Porta-aviões USS Hornet da Segunda Guerra localizado a 5 mil metros de profundidade no Pacífico
Por Tom Demerly
Em uma história sensacional que parece ter sido retirada de um romance de ficção de Clive Cussler, o navio de pesquisa privado financiado pelo finado bilionário Paul Allen localizou os destroços do histórico porta-aviões USS Hornet (CV-8) descansando no fundo do Oceano Pacífico a uma profundidade de mais de três milhas.
O USS Hornet era um porta-aviões da classe “Yorktown” construído em 1939 que desempenhou um papel fundamental na Segunda Guerra Mundial no Pacífico. Foi afundado durante a Batalha das Ilhas Santa Cruz, no Pacífico, em 26 de outubro de 1942. Aproximadamente 140 militares americanos foram mortos durante um violento ataque aéreo japonês ao porta-aviões que acabou resultando em sua perda.
As forças japonesas que atacaram o USS Hornet usaram bombardeiros de mergulho Aichi Tipo D3A “Val” lançando bombas que perfuram blindagens e os torpedeiros Nakajima B5N “Kate” para atacar o porta-aviões. O Hornet ficou paralisado na água com incêndios em seus conveses de voo impedindo as operações de aeronaves. Ele foi rapidamente colocada sob o reboque pelo cruzador pesado USS Northampton (CL/CA-26). Durante as operações de reboque, os japoneses renovaram seus ataques ao porta-aviões paralisado com um grupo de nove aeronaves de ataque de torpedo B5N “Kate”. Oito dos torpedeiros atacantes “Kate” foram abatidos, mas um atingiu com sucesso que desativou os principais sistemas elétricos e fez os compartimentos a bordo do Hornet inundarem, criando uma séria inclinação de 14 graus que impossibilitou operações adicionais de reboque. O Hornet estava morto na água. Nada menos que o almirante William “Bull” Halsey, da Marinha dos EUA, ordenou que o USS Hornet fosse propositalmente afundado depois que o restante de sua tripulação fosse evacuado.
A Marinha dos EUA disparou 400 projéteis de 5 polegadas contra o USS Hornet a partir de armas de convés a bordo de destróieres e lançou nove torpedos nele durante as tentativas de afundá-lo. Alguns dos torpedos provavelmente tiveram mau funcionamento. Dois destróieres japoneses finalmente chegaram ao alcance do porta-aviões, finalmente afundando o Hornet com uma salva de torpedos Long Lance.
O USS Hornet foi um navio de combate significativo durante a Segunda Guerra Mundial. O primeiro ataque aéreo dos Estados Unidos ao Japão continental, o famoso “Doolittle Raid” foi lançado do convés do porta-aviões em 18 de abril de 1942. O USS Hornet também lutou durante a batalha de Midway entre os dias 4 e 7 de junho de 1942. A Batalha de Midway é considerada fundamental por muitos historiadores, já que foi a primeira grande batalha naval disputada exclusivamente com aeronaves que lutaram “além do alcance visual” ou “BVR”.
O naufrágio do USS Hornet foi descoberto usando um veículo submersível remotamente pilotado a uma profundidade de 17.716 pés. Um equipamento avançado de detecção de sonar detectou um objeto com a forma e as dimensões do Hornet a partir de um drone submerso. Após a descoberta do sonar, um submarino maior, remotamente pilotado, foi lançado do navio de pesquisa RV Petrel. A descida para 17.716 pés de profundidade, onde a pressão é esmagadora e é perpetuamente escura, já que nenhuma luz atinge aquela profundidade extrema, levou mais de duas horas para o submersível remotamente pilotado.
A descoberta do USS Hornet segue várias outras descobertas significativas de destroços pela tripulação de Paul Allen a bordo do RV Petrel. Em 4 de março de 2018, a tripulação do RV Petrel localizou o naufrágio submerso do porta-aviões USS Lexington em 6.637 pés de água no Pacífico. Fotos do naufrágio mostraram alguns aviões baseados nos porta-aviões norte-americano que pareciam praticamente intactos descansando no fundo.
A rede de notícias americana CBS incorporou o correspondente estrangeiro sênior Mark Phillips a bordo do RV Petrel no Pacífico durante a busca pelo USS Hornet. Phillips estava a bordo de Petrel quando o Hornet foi visto pela primeira vez. Ele conseguiu gravar o drama da descoberta que se desdobrava para o noticiário da CBS.
Na reportagem de Phillips, veterano da Segunda Guerra Mundial e membro da tripulação do USS Hornet, Richard Nowatzki, agora com 95 anos, recebeu um vídeo da arma anti-aérea da qual era tripulante a bordo do USS Hornet, onde atuou na Segunda Guerra Mundial. Nowatzki estava a bordo do Hornet quando ela lançou o “Doolittle Raid”. Ele também sobreviveu ao afundamento do Hornet. Na entrevista da CBS, Nowatzki disse a Mark Phillips: “Se você for até meu armário no navio, há US$ 40 nele. Pode ficar com você.”
O líder da expedição, Robert Kraft, assistiu ao videoclipe do submarino em águas profundas enquanto circulava os destroços três milhas abaixo da superfície, procurando pela designação “8” pintada no casco para fazer uma identificação positiva do USS Hornet. Quando Kraft avistou as marcas no naufrágio, ele disse: “Ah sim … wow. É ele.”
Fotos tiradas pelo submersível operado remotamente mostraram os destroços de um caça Grumman F4F Wildcat em baixo, perto do Hornet. As asas da aeronave estavam faltando, mas o F4F era identificável pelo distintivo trem de pouso redondo na abertura da fuselagem.
FONTE: The Aviationist
espetacular…
impressionante!
Foi destruído seus restos pelos contratorpedeiros IJN Makigumo da classe Yuugumo, e IJN Akigumo da classe Kagerou.
Ótima matéria!! Fiquei com uma dúvida: não teria sido a Batalha do Mar de Coral a primeira batalha aeronaval “BVR”??
Você tem razão, a Batalha do Mar de Coral deu-se entre 4 e 8 de maio de 1942. Na ocasião, a USN perdeu o NAE Lexington, afundou o NAEl ShoHo e danificou os NAEs Shokaku e o Zuikako, que devido aos danos inflingidos não puderam combater em Midway.
Imagine a emoção, você ex tripulante, rever seu navio 77 anos depois
Me lembrou em partes o Almirante Negro reencontrando o Minas quando ele foi descomissionado na década de 50
Acho que seriam para muito poucos devido a idade.
Me sinto honrado lendo essa reportagem, tempos difíceis, grandes homens. Minhas considerações a Marinha Americana e seus braços marinheiros.
Que imagens incríveis, um pedaço da história preservado onde a luz não chega. Excelente matéria.
Impressionante como as linhas do navio continuam belas..desde os antigos como os novos porta-aviões.
Sensacional !
Li um livro que em parte narrava a estória deste porta-aviões e sua valente tripulação.
Eu tinha então 14 anos !
Sds.
Impressionante a imagem do sonar; praticamente uma foto.
Dou maior valor.
Essa empresa localizou o que provavelmente a marinha americana procurou por vários anos.
Tecnologia nem sempre é uma questão só de dinheiro.
Um rapaz numa oficina de fundo de quintal pode criar coisas que a NASA (que por sinal deixou de ser exemplo de alta tecnologia) não conseguiu.
O Brasil poderia estar melhor na área tecnológica.
caramba ! que descoberta espetacular fotos maravilhosas olha o estado de conservação.
P/ quem tiver interesse tem o vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=IrmJn6Oudos
Me impressionou a quantidade de carga para afundar o navio, centenas de disparos de canhão, dezenas de torpedos….com o navio parado!
A batalha de Midway não foi a primeira BVR. Foi a batalha do Mar de Coral.
Impressionante o estado de conservação dos destroços. Cores ainda preservadas, mangueiras do sistema hidráulico acopladas na arma, trator com pneus e grande parte do navio ainda preservada no fundo do mar.
Bem legal!!
Pois é Ricardo, mas os pneus do trator deveriam se apresentar murchos pela pressão e não cheios como mostra o pneu dianteiro, isso mostra que a “foto” é apenas uma ilustração.
Não é ilustração, é foto mesmo. Acontece que o pneu foi pressionado na medida que aumentava a pressão, então, após vazar o ar, o pneu tomou a forma original já que a pressão interna se igualou a externa. A pouca corrosão se deve o baixo teor da água assim como a composição do leito oceânico. Já o Titanic está com a corrosão avançada devido a uma bactéria presente naquela região onde repousa.
Para quem assistiu aquele filme deplorável “Pearl Harbor” o “Hornet” é mostrado com um imenso número 8 pintado de branco na parte dianteira do convés de voo…mas essa prática surgiu apenas em 1943 e os números eram pintados em preto.
Michael Bay conseguiu a façanha de fazer o único filme sobre a WWII que eu acho uma droga. Só preta a parte do ataque japonês, e olhe lá.
Não achei o filme deplorável não, tando Tora,tora, tora como este são muito bons, mas peral harbor tem melhores efeitos visuais e mostra a incursão dos B-25.
Marcelo…melhor assistir o ótimo “30 segundos sobre Tóquio”…a incursão de maneira alguma foi como mostrada no filme “Pearl Harbor” com todos os 16 atacando o mesmo alvo ao mesmo tempo…nem mesmo tiveram o cuidado de disfarçar navios “modernos” durante o ataque japonês e aquele triangulo amoroso foi de matar…”Tora Tora Tora” está em outro nível também.
O problema desse filme é que, até finalmente chegar no que realmente importa ( ataque a Pearl Harbor e Doolitle Raid ), você é obrigado a aguentar 2 horas de um romancezinho água com açúcar insuportável, digno de Crepúsculo ou revista Capricho.
Marcelo, ‘deplorável’ não consegue nem chegar perto. O filme é horrível, horroroso, horrendo, tenebroso… faltam adjetivos negativos.
Dalton, eu peço que tenha mais cuidado quando postar da próxima vez. Eu estava almoçando quando você mencionou Pearl Harbor e, como todos sabem, nojeiras e almoço não combinam. Geralmente eu tenho estômago forte, mas nesse caso fiquei mareado.
😛
E eu ainda paguei para assistir no cinema…teria assistido de qualquer forma, mas, deveria ter assistido em casa. 🙂
Infelizmente eu cometi o mesmo erro. Haviam meses eu vinha acompanhando a produção através de revistas como AFM e Air Classics, que mostravam as aeronaves que estavam sendo usadas, incluindo aquele A6M original com motor Sakae. Depois que vi o trailer fiquei convencido de ir. Quase fui expulso do cinema depois de uma reação involuntária quando um dos personagens decolou com seu P-40 e alertou ao outro que deveriam voar baixo, entre os prédios…. enfim… se decepção matasse eu teria infartado ali na hora. Mas prepare-se. Li em algum lugar que no Memorial Day desse ano será lançado um novo… Read more »
Aparentemente será um bom filme Leandro, conforme li, muito melhor do que o Midway” de 1976, apesar dos grandes “astros” e ainda tenho o livro que chamou à minha atenção pela capa com uma ilustração muito boa do Nae Hiryu, uma cópia do poster promocional do filme.
Não cheguei à ver o poster promocional do filme, mas agora que já sei que existe, vou dar uma procurada na internet. Já posso imaginar qual a imagem do Hiryu usaram. De qualquer forma, hoje em dia, depois de ‘Wind Talkers’ e ‘Pearl Harbor,’ vou à esses filmes acompanhado de um primo, outro entusiasta no assunto, que é médico, caso eu tenha aquele infarte hehehehe. Mas sinceramente vou já achando que o filme será horrível. Se for bom, será uma surpresa muito agradável. Eu li sobre quem era parte do elenco desse novo filme, e vi que Woody Harrelson, um… Read more »
Durante a cena do ataque japonês, se não estou enganado, aparece a proa de fragatas OHP, já reparou?
Sim e também alguns “Spruance” alguns já descomissionados, mas, o mais impressionante no filme é que tentaram fazer parecido com “Star Wars” quando as aeronaves japonesas voavam por entre os encouraçados atracados…lamentável !
E os japoneses sendo abatidos… parecia que cada aeronave japonesa era pilotado por um clone do Coyote do Papa-Léguas….
Pergunta aos entendidos: no filme, quando o Estado Maior fala a Roosevelt sobre os dados do ataque, e informam ao presidente que é impossível atacar o Japão no momento, o presidente se levanta da cadeira de rodas e diz a eles que nada é impossível. Isso aconteceu mesmo?
Sim, foi um momento histórico. Ele morreu antes de acabar a guerra, mas autorizou o projeto nuclear americano, deslocando uma fortuna para concluir.
Uma cena “forte” sem dúvida, mas, nunca aconteceu, conforme li.
Grande reportagem, excelentes fotos! Grande e honrossa sepultura que, penso eu, deve ser deixada em paz.
R.I.P.
Embora descer aquela profundidade seja algo difícil, a Marinha Americana não tem registrado as coordenadas dos seus navios que afundaram?
Espetacular o quanto o navio parece conservado. Imagino quantos navios da WWII naufragaram no Atlântico e no Pacífico.
Minhas condolencias a todos os parentes dos mortos, norte americanos e japoneses nessa batalha em que morreram muitos. Parabens ao site pelas fotos e pelo artigo.
Essa batalha foi encarniçada mesmo. Para quem gosta do assunto guerra no pacífico, neste mês está passando no history channel um documentário chamado: A Guerra do Pacífico a Cores, em 4 capítulos salvo engano.
Recomendo, muito bom mesmo.
Ótima matéria,como era um navio capital,os recursos de combate a danos materiais eram ótimos e também ficou patente que não é fácil afundar um navio desses.E estamos falando do japão,potência militar daquele tempo.
Então na mesma proporção esses porta aviões norte-americanos novos devem ser difíceis de por a pique…
sera hein , olha o estrago que um foguete Zuni causou no porta-aviões USS Enterprise (CVAN-65) por acidente.
Tem um documentário no Youtube sobre esse Hornet ( CV-8 ) e do classe Essex CV-12, mas como o outro vídeo que sugeri ficou várias horas retido, não vou postar o link, procurem pelo título:
“USS Hornet – Porta Avioes – History Channel – Naves Heroicas Documentario em Portugues”
Excelente material e cobertura! Fantástica a técnica para localizar o Hornet. As imagens estão com boa definição e interessante a preservação de equipamentos a bordo.
Ao ver o Wildcat fiquei triste lembrando que a MB não conseguiu achar o A4 “naufragado” há alguns anos, mesmo sendo em águas rasas, com pleno conhecimento das coordenadas e apenas alguns dias após o acidente…
Talvez Nilson pelo fato do “Wildcat” ter afundado com o “Yorktown” evitando assim um impacto forte com à agua, que pode ter reduzido o “A-4” à pedaços que mais facilmente foram levados pelas eventuais correntes submarinas…o trem de pouso dianteiro foi localizado.
Onde escrevi “Yorktown” leia-se “Hornet”.
Na terceira foto pensei que era um x-wing.
https://www.youtube.com/watch?v=LFn6p9s7KJU