Japão ativa primeiros fuzileiros navais desde a Segunda Guerra Mundial para reforçar defesas contra a China

53

Soldados da Brigada de Desdobramento Rápido Anfíbio da Força de Autodefesa do Japão (JGSDF), a primeira unidade de Marines do Japão desde a Segunda Guerra Mundial, se reunem em uma cerimônia de ativação da brigada no Campo Ainoura da JGSDF em Sasebo, na ilha de Kyushu, no Japão em 7 de abril de 2018 - Foto: REUTERS/Issei Kato

Soldados da Brigada de Desdobramento Rápido Anfíbio da Japanese Ground Self-Defense Force (JGSDF), a primeira unidade de Marines do Japão desde a Segunda Guerra Mundial, se reunem em uma cerimônia de ativação da brigada no Campo Ainoura da JGSDF em Sasebo, na ilha de Kyushu, no Japão em 7 de abril de 2018 – Foto: REUTERS/Issei Kato

Por Nobuhiro Kubo, Tim Kelly

SASEBO / TOKYO, Japão (Reuters) – O Japão ativou neste sábado (7.4.18) sua primeira unidade de Marines desde a Segunda Guerra Mundial, treinada para combater invasores que tentem ocupar as ilhas japonesas ao longo do Mar da China Oriental, que Tóquio teme ser vulnerável a ataques da China.

Em uma cerimônia realizada em uma base militar perto de Sasebo, na ilha de Kyushu, no sudoeste do país, cerca de 1.500 membros da Amphibious Rapid Deployment Brigade (ARDB), usando camuflagem alinhada em meio a um clima frio e ventoso.

“Dada a cada vez mais difícil situação de defesa e segurança em torno do Japão, a defesa de nossas ilhas tornou-se um mandato crítico”, disse Tomohiro Yamamoto, vice-ministro da Defesa, em um discurso.

As tropas realizaram um exercício público de 20 minutos de simulação, recapturando uma ilha remota dos invasores.

A formação da brigada de marines japonesa é controversa porque as unidades anfíbias podem projetar a força militar e poderiam, alertam os críticos, ser usadas para ameaçar os vizinhos do Japão. Em sua constituição pós Segunda Guerra Mundial, o Japão renunciou ao direito de travar uma guerra.

A brigada é o mais recente componente de uma força marinha em crescimento que inclui porta-helicópteros, navios anfíbios, transporte de tropas de rotor basculante Osprey e veículos de assalto anfíbio, destinados a deter a China à medida que ela pressiona o acesso ao Pacífico Ocidental.

A China, que domina o Mar do Sul da China, supera o Japão em gastos com defesa. Em 2018, Pequim que reivindica um grupo de ilhotas desabitadas no Mar da China Oriental, controlado por Tóquio, gastará 1,11 trilhão de yuans (US$ 176,56 bilhões) em suas forças armadas, mais de três vezes o Japão.

A ativação da ARDB de 2.100 militares leva o Japão um passo mais perto de criar uma força similar a uma Unidade Expedicionária de Fuzileiros dos EUA (MEU) capaz de planejar e executar operações no mar longe de sua base.

“Eles já demonstraram a capacidade de montar uma MEU ad hoc. Mas ter uma capacidade sólida de MEU requer um esforço conjunto”, Grant Newsham, pesquisador do Japan Forum for Strategic Studies.

“Se o Japão pensar nisso, dentro de um ano ou ano e meio, poderá ter uma capacidade razoável”.

Newsham, que ajudou a treinar as primeiras tropas anfíbias do Japão como oficial de ligação do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, disse que o Japão ainda precisa de um quartel general anfíbio para coordenar as operações, bem como mais navios anfíbios para transportar tropas e equipamentos.

Os planejadores militares japoneses já estão ponderando algumas dessas adições. Sua Força Aérea de Autodefesa (JASDF) quer adquirir F-35Bs para operar a partir de seus porta-helicópteros Izumo e Ise, ou de ilhas ao longo do Mar da China Oriental, disseram fontes à Reuters.

Os Estados Unidos desdobraram no mês passado seus F-35Bs em suas primeiras operações no mar a bordo do navio de assalto anfíbio USS Wasp, que tem sede em Sasebo. O porto de Kyushu também abriga o porta-helicópteros Ise do Japão e fica próximo à base da ARDB.

Separadamente, a JGSDF (Japan Ground Self-Defense Force – Força Terrestre de Autodefesa do Japão) pode adquirir pequenos navios anfíbios de até 100 metros (328,08 pés) de comprimento para transportar tropas e equipamentos entre ilhas e de navio para terra, disseram duas fontes familiarizadas com a discussão. As forças terrestres japonesas não operam seus próprios navios desde a Segunda Guerra Mundial.

“A ideia é trazer forças e equipamentos em grandes navios para a ilha principal de Okinawa e depois dispersá-los para outras ilhas em embarcações menores”, disse uma das fontes, que pediu para não ser identificada por não estar autorizada a falar com  meios de comunicação.

FONTE: Reuters

Subscribe
Notify of
guest

53 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments