EXCLUSIVO: Ingleses sondam interesse da MB em um navio-tanque classe ‘Wave’
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
A Marinha Real Britânica comunicou à Marinha do Brasil (MB) que se prepara para disponibilizar, no próximo ano, um dos seus dois navios-tanque da classe ” Wave” (RFA Wave Knight e RFA Wave Ruler) – unidades relativamente novas (apenas 15 anos de uso), de 196,5 m de comprimento, 31.500 toneladas de deslocamento carregado, e ampla capacidade de apoiar diferentes tipos de operações navais.
Foi o segundo aviso que os militares britânicos deram aos seus colegas brasileiros sobre o assunto – o que, em Brasília, vem sendo entendido como uma sondagem acerca do eventual interesse da MB nesse tipo de embarcação.
De acordo com uma fonte do Poder Naval no Ministério da Defesa, esse é o procedimento normal dos ingleses: eles primeiro investigam se a Marinha da “nação amiga” mostra interesse na embarcação a ser desativada; em caso afirmativo, formalizam a oferta do navio.
A MB estuda a nova situação criada pelas mensagens recebidas do chamado MoD (Ministry of Defense), de Londres.
Os navios da classe Wave custaram pouco mais de 100 milhões de libras esterlinas (cerca de 499,4 milhões de Reais) cada um, mas o preço de transferência ainda não foi definido.
Atualmente, toda a capacidade da Força de Superfície da MB de prover apoio em alto mar, reside nos préstimos do navio-tanque Almirante Gastão Motta (G 23), um navio de 135 m de comprimento, 19 m de largura e 10.320 toneladas de deslocamento (carregado), operado por 121 tripulantes.
A Força tem, há vários anos, interesse em uma moderna unidade de Apoio Logístico, com deslocamento na faixa das 23.000/24.000 toneladas. A possível oferta inglesa, além de representar um sopro de Modernidade nas atividades do 1º Esquadrão de Apoio da Esquadra – hoje reduzido a somente um navio-tanque de alto mar (construído no início dos anos de 1990) –, garantiria uma revitalização das suas atividades.
Gaveta – No segundo semestre de 2014, a então Presidenta Dilma Roussef engavetou o Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER) elaborado pela MB, que previa a construção no país, com o apoio de um estaleiro estrangeiro, de um Navio de Apoio Logístico tripulado por 150 militares.
O projeto precisaria obter o Certificado de Segurança de Construção para Navios de Carga (Solas) e o Certificado Internacional de Prevenção da Poluição do Mar (Marpol), que inclui a adoção de casco duplo(comum nos navios petroleiros) para evitar vazamentos em caso de acidentes.
Segundo os mesmos planos, o navio desenvolveria 20 nós de velocidade máxima, e operaria por 30 dias sem necessidade de reabastecimento, percorrendo até 18.520 km (10.000 milhas náuticas).
A unidade teria hangar à ré, para receber um destacamento aéreo com helicóptero EC-725, e estaria apta a realizar o transporte de combustíveis (JP-5 para aeronaves e MAR-C para navios), água fresca, munições, alimentos frigorificados e instalações médicas (com capacidade para cirurgias de emergência), além, claro, de sobressalentes.
LSS – Atualmente, com a permissão da Marina Militare, a Força Naval brasileira acompanha (desde junho de 2016), o desenvolvimento do Programa LSS (Logistics Support Ship), que, a cargo do Grupo Fincantieri, constrói o novo navio de Apoio Logístico da Esquadra italiana – unidade de 181 m de comprimento, 24 m de boca máxima e 25.000 toneladas (aproximadamente) de deslocamento.
Essa unidade será capaz de suportar as necessidades de uma Força-Tarefa de combate, por meio do transporte de combustível dos tipos naval e aeronáutico, água potável, munições, óleo lubrificante e peças de reposição. Bem como lidar com as consequências de um desastre natural de grandes proporções, fornecendo apoio médico (hospital) classe Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) Role 2 Light Mobile.
Armamento – Os petroleiros rápidos britânicos da classe Wave pertencem à Real Frota Auxiliar do Reino Unido.
Dotados de casco duplo – para diminuir o risco de contaminações no mar –, eles, além de proporcionar combustível às demais embarcações da Royal Navy destacadas para regiões marítimas distantes, cumprem missões anti-pirataria na perigosa zona do Chifre da África, e de combate ao tráfico de drogas no Mar do Caribe.
É isso que explica o armamento variado e poderoso para um navio logístico, que chegaram a receber duas estações de defesa aproximada anti-míssil/antiaérea CIWS Phalanx.
Desdobrados em missões de patrulha no Atlântico Norte, esses navios, em vez de embarcarem um helicóptero multiuso tipo Merlin, vêm operando ou um aparelho Lynx ou uma aeronave da Guarda Costeira dos Estados Unidos.
Os classe Wave carregam até 16.000 m3 de líquidos e 500 m3 de material sólido. Equipamentos de osmose reversa instalados a bordo garantem a produção de 100 m3 de água potável ao dia.