Fuzileiros Navais peruanos receberão helicópteros médios russos Mi-171 Sh
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
A Aviação da Marinha de Guerra do Peru prepara um importante salto de qualidade em sua capacidade de transportar pessoal combatente.
Semana passada, a Força Naval divulgou que, no âmbito do Programa de Recuperación de la Capacidad de Movilidad Aérea Eficaz y Soporte de la Fuerza con Aeronaves de Ala Rotatoria en la Base Aeronaval del Callao, serão adquiridos cinco helicópteros médios Mi-171 Sh, de fabricação russa, capazes de embarcar, cada um, 36 fuzileiros navais completamente equipados (ou uma dúzia de macas para a evacuação de feridos).
A Fuerza de Infanteria de Marina peruana é relativamente pequena – cerca de 4.000 militares – e, num primeiro momento, as aeronaves servirão às operações de Deslocamento Rápido e Vigilância na Região Amazônica, onde atuam grupos irregulares que se dedicam à guerrilha, à defesa de áreas produtoras de maconha e pasta de cocaína e à proteção do contrabando.
A Marinha possui dois batalhões de Infantaria de Marinha de Selva desdobrados na Amazônia peruana.
Até aqui, esses combatentes, em suas movimentações, vêm sendo apoiados por helicópteros da FAP (Fuerza Aerea Peruana) e pelos dois únicos aparelhos Mil Mi-8T Hip C, também russos, que o Peru mantém voando (em meio a uma série de restrições operacionais).
Prevista para se estender pelos próximos dois anos e meio, a chegada dos novos Mi-171 Sh, representará uma vantagem significativa, em relação aos préstimos dos Mi-8T.
Por exemplo: seu limite de carga útil é de 4 toneladas. Impulsionado por um par de motores VK-2500 (de 2.700 hp), o helicóptero decola pesando até 13 toneladas, voa a uma altitude máxima de 6.000 m, e seu raio de ação, sem tanques de combustível auxiliares, alcança os 580 km.
O Mi-8T não carrega mais do que 3 toneladas; seu teto operacional é de 4.500 m, e o alcance não supera os 450 km.
A FAP comprará 8 unidades do mesmo Mi-171 Sh – para missões de transporte, salvamento e evacuação aeromédica em áreas de combate – como forma de estandartizar a manutenção.
Força Aeronaval – Cada uma dessas aeronaves russas custa cerca de 20 milhões de dólares (sem o pacote de sobressalentes, equivalente a 10% desse custo), valor amplamente divulgado na América do Sul ainda no período 2013/2014, época em que o 2º governo da então presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner tentou, em vão, obter dois desses aparelhos diretamente na Rússia, para reforçar os voos de sua Aviação Militar sobre a Antártida.
A compra não foi concluída pelo temor dos russos em abrir um crédito em dólares, sem garantias especiais, para a Administração peronista de Buenos Aires.
Atualmente os argentinos estão empenhados em obter um Sikorsky SH-60 Seahawk americano, dos estoques de aeronaves usadas das Forças Armadas dos Estados Unidos, para embarca-lo no navio polar Almirante Irízar.
No Brasil, o histórico de emprego dos helicópteros para o transporte de frações da tropa do Corpo de Fuzileiros Navais – que ajudou a construir a fama do aparelho britânico Westland/Sikorsky WS-55 Whirlwind (nos anos 1960/1970) e do americano SH-3D/H Sea King –, precisou ceder espaço à ênfase adotada pela Força Aeronaval, na década de 1990, para o desenvolvimento dos seus meios e o aperfeiçoamento das suas tripulações nas técnicas de guerra antissubmarino e de guerra de superfície.
Nesse momento, o transporte de fuzileiros vem sendo feito pelos helicópteros UH-14 (Super Puma) e UH-15 (Super Cougar), modelos que se equiparam ao Mi-171 Sh russo, mas não o superam – nem em capacidade de carga útil, nem em desempenho no ar.