Marinha define 1º PMG do PHM Atlântico para o ano de 2022
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
A Marinha do Brasil (MB) marcou o 1º Período de Manutenção Geral (PMG) do Porta-Helicópteros Multipropósito (PHM) Atlântico para o ano de 2022.
A manutenção acontecerá no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). Já em 2020 a MB procederá à compra de sobressalentes e outros materiais necessários ao serviço.
O comandante do navio, capitão de mar e guerra Giovani Corrêa, irá supervisionar a aquisição dos itens necessários à conservação do Atlântico, mas já não estará mais a bordo quando o trabalho, propriamente dito, for iniciado: em 2021 ele deixará o comando de sua unidade para cursar a Escola de Guerra Naval. Entre 2022 e 2023 já começará a concorrer a uma vaga de contra-almirante.
Mas ainda há muita água para passar debaixo da ponte.
Mês que vem o Atlântico receberá 200 Aspirantes da Escola Naval, para com eles e com várias outras embarcações da Esquadra, participar do exercício Aspirantex – comissão que os levará ao porto uruguaio de Montevidéu.
O embarque permitirá um aprendizado contínuo.
O Ocean – atual Atlântico – foi projetado para transportar até 18 helicópteros, número que a Royal Navy dificilmente reunia (o normal era de 12 a 14 aparelhos).
Os futuros oficiais da MB serão inteirados, por exemplo, de que o spot (posição de estacionamento de aeronave) de vante A – que fica mais à frente no convés de voo do Atlântico (no Ocean chamado de spot de vante L) –, só permite aeronaves até o porte do Super Lynx, de 15,24 m de comprimento e peso (carregado) de 5,3 toneladas.
Na tarde da quinta-feira da semana passada (13.12), o CMG Corrêa recebeu a reportagem do Poder Naval a bordo do Atlântico, para uma entrevista exclusiva.
Eis alguns trechos dessa conversa relativos à operação dos helicópteros no Atlântico:
PN – Na Marinha Real o Ocean raramente embarcava o seu destacamento aéreo máximo, de 18 aeronaves. Na Marinha do Brasil quantos helicópteros o navio terá a bordo?
CMG Giovani Corrêa – A quantidade de helicópteros a bordo dependerá sempre da missão a ser cumprida. O ideal é a aeronave permanecer no convoo apenas durante seu emprego. Depois fazemos a hangaragem para preservá-la e realizar as manutenções que o aparelho requer. O Atlântico pode transportar até sete aeronaves no convés de voo, e 18 no hangar. Mas o ideal é, no hangar, reservar o espaço para as sete que se encontrem, eventualmente, no convoo.
PN – Não haverá problemas, portanto, para receber os helicópteros da Força Aeronaval…
Giovani – As aeronaves de médio e grande porte da Marinha, UH-15 e SH-16, são preparadas para dobrar as pás, e, no caso específico do SH-16, também a cauda. Isso reduz o espaço necessário à hangaragem e facilita o transporte pelo elevador de aeronaves. Assim era com o [helicóptero] Merlin da Royal Navy. Mas algumas aeronaves não possuem essa facilidade, como o Apache, por exemplo, que também embarcou no Ocean. A solução era desmontar as pás do helicóptero no convoo, guarda-las em caixas e hangarar a aeronave sem as pás. Muito interessante…
PN – E como a tripulação do Atlântico agirá no caso de helicópteros da FAB e do Exército Brasileiro que não são projetados para embarcar em navios?
Giovani – Até o porte do UH-15, a princípio, todos cabem no hangar do navio com as pás abertas. Precisamos só testar. No caso de aeronaves maiores teremos de estudar a melhor solução, que pode até ser não hangarar, como ocorria com os [helicópteros de carga] Chinooks que o Ocean recebia…
PN – Este é, portanto, só o começo do trabalho com a Aviação Embarcada de Asas Rotativas…
Giovani – Isso mesmo. Estamos em um estágio inicial de tudo. Há um longo caminho a percorrer.
Almirantado – Outro aprendizado importante em que o PHM Atlântico está envolvido é o do chamado “efetivo flutuante”.
O navio tem 432 tripulantes – mesma quantidade que operava o Ocean – mas pode transportar, tranquilamente, 500 fuzileiros navais. Em casos extremos, até 800 desses militares. Por enquanto, o maior destacamento de fuzileiros recebido a bordo foi de 160 homens.
Todas essas novidades afetam, claro, a rotina da embarcação. Inclusive na hora do rancho.
A tripulação normal é atendida por nove cozinheiros e 12 arrumadores. A cada embarque de tropa anfíbia é necessário aumentar o pessoal da cozinha.
Comissões superiores a dois meses também levam o Atlântico a embarcar um capelão naval do Corpo Auxiliar, que pode ser um sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana ou um pastor evangélico.
Nesse capítulo do “efetivo flutuante” outra questão a ser resolvida pelo comandante do Atlântico é a do eventual embarque no navio dos dez almirantes de esquadra que constituem o Almirantado.
Giovani tem três camarotes no porta-helicópteros e, durante a travessia, usa sempre o que fica próximo ao passadiço.
Nesse esquema ele libera outros dois camarotes com banheiro privativo para a dupla de quatro estrelas mais antigos. Os outros oito são alojados em camarotes bem equipados, mas precisam se revezar nos banheiros.