Marinha do Brasil estuda adotar novo sistema de salvamento submarino
Compra de mini-submarinos de salvamento dispensaria sucessor do Felinto Perry
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
O Comando da Marinha, assistido pelo Comando da Força de Submarinos e pela Diretoria-Geral do Material da Marinha, está examinando a possibilidade de investir cerca de 50 milhões de dólares na aquisição de um sistema de salvamento submarino idealizado pela companhia britânica James Fisher Defense – JFD.
Esse kit de socorro subaquático está constituído por dois veículos submarinos: um de menor tamanho, não tripulado, indicado para fazer o primeiro contato com a tripulação do submersível em dificuldades no fundo do mar – e, eventualmente, transferir-lhe suprimentos –, e um segundo veículo, este sim tripulado, conhecido pela sigla DSAR (de Deep Search and Rescue, Busca em Profundidade e Resgate) destinado à extração dos tripulantes do barco acidentado.
Ambos os veículos (e seus periféricos) são transportáveis pelo ar, mas exigem ao menos três jatos cargueiros KC-390 para que possam ser removidos de um lugar a outro.
Por essa metodologia, tão logo chegue a um porto o conjunto de salvamento poderia ser embarcado em um dos três Navios de Apoio Oceânico (NapOc) recentemente adquiridos pela Marinha, e ser levado ao ponto exato, no mar, onde se encontra o submarino em dificuldades.
Atualmente, os navios de Apoio Oceânico se encontram sediados em Rio Grande, sede do 5º Distrito Naval – o Mearim –; no Rio de Janeiro, sede do 1º Distrito Naval – o Purus –; e em Belém, sede do 4º Distrito Naval – o Iguatemi.
Baixa velocidade – A eventual compra do equipamento proposto pela JFD dispensaria a Marinha do Brasil (MB) de se preocupar com a aquisição de um navio de salvamento submarino apto a substituir o barco dessa especialidade na Esquadra – Felinto Perry –, que, praticamente, chegou ao fim da sua vida útil, e apresenta sérios problemas de propulsão.
O kit de resgate da JFD já equipa algumas dezenas de marinhas ao redor do globo – as da Austrália, Coreia do Sul, Singapura e Suécia dentre elas.
O único ponto menos entusiasmante do esquema de salvamento em apreciação é o de que os navios classe Mearim, de 63,4 m de comprimento e 1.943 toneladas de deslocamento (carregados), só podem desenvolver uma velocidade particularmente baixa – em deslocamento rápido não superior a 10-12 nós. A velocidade máxima, de 13,5 nós, não pode ser sustentada por muito tempo.
Entre hoje e sábado, a JFD estará recebendo oficiais da Marinha Brasileira e de outras Armadas em seu stand B34 na LAAD Defence & Security do Rio de Janeiro.
San Juan – Lançado ao mar na Noruega, em julho de 1979, o Felinto Perry, de 77,8 m de comprimento e 4.107 toneladas, fez carreira, por quase dez anos, como navio de salvamento submarino a serviço de empresas que operavam nos campos de petróleo do Mar do Norte.
Em novembro de 1988 ele foi comprado pela MB, e dois meses mais tarde já estava incorporado à Esquadra.
Dotado de veículo subaquático de operação remota equipado com câmeras de vídeo, ele chegou a ser acionado, no fim de 2017, para participar das buscas ao submarino argentino ARA San Juan, desaparecido misteriosamente ao largo da costa argentina. Mas o que o navio brasileiro pôde fazer foi pouquíssimo, até porque sua baixa velocidade (resultado de problemas na propulsão) ficou claramente demonstrada.
Atualmente o navio serve, especialmente, ao treinamento dos mergulhadores da Marinha.
Depois da tragédia com o San Juan, a Marinha passou a tratar com mais atenção o atual estado de obsolescência do seu serviço de salvamento submarino. Mas, ano passado, a substituição do Felinto Perry perdeu prioridade para a mobilização que a Força vem empreendendo no sentido de obter um novo navio polar (que poderá ser comprado no exterior ou construído no Brasil sob planos adquiridos no estrangeiro).