPAs (1 de cada configuração).
Segundo os italianos, o navio de patrulha offshore multipropósito será um navio altamente flexível capaz de realizar uma variedade de tarefas, incluindo operações de patrulha, busca e resgate e proteção civil. Na sua forma mais amplamente equipada, o PPA poderá atuar como um navio de guerra de primeira linha.
As operações realizadas pelos navios do PPA incluirão o monitoramento das zonas marítimas, preservando os direitos internacionais, contra-terrorismo, detectando e interceptando o contrabando, ajudando a controlar a imigração ilegal e apoiando as forças de operações anfíbias da Marinha. Os navios também fornecerão assistência humanitária, recuperação de naufrágio e apoio em caso de desastres.
Com um design modular, os navios PPA podem ser equipados em várias configurações de acordo com a missão específica que executará. Contratualmente, serão fornecidos três níveis de equipamentos, uma configuração “Light” para missões de patrulha que também inclui capacidades de autodefesa integradas, uma variante “Light Plus” e uma configuração “Full” equipada com o máximo em capacidades de combate. As unidades PPA também podem lançar RHIB (Rigid Hull Inflatable Boats) de até 11 m de comprimento através de uma grua lateral ou uma rampa de popa.
‘Para navegar bem, tem que ser bonito’
Parafraseando Marcel Dassault, que dizia que “para voar bem, um avião tem que ser bonito”, navios de guerra seguem o mesmo princípio. Para serem funcionais e apresentarem boas características marinheiras, navios precisam ser bem desenhados, com pesos e sistemas bem distribuídos.
Navios muito altos com peso em posições elevadas, por exemplo, tendem a ter problemas de estabilidade. Navios com proas curtas e baixas demais costumam caturrar e embarcar muita água. Esses parecem ser dois dos defeitos perceptíveis do PPA.
Desde os anos 2000, acentuou-se a adoção cada vez maior de conceitos “stealth” ao design de navios de guerra, aplicados também pelos italianos. O design stealth tem deixado os navios mais limpos e “encaixotados”, sem reentrâncias, para minimizar o eco no radar, mas isso também deixa os navios muito parecidos e sem graça. Temos o exemplo mais recente da classe Zumwalt da Marinha dos EUA, cujo design deixou o navio parecido com um ferro de passar roupa.
Mas em termos de feiura, o futuro PPA italiano parece ser o campeão.
Confira abaixo algumas das classes mais famosas de navios de guerra italianos, quando eles ainda eram bonitos. (clique nas imagens para ampliar)