Fuzileiros Navais das Filipinas serão Arma independente
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
Em entrevista, segunda-feira passada (02.04), à emissora PTV-4 (Rede Popular de Televisão, canal 4), de Manila, o comandante do Corpo de Marines das Filipinas (Philippine Marine Corps, PMC), major general Alvin Parreño, admitiu: “uma vez formalmente transformada em serviço independente”, sua corporação terá maior representatividade nos principais quartéis militares do país e melhor posição para a aquisição de equipamentos modernos.
A tropa anfíbia das Filipinas tem um efetivo de 8.000 oficiais e subalternos, distribuídos por três brigadas de manobra e unidades de comando e de apoio ao combate. Tais contingentes são, entretanto, pobremente equipados, e há muitos problemas operacionais derivados da falta de padronização em alguns setores, especialmente no do armamento portátil.
As forças blindadas receberão, ainda este ano, um lote de dez veículos anfíbios sobre lagartas tipo KAAV7A1, baseados no americano AAV-7. Esses carros, de transporte de tropas, serão fornecidos pela Hanwha Techwin, da Coreia do Sul.
O componente do PMC que melhor combina poder de choque com mobilidade está equipado com pequenas quantidades (em torno de dez) de carros anfíbios leves: os 4×4 Commando V-150, de 9,8 toneladas, e dois modelos do veículo 6×6 LAV-300, de 14,7 toneladas – que incluem 11 viaturas tipo FSV dotadas de um canhão de 90 mm.
A Artilharia de Foguetes não existe, e a de Campanha só alinha armamento de tubo de calibre 105 mm.
Guerrilha – De acordo com a Agência de Notícias das Filipinas (PNA na sigla em inglês), tanto o presidente da Câmara de Representantes local, Pantaleon Alvarez, quanto o Líder da Maioria Governista, Rodolfo Fariñas, já declararam que está sendo preparada uma lei com o objetivo de institucionalizar os Fuzileiros Navais do país como “uma distinta e autônoma Arma” do segmento militar.
Tais manifestações são interpretadas como sinal inequívoco de que o presidente Rodrigo Duterte apoia a mudança.
Por trás de todas essas providências e aquiescências está a expectativa das autoridades civis de que uma tropa anfíbia de maior autonomia seja capaz de combater com maior eficácia os diversos grupos terroristas que se escondem nas selvas filipinas, liderados pela organização Abu Sayaaf.
Parreño é o 31º comandante dos Marines de seu país. Ele se formou oficial em 1986, tem, entre os seus cursos de especialização, o de Mestre de Saltos, e possui no currículo experiência de combate – adquirida em Mindanao, segunda maior ilha do arquipélago filipino, durante um enfrentamento com guerrilheiros do grupo terrorista Maute.
As Filipinas constituem uma República de 300.000 km² que deve ser entendida como um vasto conjunto de territórios insulares, de grande diversidade étnica, religiosa e cultural e, sobretudo, forte dependência das ligações marítimas.
De seu lado, o general Parreño enfatiza: a conversão de sua tropa em força independente não importará em um estremecimento das suas relações com a Marinha Filipina, de quem os fuzileiros, obviamente, dependem, para se deslocar pelos espaços marítimos e desembarcar nos diferentes teatros de operação.
A Esquadra filipina mantém uma importante força de embarcações de assalto anfíbio – 16 no total – onde se destacam dois navios da classe “Tarlac“ baseados nos “Makassar”, construídos pela indústria naval da Indonésia.