Coreia do Sul oferece fragata classe ‘Ulsan’ à Argentina
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
O ministro da Defesa argentino, Oscar Aguad, examina a conveniência de enviar um grupo de oficiais da sua Marinha à base naval sul-coreana de Jinhae (312 km a sudeste da capital Seul), para que eles inspecionem uma fragata da classe “Ulsan”, de 103,7 m de comprimento e 2.300 toneladas de deslocamento, oferecida como doação pela Administração do presidente Moon Jae-in ao governo Mauricio Macri.
A oferta, formalizada por meio de um documento assinado pelo Adido de Defesa, Naval e Aeronáutico da República da Coreia do Sul na Argentina (também acreditado no Chile e no Paraguai), tenente-coronel do Exército Ho Lim, acontece após uma série de reuniões entre militares dos dois países – que, em pelo menos uma oportunidade, contou com a intervenção pessoal do chanceler argentino Jorge Faurie.
As informações foram publicadas, nesta segunda feira, pelo jornal econômico bonaerense Ámbito Financiero, que teve acesso ao expediente Nº 238/2018 da diplomacia argentina – um dos que trata do assunto.
O lote inicial de embarcações da classe Ulsan foi comissionado pelos sul-coreanos na primeira metade da década de 1980, e descomissionado a partir de 2014.
A classe abarca navios lança-mísseis maiores e mais capazes que as corvetas tipo Pohang, também doadas por Seul às Armadas da Colômbia e do Peru.
Navio-doca – O Ámbito Financiero levanta a hipótese de a proposta acerca da fragata ser a ponta de lança, ou cunha, de um estreitamento das relações militares entre Coreia do Sul e Argentina.
Os sul-coreanos têm um interesse imediato de vender aos argentinos entre 12 e 16 caças leves KAI FA-50 – iguais aos que vêm sendo adquiridos por Tailândia e Filipinas –, e, se possível, de encorpar essa operação comercial com a licença para que a indústria naval argentina construa um navio-doca classe Makassar – igual ao Pisco, recém-construído pela empresa SIMA-Peru, do porto de Callao.
No caso do navio, a primeira tentativa dos sul-coreanos foi feita com base em um equívoco: o de propor que a construção fosse feita no Astillero Río Santiago, da periferia da capital, empresa que mantém importante litígio com o governo Macri.
Em sua correspondência para o Ministério da Defesa argentino, Ho Lim solicita que o governo argentino arque com os gastos da viagem da equipe de inspetores navais e, mais tarde, com as custas do envio de uma tripulação e do translado do navio desde Jinhae até a base naval de Puerto Belgrano.
O primeiro passo a ser dado por Aguad é manifestar oficialmente, por escrito, o interesse da Administração Macri no navio.
Os inspetores argentinos vão avaliar o estado geral da fragata a ser disponibilizada e, sobretudo, estimar o custo que caberá à sua Marinha suportar para sua prontificação.
Já está claro que os dois sistemas de mísseis da classe Ulsan – um antinavio (Harpoon) e outro antiaéreo (Mistral) – foram retirados, e não serão repostos. Bem como os dois lançadores triplos de torpedos antissubmarino.
Restaram em cada unidade dessa classe dois reparos de 76 mm e três reparos duplos de canhões de 40 mm. Com essa configuração os Ulsan – que, originalmente, alcançavam a velocidade máxima de 34 nós – poderão, apenas, realizar missões de patrulha oceânica – algo ainda relevante para a Armada Argentina, especialmente se for levado em consideração o desgaste das corvetas tipo A-69 (de origem francesa) que operam na Flota de Mar (Esquadra argentina).