Marinheiros russos estavam tomando banho de sol em destróier que quase se chocou com cruzador americano

Um vídeo de um destróier russo chegando a cerca de 20 metros de um navio de guerra dos EUA na última sexta-feira (7/6) mostrou mais do que apenas um contato imediato entre as grandes potências do mar filipino. Observadores próximos viram rapidamente o que pareciam ser marinheiros russos tomando sol no heliponto do destróier na popa do navio.

O vídeo da aproximação dos navios, divulgado pela Marinha dos EUA, mostrou dois indivíduos no navio russo que parecem estar sem camisa com um sentado em uma cadeira de praia.

Naquele mesmo momento, a Marinha dos EUA disse que o destróier russo estava acelerando pela popa do USS Chancellorsville e fechando a uma “distância insegura” entre 15 e 30 metros, forçando o cruzador de mísseis guiados dos EUA a executar manobras de emergência para evitar uma colisão.

Um almirante russo aposentado argumentou na segunda-feira que os marinheiros russos tinham todo o direito de tomar sol porque o navio não estava em guerra.

“Há um tempo para a guerra e um tempo para tomar sol”, disse o almirante Valentin Selivanov, ex-chefe de gabinete da Marinha Russa, a uma agência de notícias financiada pelo governo russo.

“Os marinheiros e oficiais almoçaram. Eles estão em seu intervalo pós-almoço, satisfeitos por estarem servindo no sul”, explicou.

O almirante disse que “se alguém estava tomando banho de sol, então dezenas estavam também”.

“E sim, você tem que se despir para tomar sol”, acrescentou.

Mesmo os meios de comunicação russos destacaram a presença dos marinheiros sem camisa durante a aproximação, com o canal internacional RT financiado pela Rússia, descrevendo os marinheiros russos como “tomando sol” em letras maiúsculas em uma manchete.

Não são permitidos banhos de sol a bordo dos navios da Marinha dos EUA, disse um oficial da Marinha dos EUA à ABC News. O oficial descreveu várias razões para a regra, incluindo que os navios são um ambiente de trabalho profissional. A segurança também seria uma preocupação, acrescentou o oficial, por exemplo, se um marinheiro sem camisa escorregar no convés.

No entanto, os marinheiros norte-americanos nadam como atividade recreativa durante as “swim calls”, nas quais usam roupas de banho.

Um analista naval especulou que é possível que os marinheiros no convés do helicóptero não soubessem o que o destróier Almirante Vinogradov estava prestes a se aproximar do USS Chancellorsville.

De acordo com Bill Bray, do Instituto Naval dos EUA e ex-oficial da inteligência da Marinha dos EUA, os banhistas no heliponto provavelmente faziam parte do destacamento de helicópteros a bordo do destróier Almirante Vinogradov e não participavam formalmente da tripulação do navio. Isso significa que suas principais tarefas são garantir que o helicóptero a bordo do destróier esteja sendo mantido adequadamente e aguardando ordens de voo.

“Eles provavelmente não tinham ideia de que o Vinogradov estava prestes a fazer nas proximidades do USS Chancellorsville”, disse Bray à ABC News por e-mail.

Bray lembrou que, durante a Guerra Fria, faltava comportamento militar a bordo de navios espiões soviéticos que seguiam os navios da Marinha dos EUA a curta distância por horas ou dias, às vezes a uma distância de menos 1.000 metros.

“Os marinheiros andavam no convés sem camisas em um clima quente e ensolarado. De fato, em várias ocasiões notei que eles tinham cães a bordo com eles”, observou Bray.

Mas Bray atribuiu isso à Marinha sendo uma força principalmente conscrita durante a Guerra Fria”, significando que muitos da tripulação não queriam estar lá e estavam apenas cumprindo seu tempo de recrutamento.

Bray também especulou que ainda há uma cultura na Marinha Russa de não confiar no pessoal júnior com muito conhecimento. “A transparência da liderança não é grande para eles”, disse Bray. “Assim, há pouca dúvida em minha mente de que a maioria da equipe não foi avisada sobre o que o comandante iria fazer.”

Na semana passada, a Frota do Pacífico da Rússia argumentou que foi o navio americano que mudou de rumo sem aviso prévio, forçando o navio russo a evitar a colisão. A declaração russa também disse que o navio transmitiu um protesto em uma freqüência internacional ao navio dos EUA, dizendo que suas ações eram inaceitáveis.

Desde o incidente, os militares dos EUA emitiram uma queixa diplomática formal a Moscou.

FONTE: ABC News