Rússia lança primeira usina nuclear flutuante
Apelidada de ‘Chernobyl flutuante’ por ativistas ambientais, a Akademik Lomonsov produzirá energia para um porto e plataformas extração de petróleo no Ártico
Por Deutsche Welle
A Rússia lançou no sábado (28) uma nova usina nuclear. Com um detalhe: a estrutura não foi erguida sobre o solo, mas sim em uma estrutura flutuante para ser operada no mar.
Batizada como Akademik Lomonosov, a usina deixou ontem um estaleiro em São Petersburgo e iniciou uma longa jornada que vai terminar no Ártico.
Inicialmente, a usina vai atravessar o Mar Báltico, depois contornar a Noruega até chegar ao porto de Murmansk. Nesta última parada, os reatores nucleares serão abastecidos com combustível.
De lá, a estrutura vai ser rebocada por mais de 5 mil quilômetros até a costa ártica de Chukotka, próximo do Alasca. Em 2019, espera-se que a usina abasteça uma cidade portuária, plataformas de petróleo e uma usina de dessalinização.
A previsão é que os dois reatores forneçam eletricidade para um total de 200 mil pessoas no porto de Pewek. Hoje a cidade tem apenas 4 mil habitantes.
O plano original era que a usina já deixasse São Petersburgo com os reatores abastecidos, mas queixas de vários países na rota da estrutura levou a empresa Rosatom, a estatal russa responsável pelos reatores, a abandonar o plano e optar pela parada em Mursmansk.
Uma Chernobyl flutuante?
Ambientalistas criticaram a usina marítima. O Greenpeace chegou a chamá-la de “Chernobyl flutuante”, em referência ao desastre nuclear de 1986 que ocorreu na usina de Chernobyl, na Ucrânia então controlada pelos soviéticos.
Classificado como o pior acidente nuclear da história, o episódio provocou uma evacuação em massa e deixou vastas faixas da Ucrânia e da vizinha Bielorrússia inabitáveis. O Greenpeace também usou a expressão “Titanic nuclear” para criticar o projeto.
“Reatores nucleares flutuando no Oceano Ártico representam de maneira explícita uma ameaça óbvia a um ambiente frágil que já está sob enorme pressão pelas mudanças climáticas”, disse Jan Haverkamp, especialista em energia nuclear do Greenpeace no leste da Europa.
FONTE: G1