Grupo Damen conquista mercado com OPVs de 4 tamanhos
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
A Marinha da Tunísia recebeu o Jugurtha (P610), primeiro dos seus quatro novos navios de patrulhamento offshore de múltiplos serviços (MSOPVs, na sigla em inglês), construído nos Estaleiros Damen de Galati, cidade às margens do rio Danúbio, na Romênia.
O navio partiu de Galati no sábado 3 de março, e chegou à base naval tunisiana de Bizerta seis dias mais tarde.
Trata-se de uma unidade de 1.400 toneladas, que pertence à segunda geração de patrulheiros oceânicos concebida pela companhia holandesa. Uma “família” de plataformas que vem sendo ofertada ao mercado em quatro tamanhos:
- 75 m de comprimento de casco e 1.400 toneladas de deslocamento;
- 85 m de comprimento de casco e 1.800 toneladas de deslocamento;
- 95 m de comprimento de casco e 2.400 toneladas de deslocamento; e
- 103 m de comprimento de casco e 2.600 toneladas de deslocamento.
O Grupo Damen é um dos interessados na concorrência aberta pela Marinha do Brasil (MB) para a obtenção de quatro navios Classe Tamandaré (corvetas que vem sendo tratadas, pela própria MB, como fragatas leves).
A série Tamandaré prevê uma embarcação de casco com comprimento total de 103,4 m (94,2 m na linha d’água) e deslocamento da ordem de 2.790 toneladas – requisitos definidos pelo Centro de Projetos de Navios da Marinha (CPN) em conjunto com a Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON).
Essas características estruturais estão consideravelmente próximas às do modelo mais pesado proposto pela Damen romena, mas, na comparação entre as duas classes, a grande desvantagem do navio Damen é o armamento focado em ameaças de baixo poder ofensivo – restrito, portanto, a um canhão de 76 mm na proa e a bocas de fogo menores.
Furacões – O MSOPV (Multi Service Offshore Patrol Vessel) da Damen incorpora o casco tipo Sea Axe, projetado pela empresa holandesa para reduzir a resistência à água, e, dessa forma, garantir mais estabilidade e melhor desempenho.
O período de janeiro a maio é a época dos furacões no Mar Mediterrâneo, que possui profundidade média de 1.500 m e depressões de até 5.000 m em certos pontos. E a previsão dos especialistas enfatiza: devido ao aquecimento global, esse mar de condições naturalmente severas produzirá cenários tempestuosos mesmo fora da temporada dos furacões – com um aumento de nível (lâmina d’água) estimado entre 30 e 100 cm até o ano 2100.
Os executivos do grupo Damen afirmam: seu patrulheiro oceânico de 1.400 toneladas alcança um pico de velocidade de 25/26 nós (possivelmente uma marcha ainda mais rápida que essa), é bastante econômico, e os cascos Sea Axe são construídos para navegar sem apresentar problemas durante um período estimado entre 30 e 40 anos.
Além disso a unidade foi desenvolvida dentro do conceito Multi-Mission Bay, ou seja, ela pode ser equipada com módulos de missão dedicados (contêineres) a empregos tão diversos quanto combate à pirataria, operações anti-drogas, guerra anti-minas (AMW), socorro a migrantes náufragos e busca e salvamento em geral.
A característica de Mission Bay também prevê que o MSOPV seja equipado com um RHIB (navio inflável de casco rígido) de nove metros, que pode ser lançado por meio de rampa na popa do navio, quando ele estiver no mar.
Passadiço estendido – O centro de comando e controle da nova classe de OPVs da Damen está situado diretamente atrás do passadiço.
A Damen chama isso de desenvolvimento de sua “Ponte Multi-Missão”, e ressalta: ambos os espaços podem ser separados por meio de uma parede deslizante.
O hangar “Multi-Missão” é capaz de armazenar um helicóptero NH-90 de 11 toneladas e um veículo aéreo não tripulado (UAV), como o Boeing ScanEagle. E a tripulação pode mover qualquer um desses aparelhos sem ter que, necessariamente, deslocar o outro.
O aço para os dois primeiros navios tunisianos de 1.400 toneladas – Jugurtha (P610) e Syphax (P611) – foi cortado, no estaleiro de Galati, durante uma cerimônia em dezembro de 2016.
Desde o fim de março o Syphax vinha realizando uma série de travessias curtas, em áreas próximas ao litoral romeno, como forma de validar uma bateria de testes no mar. Na última sexta-feira, 6 de abril, ele voltou a Galati.
A construção das outras duas embarcações – Hannon e Sophonisbe – está em andamento, e todos os quatro navios devem estar entregues até o fim deste ano.