EXCLUSIVO: Proposta das FREMM soa como ‘promessa vazia’ e fragiliza Fincantieri na MB
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
Os oficiais que, no âmbito da concorrência da classe Tamandaré, rechaçam uma solução “política” para o certame – baseada na empatia entre o presidente Jair Bolsonaro e o governo da Itália –, vêm, nas últimas horas, reagindo com vigor à ideia de que, nesse momento, a empresa que tem as maiores chances de receber a encomenda dos quatro navios de escolta da nova série da Marinha do Brasil (MB) é a italiana Fincantieri.
Para eles, a notícia aventada por autoridades de Roma, de que o Brasil poderia receber, a preços facilitados (financiamentos a perder de vista), duas fragatas pesadas tipo FREMM, de 6.700 toneladas, além de uma centena de blindados sobre rodas Centauro (de 2ª mão), constituem, na antessala da decisão sobre os escoltas tipo Tamandaré, nada mais do que propostas não concretizadas, ou “promessas vazias” desses concorrentes.
Uma fonte do grupo de oficiais contrários à solução “política” procurou o Poder Naval para dizer que a MB “não cai nessas promessas vazias dos italianos. Que o que vale é o que está no papel. Sem oferecer formalmente [navios ou veículos blindados] a MB entende [as supostas ofertas] apenas como especulações”.
De acordo com o mesmo chefe naval, a Fincantieri parece ter percebido “de que precisa de algo mais para atrair a atenção da MB e, por isso, pediu a ajuda do Governo Italiano para, juntos, lançarem essa proposta NÃO CONCRETIZADA de oferecer FREMM e Centauro”.
DEN – Mas se a Fincantieri está na berlinda, a situação da associação montada pelo estaleiro holandês Damen Schelde Naval Shipbuilding (DSNS), a divisão naval do conhecido grupo SAAB e o estaleiro Wilson Sons não é menos crítica.
Nesse momento, a proposta da Damen está, literalmente, sob o bombardeio de seus competidores.
Um desses adversários dos holandeses contou ao PN: na Diretoria de Engenharia Naval (DEN), a oferta do navio Sigma 10514 parece embutir “pegadinhas de projeto”, tanto na parte de propulsão quanto no setor de geração de energia.
Os militares inimigos da tal solução “política” também enxergam problemas no oferecimento feito pelas poderosas grifes Damen/SAAB.
A fonte do PN pergunta: essa parceria não “parece estar correndo atrás (de forma tardia) de parceiros? Essa corrida de última hora da DAMEN/SAAB parece ser uma tentativa de mostrar um produto que está ficando para trás”.
E a mesma fonte acrescenta: “no Programa CCT [Corveta Classe Tamandaré] o financiamento não é importante, pois os recursos virão da capitalização da EMGEPRON. Porém, o preço final e o off-set são importantíssimos”.
Embraer – Nesse momento, soa também eloquente o silêncio de duas competidoras: a alemã TKMS (ThyssenKrupp Marine Systems), e a francesa Naval Group (antiga DCNS) – ambas ofertantes de embarcações na faixa das 3.200 toneladas.
No caso germânico, rebrilha como uma importante carta na manga a promessa de que a brasileira Embraer Defesa & Segurança receberá um vasto cabedal de informações sobre a integração/funcionamento dos equipamentos eletrônicos a bordo do navio Meko A100 Light Frigate proposto ao Brasil.
No caso francês, do Naval Group – que apareceu em quarto e último lugar no short list da nova série de escoltas divulgado em outubro passado pela Marinha – o melhor que se pode dizer é que a possibilidade de a Esquadra herdeira das tradições do almirante Tamandaré alinhar uma flotilha de escoltas tipo Gowind 3000 (uma Gowind 2500 mais robusta) dispensaria a pintura de camuflagem nos navios.
Seria a vitória da própria zebra.
Nota do Editor: Os grifos em negrito no texto são de responsabilidade do articulista.