Submarino Riachuelo na água

Submarino Riachuelo na água, no dia do lançamento

Submarino Riachuelo na água
Submarino Riachuelo foi lançado no dia 14 de dezembro de 2018

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

A ICN (Itaguaí Construções Navais) e a Marinha do Brasil (MB) estudam devolver o submarino Riachuelo – primeiro Scorpène brasileiro – ao mar em agosto, com um atraso de um mês em relação ao último cronograma divulgado.

O navio foi lançado ao mar na manhã da sexta-feira 14 de dezembro, mas (ao contrário do que imagina o público leigo) no fim desse dia foi recolhido, por meio do shiplift (elevador de navios instalado no complexo industrial militar de Itaguaí), e levado de volta ao chamado main hall – o gigantesco prédio do estaleiro, a poucos metros do mar – para ser efetivamente terminado e posto em condições de flutuar com total segurança.

Em fevereiro deste ano, os chefes navais e a ICN acertaram que o submarino desceria à água, pela segunda vez, no mês de junho. No entanto, os trabalhos de acabamento do navio vêm se estendendo por um prazo maior que o previsto, e, agora, a nova ideia é depositar o navio na água em agosto.

A manobra exigirá a contratação de um profissional especializado na tarefa (docking master), cuja data precisa ainda não foi definida.

Somente depois disso é que começarão os testes de ajuste de pesos a bordo, e de ativação dos diferentes sistemas (geração de energia, refrigeração, motorização, etc.)

A partir daí o Riachuelo estará pronto para fazer a comprovação inicial de estanqueidade completa do seu interior, por meio de imersão estática e de imersão dinâmica.

Inicialmente o submarino irá mergulhar até assentar num ponto do leito submarino próximo ao complexo de Itaguaí, a uma profundidade pequena, em torno dos 20 metros.

A Marinha do Brasil já recebeu o torpedo F21 de treinamento

Atraso – Nenhum ponto dessa rotina desperta preocupação especial.

Para os militares integrantes da Força de Submarinos chama maior atenção o atraso no cronograma de desenvolvimento do torpedo francês F21, vendido pela empresa DCNS (atual Naval Group) à Força Naval brasileira – no âmbito do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) – e à própria Marinha francesa.

As primeiras entregas do F21 à frota submarina da França deveriam ter começado no ano passado, o que não aconteceu.

A alternativa de equipar a Marinha do Brasil com o torpedo F17A2 – predecessor do F21 –, como forma de não retardar o início das provas de tiro do Riachuelo, é mal vista pelos chefes navais brasileiros.

A velocidade máxima do modelo F17 gira em torno dos 35 nós; a do F21 deve alcançar os 50 nós (93 km/h).

Outra opção seria usar o torpedo americano Mk.48 a bordo do Scorpène brasileiro. Contudo, o estratagema exigiria uma série de licenças de parte do governo americano (Marinha americana, Departamento de Defesa e Departamento de Estado), além de entendimentos diretos entre a Naval Group – fabricante do navio – e a companhia estadunidense Lockheed Martin – atual encarregada do estágio de desenvolvimento da arma.

Para agravar a situação, a Marinha, na gestão Leal Ferreira (2015-2018), não conseguiu impedir a dispersão do time de especialistas nacionais que estudava o desenvolvimento de um torpedo pesado nacional na empresa Atlas Elektronik, situada na região da cidade de Hamburgo, norte da Alemanha.

O trabalho era considerado fundamental para que, no futuro, o país tenha a capacidade de fabricar os torpedos que irão a bordo do seu primeiro submarino de propulsão nuclear (previsto para ficar pronto dentro de dez anos).

A equipe de Hamburgo pertencia aos quadros da companhia paulista Mectron que, ainda em 2017, comunicou ao Ministério da Defesa e a Leal Ferreira que iria se retirar do programa.

A vitória do grupo alemão ThyssenKrupp Marine Systems na concorrência dos Navios Classe Tamandaré, pode ensejar uma reaproximação entre a Atlas e a MB no assunto dos torpedos, mas isso ainda é mera suposição.

Navio de Salvamento Submarino Felinto Perry K11, da Marinha do Brasil
Navio de Salvamento Submarino Felinto Perry K11

Felinto Perry – Outro assunto pendente na Força de Submarinos é a aquisição de um navio de salvamento de submarinos – compra que irá permitir a baixa do Felinto Perry, de construção norueguesa, cujo lançamento ao mar completará, em julho próximo, 40 anos.

A MB recebeu a oferta de um navio civil de engenharia submarina que se encontra, no momento, em Singapura. Militares brasileiros precisarão verificar se essa embarcação é capaz de receber todos os equipamentos que, atualmente, se encontram a bordo do Perry.

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