Cheia de lacunas, Armada Argentina pode receber sem custo cargueiro de grande porte
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
O governo argentino examina a possibilidade de, em troca da liberação das obras de duas usinas hidrelétricas no Rio Santa Cruz, situado na Província do mesmo nome, receber por doação para a sua Marinha um cargueiro de grande porte, apto a ser incorporado como navio logístico ao Comando Anfíbio y Logístico (ex-Comando de Transportes Navales).
A embarcação seria cedida pela companhia chinesa China Gezhouba Group Corporation, que aguarda a autorização da Casa Rosada (sede do Executivo Argentino) para iniciar as obras no Rio Santa Cruz, líder da terceira maior bacia hidrográfica argentina.
Pela proposta feita à Administração Mauricio Macri, o cargueiro servirá, pelo período de sete anos, ao transporte dos materiais necessários à construção das usinas. Findo esse período passará imediatamente à Força Naval.
As primeiras informações não identificaram a embarcação alvo das tratativas. Rumores que circulam entre os militares argentinos falam que ela teria proteções no casco para atuar em águas da Antártida, estaria equipada com duas gruas, e plenamente habilitada a atuar em missões de apoio, carregando contêineres militares, viaturas e carga geral (inclusive combustível).
Atualmente, o Comando Anfíbio e Logístico enquadra três antiquados cargueiros das classe Costa Sur, de pouco menos de 11.000 toneladas, construídos no fim da década de 1970. O navio oferecido pelos chineses deslocaria mais de 15.000 toneladas.
A doação ajudaria a modernizar o componente de transporte da Armada Argentina, mas os chefes navais têm muitos outros setores com os quais se preocupar.
Rússia – Com a perda do ARA San Juan, e a temporária indisponibilidade dos submarinos ARA Santa Cruz (gêmeo do San Juan, que não tem prazo para regressar ao mar) e ARA Salta (um modelo alemão com 45 anos de uso, que ainda se estuda se voltará a navegar), o Comando da Força de Submarinos tem disponível em Mar del Plata apenas um rebocador, o ARA Bahia Agradable, que funciona como navio-mãe de submarinos.
A imprensa especializada argentina especula que os chefes navais argentinos poderiam se interessar pelos chamados “mini-submarinos” produzidos pela indústria naval da Rússia, comercializados pela agência estatal de armamentos Rosoboronexport.
Os russos desenvolveram uma linha de pequenos submersíveis com até 1.000 toneladas de deslocamento, aptos, inclusive, a disparar mísseis pelos tubos lança-torpedos.
A Marinha colombiana opera, desde 2016, submarinos costeiros Type 206 de 450 toneladas, comprados da Marinha Alemã. Concebidos para operar no Mar Báltico, esses barcos tiveram os seus sistemas de filtragem de impurezas e circulação do ar “tropicalizados”, com o objetivo de que eles possam suportar as águas de temperatura muito mais quente e a biodiversidade marinha específica do Mar do Caribe.
King – O patrulhamento dos rios argentinos também é precário.
A pequena Escuadrilla de Ríos local aguarda receber o patrulheiro ARA King, de pouco mais de mil toneladas – sua principal embarcação –, que se encontra há mais de dois anos em reparos gerais no Estaleiro Río Santiago, da periferia de Buenos Aires.
Construído na metade inicial da década de 1940, o navio vem sendo modernizado, por meio (entre outras) das seguintes intervenções:
- Substituição de chapas nas obras vivas e mortas, nas cobertas exteriores e interiores, e em divisórias internas que asseguram ao navio condições ideais de estanqueidade;
- Reprojeto e instalação de um novo sistema de governo (timão) para o navio;
- Reconstrução e ampliação da ponte de comando;
- Modernização dos diferentes espaços reservados à habitabilidade da tripulação; e
- Instalação de sistema de alarme e de paradas de emergência nos motores principais e geradores da propulsão.
Antes de iniciar meu questionamento, deixo claro que sou leigo no assunto. Dito isso
Qual seria as dificuldades e empecilhos na transferência do G28 NDCC Mattoso Maia pra Armada Argentina?
Acredito eu que com o NDCC Almirante Saboia (G-25), NDCC Garcia D’Avila (G-29), NDM Bahia (G-40) e o Ocean a Marinha do brasil está bem servida. Se ‘livrar’ do G-28 pouparia custos e distribuiria militares pra outras embarcações, acho eu. Além de fortalecer ainda mais as relações entre as marinhas.
Eu sei que envolve custos com o Governo Americano, mas até que ponto esses custos tornam essa ideia inviável?
Ola Andrew. Acredito que a dificuldade para o reaparelhamento da Armada Argentina se chame Macri.
não, a dificuldade se chama dinheiro. Engraçado como o Macri já pegou tudo totalmente sucateado e querem jogar a culpa nas costas dele.
O Macri não tem o minimo compromisso com defesa Argentina. Ele nem sabe o que é isto. Tem as pressões externas e ele não tem coragem de tratar com Russos e Chineses. Suas únicas alternativas. Do contrário fica como está.
única alternativa por quê? Eles podem muito bem fazer negócios com a França como sempre ou comprar dos EUA (duvido que o Trump não iria vender armas), já faz tempo que tem até um rumor da Argentina em adquirir F-16 mas estão sempre reclamando dos custos de tudo.
Nem ele nem TODOS os governos desde Alfonsin (1983).
O orçamento militar da Argentina é da ordem de US$ 6 bilhões por ano, similar ao orçamento chileno. Geralmente, 10% do orçamento é para investimento, 65 para pessoal e 20% para custeio (valores médios considerando países que não estão em conflito). O militares definem as prioridades e o presidente autoriza ou veta.
E porque deveria ser transferido para a Argentina? O problema é deles e certamente não seria apenas por estarem “defasados” não implica a simples transferências de meios…não sei porque a elocubração.
Do que adianta transferir o Mattoso mais para a Argentina, sendo que ele é um navio velho que não funciona?!
Pq Argentino na cabeça de alguns, deve ser suficientemente otário pra aceitar uma coisa dessas…
Olá, eu gostaria que a Revista fizesse uma reportagem especial á respeito das Marinhas da América Latina. Listando o seu Estado, Tipos de embarcações. Seria interessante. Toda a equipe do Poder Naval está de parabéns.
Quanto ao patrulhamento dos rios, relembro que foi a única área com algum investimento real na Argentina, compra de 4 Shaldag feitas em Israel, 70/80 toneladas, rápidas e bem armadas, para combate ao contrabando na hidrovia. E com reclamação dos astilleros portenhos, que afirmaram ter capacidade de construir navios iguais por menor preço.
É legal ver os argentinos, orgulhosos como o cão, receberem esmolas chinesas.
Eu não vejo nada de legal nisso. Acho que muito melhor seria uma Argentina forte, porque assim diminuiria a influência de países exatamente como a China aqui no Cone Sul.
Exatamente…
Mk48
Não diminuiria influência alguma da China por aqui, pois a região continuaria precisando do investimento dos chineses, principalmente na Argentina, que está pior do que nós, e entregando o país todo nas mãos dos chinas, então nada mudaria com relação a essa questão. Já existem áreas por lá inclusive em que nem os argentinos podem entrar, só chineses! Parecido com o antigo e ridículo acordo entre Brasil e Estados Unidos em Alcântara.
Quanto mais desmanteladas, melhor as Forças Argentinas.Tem gente quê não sabe o quê era essa gente, até derrota nas Malvinas. Ou o que seria se eles levassem a melhor na guerra.
Também tem gente aqui que continua pensando como nos anos 70 e 80 sobre os argentinos, gente que não evolui.
Prefiro não evoluir,mas eu e as Forças armadas dormimos tranquilo pois sabemos não ter nada lá.
Concordo plenamente contigo. Quem não conhece os argentinos de verdade, que os compre. E influência chinesa ia ocorrer com eles bem ou mal.
Isso passa longe de ser “legal”. Seu comentário é preconceituoso e desprovido de nenhuma base, você está “parado” na década de 1970…
Já não basta a guerra no front interno,você ainda quer vizinho forte?.Deixa eu com meu preconceito.
Até onde sei, os navios adquiridos junto à US Navy não podem ser transferidos para outros “usuários”… regras de “End User”… abraço a todos…
Esse ARA King é contemporâneo do nosso monitor Parnayba. 70-80 anos de uso.
Macri,falem para ele que não adianta tentar aproximar do EUA,pois não vai receber nada do EUA,através do FMS pois sempre terá a rainha para dizer não.Eles já perderão as forças de caças,agora vão perder a força de submarinos(que comprem esses submarinos russos,pélo menos vão ter algo para operar)Eles deveriam contratar a Embraer para reformar os a-4 deles que eles tem dezenas é assim evitam ficar sem força aeronaval também pois esses 5 miragem que receberão da frança não adiantará de muita coisa. É alarmante as condições das forças armadas argentinas,já estão operando abaixo do mínimo.
Os A-4 argentinos não são da Força Aeronaval da Armada Argentina. Os A-4 argentinos são da Fuerza Aerea Argentina. E eles não vão receber 5 MIRAGE…..a Armada Argentina receberá 5 Super Etendard modernizados (SEM). Se for para moderinzar os A-4 argentinos, eles deveriam procurar a empresa que os modernizou inicialmente, ou seja, a Lockheed-Martin. Qual a experiência da Embraer na modernização desse vetor, além dos poucos A-4 da MB? Fora isso, optando pelo modelo de modernização da MB, seria trocar tudo, radares, HUD, etc….os argentinos deveriam, se tivessem dinheiro, repotencializar/revisar as células de uns 18 A-4 que possuem, atualizando seus… Read more »
O desmantelamento das forças armadas argentinas merece um estudo!
De que adianta ter mais um, dois, três navios, se na realidade o problema está na forma em que as FFAA encaram os seus desafios? Depois das Falklands, as FFAA Argentinas tem passado por um longo e lento processo de descrédito pela própria população argentina e os seus militares jamais fizeram nada pra tentar deter este processo. Até ajudaram. O orçamento militar da Argentina é similar ao do Chile e mesmo assim são forças completamente dissimiles. O que explica isto? Simples, nem mesmo as próprias FFAA da Argentina ligam pro acontece com eles. Enquanto estiverem recebendo seus honorários, está tudo… Read more »
Olá Glasquis. Concordo com muitos pontos levantados por você. Já faz algum tempo que eu menciono aqui no blog que o orçamento militar da Argentina e do Chile são próximos. Portanto, não é razoável considerar que os problemas das forças armadas argentinas seja falta de dinheiro. O Cel Nery recomendou uma vez lermos o relatório Rattenbach. Existe um documentário que pode ser assistido no youtube sobre este relatório e impressiona saber que as forças armadas não estavam articuladas. Parece que isso não mudou. Por outro lado, se os comandantes é que definem as prioridades, é evidente que Macri não tem… Read more »
Eu entendi certo? Estão legalizando corrupção para os chineses em troca desse navio velho? O que acontece com a América do Sul?
Nunca pensei em falar isso mas…está dando até “dó” das FAA em geral! Cobre a cara mas descobre os pés! Eles tem tantas coisas que arrumar que nem sabem direito por onde começar! Reforço o que sempre digo, precisamos das FAA fortes para manter equilíbrio, fomentar parceria e principalmente gerar competitividade militar na região!
Na verdade se tivessemos as Marinhas do Brasil, Argentina e Uruguai , bem armadas e com recursos suficientes para realizar seus trabalhos, teríamos um cone sul mais forte contra investidas de chineses que roubam nossos recursos pesqueiros entre outros problemas, é uma pena que governos incapazes administrativamente e com pouco noção de patriotismo expoe nossos valorosos militares a esta situação.
Penso da mesma forma.
Basicamente o meu comentário acima foi o que você escreveu agora.
Reclamavam da Cristina Kichner e agora se decepcionaram com o Mauricinho Macri; que chegou com um belo discurso de salvador da pátria.
Prometeu mundos e fundos e agora? Nada…
Espero que isso sirva de exemplo para os brasileiros: não ter falsas ilusões.
Reclamavam com muita razão da famigerada Senhora K pois seu governo trouxe para os argentinos caos e corrupção generalizada. Não é à toa que antigos integrantes do seu governo vêm sido sistematicamente presos (alguns pegos literalmente enterrando dinheiro) e ela própria teve que se candidatar ao Senado para escapar da cadeia. E não custa lembrar que a FAA perdeu mais aviões por acidentes durante os anos negros de kichnerismo do que em combate na Guerra das Falklands. Nesse quadro de caos é impossível que em apenas 2 anos e pouco de governo Macri consiga reverter 13 anos de desmandos de… Read more »
Exatamente.
Só uma observação, ele não promoteu mágica, não prometeu soluções milagrosas. Bem pelo contrário, os argentinos sabem que a situação da Argentina é terrível, o país vem falido há 2 décadas. É simplesmente impossível recuperar um país cheio de problemas em 3 anos, impossível recuperar em 1 década. As falhas do macri jamais devem servir de alicerce para passar a mão na cabeça da família Kirchner. Uma cisa não está atrelada a outra…os kirchner ajudaram a quebrar o país, sequer conseguiram recuperar a economia e pagar as dividas da Argentina, mesmo o mundo tendo passado pelo maior crescimento econômico desde… Read more »
Uma vez li uma entrevista de um militar brasileiro sobre o período dos governos militares no Brasil e na Argentina. Segundo ele, referindo-se a conversas com colegas argentinos, eles os argentinos tinham medo que o Brasil os atacasse. Então, a ideia difundida de que se não fossem as Malvinas seria o Sul do Brasil, é puro boato da internet. Se havia algum planejamento de lado a lado, era defensivo e jamais ofensivo. Hoje podemos dizer que aqui no Cone Sul as chances de um conflito são abaixo de zero. E as forças armadas argentinas enfraquecidas tornam a região igualmente enfraquecida.… Read more »
João, pesquisa o Almirante Anaya e o “Operativo Rosario” completo. Beagle, Malvinas e uma área em SC que foi deferida no fim do século XIX por um tribunal internacional ao Brasil. Este era o real planejamento deles a médio prazo. Ofensivo. Pesquisa e depois faz o contraponto com esta entrevista.
PS isso existe bem antes da internet.
Colombeli, você só conseguiu me deixar mais curioso do que eu já sou. Revirei o Google de várias formas, mas não encontrei nada sobre o tal Plano Rosário, que previa invadir o Brasil. A única coisa que encontrei foram os planos de antes da II Guerra Mundial. Mas aí o Anaya deveria ser guarda-marinha.
É certo que a Marinha do Brasil está em uma unidade semi-intensiva, em um estado clínico naval que inspira cuidados, mas estável e sem necessidade de monitoramento permanente. A depender da abrangência, assistência, cadência, competência, consistência, consciência, diligência, essência, experiência, inteligência e persistência da terapia náutica-gerencial aplicada, possuirá chances de retorno capaz ao mar, a médio prazo, até mesmo para atividades moderadas e caminhadas firmes e autônomas ao redor da sua própria vizinhança … A Armada Argentina é um paciente terminal, em coma induzido na unidade de tratamento intensivo, cujos parentes e amigos próximos já deveriam ser avisados de seu… Read more »
Realmente um negócio da China (para os chineses). É incrível como estes orientais entendem como funcionam os mecanismos na américa latina. Parece que estão tecendo uma nova rota da seda.
Chineses são muito espertos…o povão do Brasil e Argentina, graças a classe política corrupta e movimentos financiados, atacam os EUA e países Europeus (nossas origens) há décadas. Na outra ponta aparece a China e todo o seu poder econômico, sem resistência dos grupos citados anteriores. O Brasil criou um ambiente perfeito para levar um belo chute na bunda em um futuro bem próximo. Não é em vão que no governo Dilma eles venciam concessões com a maior facilidade, só na gestão Dilma as cocnessões passam dos 50 bilhoes de dólares. Depois havia churrasco em Brasília, dirigentes chineses e politicos brasileiros… Read more »
Desejar o mal para os argentinos é um tiro no pé. Como já foi dito por alguns colegas, o ideal seria uma América do Sul forte e coesa, a fim de inibir aventuras externas. Os chineses não estão chegando…já chegaram. Quando eles dominarem o mundo, sentiremos saudades dos americanos. Tenho 67 anos e não estarei aqui para ver!!!
Nem adianta colocar a culpa no Macri, simplesmente não há grana, menos ainda para investimento militar. Como exemplo vejam o caso dos Texan II, Argenina orçou por 24, fechou por 12 e pagou 4, que estão no chão pois não há dinheiro para combustível. E os SEM franceses ? Conseguiram fechar o lote a preço de banana. Queriam usar para o G20, mas os aviões não embarcaram pois ainda não pagaram.