Destróier Asahi, primeiro de sua classe

Destróier Asahi, primeiro de sua classe

Destróier Asahi, primeiro de sua classe
Destróier Asahi, primeiro de sua classe

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

Agora a Marinha do Brasil (MB) entendeu porque as autoridades do Ministério da Defesa japonês vêm, há meses, enfatizando as “ótimas taxas de juros e o parcelamento de longo prazo” oferecidos aos seus “parceiros estratégicos” que desejarem contar a alta tecnologia dos produtos da Indústria de Material de Defesa do Japão.

Poder Naval apurou junto a uma fonte do Ministério da Defesa, em Brasília, que o governo do Primeiro-Ministro Shinzo Abe está disponibilizando para as Forças Armadas brasileiras alguns de seus produtos mais modernos – todos de custo (para os padrões brasileiros) bem elevado.

Eis a relação dos equipamentos sugeridos aos chefes militares do Brasil:

  1. Submarino classe Soryu;
  2. Destróier classe Asahi;
  3. LPD Classe Osumi;
  4. NApLog Classe Mashu;
  5. Radares navais fixos AESA e sistemas de combate;
  6. Aeronaves de patrulha Kawasaki P-1; e
  7. Aeronaves de transporte Kawasaki C-2.

Entre todos esses itens, apenas os destróieres tipo Asahi, de 151 m de comprimento e 5.100 toneladas vazios (6.800 toneladas a plena carga), além dos radares e sistemas de combate, se encaixariam de imediato no rol de necessidades brasileiras.

Ocorre que, no Orçamento de Defesa japonês de 2015, cada Asahi teve seu custo estimado em 893 milhões de dólares (com a moeda americana cotada por seu valor em 2009), o que torna o navio impossível para a MB – mesmo com “ótimas taxas de juros e o parcelamento de longo prazo”.

O Comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira, enviou seus subordinados para perguntarem aos japoneses sobre a possibilidade de “compras de oportunidade” entre as quatro classes de destróieres com 20 anos ou mais, hoje em operação na frota da Força Marítima de Autodefesa do Japão (JMSDF).

A resposta foi curta e direta: não há, no momento, previsão de baixa para esses navios.

Todos são requeridos para as missões de vigilância das águas jurisdicionais japonesas e o cumprimento de compromissos internacionais. A ameaça que se agiganta no horizonte asiático é, evidentemente, a vigorosa expansão naval da China.

Asahi (DD-119) no Mitsubishi Heavy Industries Nagasaki Shipyard em 25 de novembro de 2017
Asahi (DD-119) no Mitsubishi Heavy Industries Nagasaki Shipyard, em 25 de novembro de 2017
LPD classe Osumi
LPD classe Osumi

Turbinas a Gás – Projetados para enfrentar os rigores da guerra antissubmarino, os Asahi começaram a ser construídos em 2015, e acabaram dotados de bons recursos também para o enfrentamento de ameaças aéreas e a eliminação de alvos de superfície.

Na Força Naval japonesa a classe transporta três sistemas de mísseis e um lançador de despistadores, além de um canhão de proa de 127 mm, tubos lança-torpedos e um moderno sistema anti-torpedos. A JMSDF opera dois desses navios e tenciona, agora, obter o terceiro.

A propulsão COGLAG, que se vale de dois eixos, está apoiada no funcionamento de duas turbinas a gás modelo GE LM2500 (variante do conhecido propulsor aéreo General Electric CF6), fabricado em três versões pela GE Aviation.

As turbinas LM2500 já são conhecidas da Marinha do Brasil e são empregadas nas corvetas classe Inhaúma e Barroso.

Submarino classe Soryu
Submarino classe Soryu

Soryu – A MB não esperava, mas também recebeu proposta para comprar submarinos Tipo Soryu – que chamam a atenção dos almirantes da Índia –, e uma classe de navio-doca de Assalto Anfíbio – a Osumi –, cujo projeto se assemelha ao de um porta-aviões leve (14.000 toneladas carregado).

Essas duas ofertas competem, entretanto, com navios que a MB já encomendou.

A Classe Soryu está constituída por submarinos convencionais de 84 m de comprimento, que têm quase uma vez e meia o deslocamento dos navios franceses Scorpène (que o Brasil está construindo no complexo industrial naval de Itaguaí): 2.900 toneladas à superfície e 4.200 toneladas em imersão.

Os japoneses gostam de dizer que o Soryu dotado de tecnologia AIP é submarino que está um patamar acima da Classe Scorpène (argumentaram dessa forma na concorrência aberta pela Marinha Australiana, em 2015); já os franceses garantem que o Scorpène é um dos submarinos mais silenciosos em operação.

JS Mashū (AOE-425)
JS Mashū (AOE-425)

Os japoneses também ofertaram para a Marinha do Brasil – por venda a preços de mercado, bem entendido – o projeto do navio de Apoio Logístico tipo Mashu, de 220,98 m de comprimento e 25.000 toneladas de deslocamento (a plena carga).

Nesse momento os chefes navais brasileiros preferem apostar na chegada de uma oferta acerca do Wave Ruler, navio reabastecedor e logístico, de aproximadamente 31.500 toneladas, que a Marinha Real mantém na reserva e, ano que vem, será repassado à marinha de alguma “nação amiga” do Reino Unido.

Autoridades navais britânicas já conversaram com militares brasileiros, informalmente, sobre o assunto. Os contatos aconteceram durante o período em que chefes navais do Brasil se encontravam no sul da Inglaterra para o recebimento do porta-helicópteros Atlântico (ex-HMS Ocean).

Consultado, o almirante Leal Ferreira deu aprovação ao negócio. Seus assessores estão na expectativa de que a carta formalizando a oferta do navio chegue a Brasília ainda no primeiro semestre de 2019.

Kawasaki P-1
Kawasaki P-1

Kawasaki – No capítulo das aeronaves japonesas ofertadas ao Brasil – o jato de Patrulha Marítima P-1 e o jato cargueiro C-2 – também nada existe a destacar.

Substituto do P-3C Orion na Aviação Naval japonesa, o moderníssimo quadrirreator Kawasaki P-1 –, competidor direto do famoso Poseidon americano –, é tão caro – cerca de 145 milhões de dólares a unidade – que ainda não ganhou nenhum operador fora do Japão.

França, Alemanha e Nova Zelândia se assustaram com os custos de aquisição e operacionais. Tailândia e Vietnã mantém o interesse na aeronave, mas é só.

O jato de transporte Kawasaki C-2 tem um perfil operacional ligeiramente superior ao do Embraer KC-390. A aeronave japonesa transporta 36,7 toneladas de carga útil, enquanto o 390 embarca 26 toneladas.

Mas a grande vantagem do jato brasileiro sobre o C-2 está no valor de aquisição.

Fontes americanas estimam o dispêndio por um Kawasaki em 138 milhões de dólares. Em abril de 2013, durante uma coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, um dirigente da Embraer (em rara manifestação sobre o assunto preço) estimou que o 390 chegará ao mercado por menos de 90 milhões de dólares.

Kawasaki C-2
Kawasaki C-2
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