Chile comprará as duas últimas fragatas classe M; Brasil despreza a classe Bremen

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Fragata chilena Almirante Blanco Encalada (FF-15)
Fragata chilena Almirante Blanco Encalada (FF-15)

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

O portal americano de notícias navais Naval Today revelou, nesta quarta-feira (13.02), que a Armada Chilena deve adquirir as duas fragatas holandesas da classe Karel Doorman (também conhecidas como Classe M) que restam à Marinha Real Holandesa.

Os navios, de 122,3 m de comprimento e 3.320 toneladas de deslocamento, são equipadas com uma peça de artilharia de 76 mm na proa e canhões de tiro rápido, um CIWS Goalkeeper para defesa antiaérea de ponto, e dois sistemas de mísseis (contra ameaças aéreas e alvos de superfície).

Os chilenos já assinaram uma carta de intenção (Letter of Intent, ou, simplesmente, LoI) nesse sentido, e podem estar se antecipando a uma informação que circula nos meios navais europeus, relativa à incerteza sobre a disposição da Marinha Real de se desfazer das suas fragatas Tipo 23 – que interessam tanto aos chefes navais chilenos quanto aos seus colegas brasileiros.

A LoI foi firmada durante a recente visita ao Chile do diretor da organização de encomendas de Defesa do Ministério da Defesa da Holanda, almirante Arie Van de Waard.

De acordo com Van de Waard, o Comandante da Marinha Holandesa, vice-almirante Rob Kramer, autorizou que as duas Classe M – HNLMS Van Amstel e HNLMS Van Speijk – sigam para o Chile nos anos de 2024 e 2027, respectivamente. Depois que, em meados de 2020, sua Esquadra tiver recebido modernas fragatas concebidas para a guerra antissubmarino (que também serão entregues à Armada da Bélgica).

A Força Naval chilena já opera duas Karel Doorman – a Almirante Riveros (FF-18), ex-Tjer Kiddes, e a Blanco Encalada (FF-15), ex-Abraham van der Hulst –, obtidas há cerca de 15 anos.

Fragata Lübeck F214, classe Bremen, em Salvador-BA, em 2010 – Fotos: Alexandre Galante
RAM sobre o hangar
Lançadores de Sea RAM sobre o hangar da F214

Classe Bremen – Não obstante essa movimentação da Armada Chilena, o Poder Naval apurou que a Marinha do Brasil (MB) reage com aparente indiferença às informações que circulam no âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), sobre o início do descomissionamento, no fim deste ano, das duas fragatas alemãs classe Bremen (Tipo F122).

De acordo com uma fonte do setor de Material da MB ouvida pelo PN, o sistema de mísseis antiaéreos SEA RAM (que funciona como um CIWS), de origem americana, instalado na popa dos navios Classe Bremen representaria, efetivamente, um ganho para a MB. Mas os navios em si, de 3.680 toneladas – porte de uma fragata Classe Niterói –, estariam demasiadamente desgastados para serem considerados como uma boa “compra de oportunidade”.

A MB nunca os vistoriou.

Não se sabe se a falta de atitude da Marinha do Brasil, ano passado, em relação ao descomissionamento das embarcações Classe M decorreu de um desconhecimento sobre a aposentadoria desses navios, ou de uma diretriz da Alta Administração Naval Brasileira.

O novo Comandante da Marinha, almirante de esquadra Ilques Barbosa Júnior, já declarou que sua Força usará as fragatas de que dispõe atualmente – 6 FCN e duas FCG – pelo maior tempo possível.

Uma outra informação que corre na MB: a classe Bremen chama a atenção da Armada da República Oriental do Uruguai (interesse que tem, pelo menos, uns cinco anos, desde que os alemães divulgaram, pela primeira vez, sua disposição de retirar os navios da ativa).

Ano passado, Berlim concordou em transferir à fraca Força Naval Uruguaia duas lanchas de salvamento marítimo não militares.

Augsburg (F213)
Augsburg (F213)

IFF – A fragata Augsburg (F213), chega amanhã à sua base de Wilhelmshaven, às margens do Mar do Norte, encerrando sua última missão a serviço da Agência de Defesa da União Europeia.

Em junho próximo ela suspenderá de novo, mas para realizar somente uma rápida comissão de treinamento de pessoal; depois disso será preparada para a desmobilização, que está marcada para acontecer ainda antes do fim de 2019.

A outra F122, Lübeck, regressou de uma jornada organizada pela Otan em dezembro passado. Sua baixa é aguardada para o ano de 2021.

Também as Marinhas de Portugal e da Bélgica operam fragatas classe M. A partir de 2020 esses barcos navegarão com um novo sistema de identification Friend or Foe – identificação amigo ou inimigo (IFF) –, fornecido pela empresa francesa Thales; e a expectativa é de que esse equipamento também seja instalado nos navios holandeses agora reservados para o Chile.

Popa da fragata Augsburg com dois helicópteros Lynx no convoo
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