Fragata Niterói foi destaque internacional quando entrou em serviço
Por Alexandre Galante
A entrada em serviço das fragatas Vosper Mk.10 na Marinha do Brasil no final dos anos 70 atraiu a atenção da imprensa internacional. Os navios foram alvo de várias matérias elogiosas e tiveram destaque em livros especializados como o Modern Naval Combat, de 1986.
Logo na abertura do livro, aparece a fragata Constituição com a legenda: “Fragatas, como a brasileira classe Niterói, tornaram-se os mais amplamente utilizados navios de guerra modernos, com capacidades muito maiores que seus homólogos da Segunda Guerra”.
Na seção de análise dos principais navios de guerra da época, a classe Niterói ganhou um perfil de duas páginas com um desenho em três dimensões e os perfis das variantes A/S e E/G.
O autor apresenta o histórico de exportações de navios de guerra da Vosper Thornycroft e menciona as características modernas das Niterói, como a tripulação reduzida para um navio do seu porte e o robusto sistema de armas.
A fragata Niterói também foi garota propaganda nos anúncios da Vosper Thornycroft em revistas de Defesa da época e no anuário Jane’s Fighting Ships.
A revista Flight International de janeiro de 1977 publicou uma reportagem sobre as provas de mar da fragata Niterói na Inglaterra. Uma equipe da revista esteve a bordo durante os testes finais antes da incorporação e pode constatar as excelentes características do navio.
A reportagem diz que mesmo o navio desenvolvendo velocidade máxima de 30 nós com as turbinas Olympus, os níveis de ruído e vibração eram mínimos. Um funcionário da Vosper disse que o navio era o melhor projeto da companhia até aquela data.
A reportagem foi a primeira a mostrar uma foto do paiol de mísseis antissubmarino Ikara da fragata Niterói (ver foto no final deste post), destacando que tinha um sistema de manuseio de mísseis mais simples do que o empregado nos navios da Royal Navy. Aparece também uma foto de uma parte do COC da fragata.
Um documento de ouro.
Os leitores que tirem suas conclusões.
A marinha brasileira sempre andou em sobressaltos, ao menos desdo os anos finais do império, período a partir do qual tenho mais conhecimento. Primeiro com o encouraçado Riachuelo e Aquidã, no fim do século XIX. Depois, com o início da corrida armamentista aqui, que começamos com a classe de encouraçados Minas Gerais. Por último, as fragatas niterói. Hoje comemoramos as corvetas bombadas que, ao fim e ao cabo, comparativamente com o que há de disponível no planeta, não cumpre a mesma função que cumpriam as Niterói na data de construção, nem impõe o respeito do Riachuelo e dos nossos dreadnoughts.… Read more »
“O país do futuro” me falaram!
RR Olympus não eram as turbinas que o Concorde usava?
Eram sim, as mesmas do Concorde.
Galante uma pergunta,me veio agora uma questão interessante. Com a baixa da Niterói,seria possível instalar o lançador de mísseis áspide no PHM Atlântico?. Visto que muito se fala da modernidade do radar artisan,ele aceitaria essa integração?. Isso claro, se os áspide estiverem atualizados também né. Abraço e parabéns por essas matérias, servi a MB também por nove anos e nove meses,tive passagens pela defensora e a união. Mas servi mais tempo na força de apoio (forapo) No saldoso Ntrt arry parreiras. Quando sobrar um tempo faz uma matéria sobre esses navios e a falta que fazem a MB hoje esses… Read more »
Sem pós queimador, é claro !!!
E o Vulcan também.
A Niteroi colocou de fato a MB na lista das marinhas mais modernas do mundo na época, com muito orgulho estive a bordo da Niteroi, na sua visita inaugural em Santos nos idos de 1977, os jornais da cidade publicavam: “A mais poderosa unidade da sua classe no mundo”, era a unidade da Marinha do Brasil….Era a promessa de um Brasil que estava dando certo e que tinha gente seria que queria fazer do Brasil uma potencia mundial, mas nos anos seguintes, tudo mudou…….
Depois veio a “democratização”. E todos os governos civis com ranço misturado com inveja derivada da incompetência. Sem planejamento estratégico, nem compromisso com o país. Nos deixaram nesta condição vergonhosa.
Verdade, estavam entre os navios mais modernos, mas, da mesma forma como ocorreu com a incorporação dos encouraçados de 1910, foi efêmera a relevância devido a constante atualização da tecnologia e das ameaças. . Já em 1985, apenas 5 anos após a incorporação da última fragata, a revista “Segurança & Defesa” nr 7, àquela com o poster do Galante, faz ressalvas quanto ao armamento antiaéreo e a capacidade de embarcar apenas um helicóptero, no caso, um “leve” que em missão contra submarinos apenas seria um vetor de torpedos , afinal, foram concebidas na década de 1960 de acordo com a… Read more »
Fazendo um paralelo com os dias atuais, seria como se a MB hoje incorporasse fragatas superiores a FREMM, A400 e afins?
Seria como se a MB hoje incorporasse uma FREMM levemente melhorada
Então seria como adquirir as Type 26, hoje?
Exato, com o acréscimo que que o Projeto da moderníssima Classe Niterói, ia além de seis fragatas para espanto de muitos, com sequência de construção totalmente local de mais outras. Porém, esse projeto ainda em seu início foi interrompido pela genialidade inheca de um determinado Almirante.
“Foi interrompido pela genialidade inheca de um determinado Almirante”
Pode falar mais sobre isso? Desconheço essa história.
Caro Wilber vc pode encontrar o conteùdo totla aqui: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10831/disserta%C3%A7%C3%A3o%20final%20para%20entrega.pdf?sequence=3&isAllowed=y (…) o Ministro que sucedeu ao Almirante Adalberto Nunes, foi o Almirante Henning* que não gostava muito do projeto das fragatas, tendo até considerado vendê-las para a Arábia Saudita. (…) assim, quando se começou a programar a continuação do programa original (construir mais fragatas), o Almirante Henning resolveu que a Marinha deveria construir navios menores, como as corvetas e interromper a execução do programa original que deveria chegar a trinta fragatas. Daí surgiu o projeto das corvetas Classe Inhaúma que na verdade são produtos da engenharia naval brasileira, mas podem… Read more »
Nesse ponto rompeu-se o acordo militar com os americanos?
Muito interessante isso que você está mostrando.
Esse cenário me lembra da disputa interna que tinha na marinha quando da construção do terceiro encouraçado brasileiro, o projeto original lembra os Rivadavia argentinos só que com melhor blindagem e canhões maiores (14 pol), mas mudou o ministro da marinha e o navio construído foi o que conhecemos.
A marinha brasileira precisava substituir seus cansados contratorpedeiros que constituíam a espinha dorsal da esquadra e em 1980 ainda havia 12 deles, então fez sentido partir para um navio mais barato que poderia ser construído em grande número, daí a classe “Inhaúma”. . Na revista Segurança & Defesa n 21 de 1988, em texto de Eduardo Italo Pesce há o seguinte trecho: ” A entrada em serviço das quatro novas corvetas solucionará apenas em parte o problema – retirada dos contratorpedeiros – pois a construção das 12 unidades adicionais – o total poderia chegar a 16 – será provavelmente inviabilizada… Read more »
Dalton
Parece que você contou nossa situação atual… BR nunca muda…
🙁
“…No que se refere à economia brasileira, durante os anos 80, foram verificadas reduções no PIB, sendo que o crescimento médio que era de 7% (anos 70) caiu para 2% na década de 80. Fora isso, as taxas internacionais de juros causaram um crescimento da dívida do Brasil com os EUA, além do aumento do déficit público. A dívida interna seguia o mesmo caminho, aumentando cada vez mais por causa da política fiscal expansionista do Governo brasileiro. Costuma-se dizer que os anos 80 foram o enterro da expansão vivida nos anos 70, que ficou conhecida como milagre econômico….” Alguém disse… Read more »
Foi como se a MB tivesse incorporado as Meko 100A na época. As Niteróis eram fragatas leves derivadas das Type 21, navios baratos, construídos em grandes números para completar GTs ou realizar missões secundárias.
Nem de longe tinham os melhores sensores ou armamentos da época, porém eram modernas e capazes. Paralelo a FREMM creio que seriam as Type 42 por exemplo, que a Argentina incorporou pouco depois.
E hoje em dia oquê sobrou… e o pouco que sobrou quer vender Submarinos p a Argentina, vender Fragátas p Paízes vizinhos e dezarmando e dezativandos os mesmos e afundando algumas, a MB deveria ficar por mais tempo com as (Fragátas Submarinos e Corvetas)., no Brasil se faz 5 Navios novos e desativa outros 5 Navios, não sai de Números pequenos de Navios
Esses equipamentos que estão sendo oferecidos são inservíveis para uma Marinha moderna. Se continuamos com elas, não virão outras.
Caro Derley, o caminho da MB não é ser uma marinha maior, mas sim uma força mais enxuta, mais moderna e com muito maior disponibilidade. Até 2030 a MB provavelmente terá que desativar mais cerca de 40 navios, cujo tempo de serviço já terá ultrapassado em muito os 40 anos. Se nesse mesmo período conseguirmos comissionar cerca de 20-25 novos navios (uma média de cerca de 2 por ano) já estaremos muito no lucro.
29/06/19 – sábado, bdia, IM, gosto muito de suas postagens com a sua clara visão da MB, entretanto sou obrigado a discordar de você, olha já vi muita água rolar, e, como um grande interessado na nossa MB, queria estar enganado, porém, não vejo pessoas (comandantes) que realmente vista a farda das forças armadas. Não sei se antes por causa do término da II G mundial existia preocupação em manter a MB operacional hoje vejo nossos comandantes simplesmente cumprindo protocolo (gostaria de estar errado), não vejo empenho, aceitam o que vem, enquanto nossas FA ficam decadentes. Volto a afirmar ”verba… Read more »
Caro, Essa oferta do Japao não existiu. Eles abriram o portfólio que produzem. Você vai a uma feira ou a uma convenção entra em qualquer stand de vendas e sai com um catálogo. Mesmo que futuramente exista algum interesse nos navios japoneses…por que eles seriam “navios baratos” ou “meios de oportunidade”? Custam o que valem…os olhos da cara. Há que cumprir as etapas de uma liquidação financeira. Disponibilidade, reserva, pagamento. Esses 2 bilhões que haviam na Emgepron garantem a assinatura de 1 Meko. Para financiar os 7 bilhões das CCT “pagando aos poucos” aos alemães precisa haver os 7 bilhões… Read more »
Se te um comentarista que não acrescenta nada a narrativa, é você!
Verdade. Muita pretensão esperar que seja acrescentado qualquer palavra minha a uma narrativa em um site militar. Estou aqui como aprendiz. E como ignorante. Às vezes ou muitas vezes exagero nas opiniões. Nasci assim. Tenso. Obrigado pela crítica. Tentarei me aprofundar mais nos temas. Quanto à oferta dos japoneses. Oferta é o que foi feito pela RN com o ex Ocean atual Atlântico. A MB analisa, estuda a conveniência, a necessidade e vai buscar. Depois que pagar. O governo japonês não ofereceu navio algum. As conversas editadas pelo jornalista Roberto Lopes acontecem entre governos. Coisa normal. Troca de protocolos. Sugestões… Read more »
É isso. Tem que ser eficiente. Melhor 15 ou 20 aptos e prontos X 40 ou 50 que não saem do porto.
Esteves 15 ou 20 seria fantástico, se dermos sorte na próxima década teremos 10 escoltas operacionais, a MB sofre pela falta de visão geopolítica e empenho do Almirantado, no Brasil é fácil ser funcionário público, difícil é ser empreendedor e visionário, nós sempre pagamos a conta…
Olha, Não acredito nesse nível de incompetência. Ao contrário. Penso que permitimos um grande desabalando desbalanceado do Legislativo que avançou nas despesas obrigatórias. Se o pessoal aqui permitir, conto história. Foi jurista reconhecido na região. Professor inclusive. Comandou assessorias e departamentos. Emitia pareceres sólidos quando havia inconstitucionalidade nos projetos. Sabe o que o Legislativo fazia? Passava a régua antes do despacho. Cortava o papel. O projeto ia ao plenário sem o parecer. Votado e aprovado seguia para sanção. Se o prefeito estivesse às turras com o plenário vetava. Se não…sancionado seria. O parecer? No lixo. Nas leis. É nas leis… Read more »
O problema do nosso amado país não funcionar em nada: forças armadas, estatais, prefeituras e outros. É o fato de não haver planejamento para oferta de cargos públicos, sistema de aposentadoria pública, e isso compromete muito a eficiência dos serviços públicos. Nossa lei orçamentária municipal, autoriza o executivo a gastar 60% com folha de pagamento, 25% educação e 15% saúde, pronto 100% do orçamento municipal comprometido. Sobra o que para investimento?, aí os municípios para fazer uma obra, arrumar um asfalto, tem que bater na porta dos governos, ou pedirem emendas parlamentares. Perdemos nossa capacidade de investimento em todas as… Read more »
No alvo, Atirador.
Até que enfim um comentário plausível aqui.. falou tudo..no alvo
E acrescento que para mudar essa mentalidade nem o atual governo federal vai conseguir, visto o drama de se aprovar alguma mudança nesse país, é tanta coisa errada enraizada na política que pra mudar,só fechando tudo e começando do zero.
Infelizmente a culpa é mesmo de quem não sabe dar valor ao seu voto nas eleições.
Mas acredito que possa ter uma mudança daqui pra frente, independente de esquerda ou direita,tem muita gente honesta nos dois lados, desonestos tem maioria..mas..acreditar é o que resta ainda.a passos curtos,mas um dia muda.
Ótima reportagem, parabéns. A MB deve acordar e dizer ao MD e ao Governo Federal que necessitamos Belonaves do nível das FCN à seu tempo, eram referência de modernidade quando lançadas ao mar. Agora é hora de tentar tirar esse atraso e aproveitar a oferta do governo Japonês, quem sabe umas Murassame hein. O principal é a falta de recursos (dinheiro), pois bem o governo Japonês oferece crédito, quem sabe, cabe ao Comandante da Marinha e ao Almirantado pressionar e mostrar as reais necessidades da Armada ao Governo Federal. Não sou especialista, mas acho que é preciso dar um choque… Read more »
É lastimável o descaso em que a marinha foi reduzida nesses últimos 40 anos. Tiveram 40 anos para planejar e construir uma classe substituta . . . Quarenta anos e não fizeram nada. É lamentável o fracasso contínuo do almirantado e do governo.
Na verdade não foram 40 anos Daniel, pois antes de se pensar em substituir fragatas, existiu a necessidade de se substituir os contratorpedeiros adquiridos do estoque da US Navy e a solução encontrada foram as corvetas da classe “Inhaúma” , originalmente 12 seriam construídas,a primeira das quais teve a construção autorizada em 1981 mesmo ano que foi autorizado o NE “Brasil” derivado das fragatas classe “Niterói”. . Duas fragatas otimizadas para defesa de área baseadas na classe “Niterói” seguiriam as corvetas classe “Inhaúma” na década de 1990, mas, a ideia não prosperou e ao invés foi autorizada a construção de… Read more »
Acho que querem terceirizar a defesa naval. Contratar uma facção destas do morro. Eles tem grana e sabem lidar com armas. Não paga nada, só damos a exclusividade na distribuição da ……(opppss…pesdelo…acordei!)
Dalton
Existe limite técnico para a sobrevida de um navio ??? Supondo que os recursos sejam ilimitados e um Estado tenha grana sobrando para torrar em reformas eternas… ( ignorando questões praticas, militares ou orçamentárias, apenas a parte técnica)
O casco aguenta ?? Se sempre reformado, reformado, reformado, atualizado, atualizado, reformado…
Grato
Wagner…
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isso nunca foi e nunca será tentado, então não há registro histórico, mas, minha intuição me diz que eventualmente um navio de superfície e principalmente um submarino se tornará inviável depois de repetidas
revitalizações no casco, sem contar que a situação do casco pode ser agravada por maior uso em oceanos ou mesmo amenizada por uso em rios, mares fechados ou interiores.
abs
Deve ser estranho pro Galante cumprir a tarefa jornalística de cobrir o fim da nave em que serviu e que marcou-lhe a vida. Nostalgia e dever é coisa agridoce…
Do jeito que vai, teremos uma grande marinha – em terra. Aliás, destino natural de nação cujo nome é de um artigo dela extraído e cujo povo permanece em esplendido berço manchado de sangue…
Sem querer abusar e longe de imaginar um acrescentamento…com tantas e tamanhas críticas que fazemos ao estado, aos governos e às instituições brasileiras, penso (pelo amor de Deus é somente uma atribuição) aonde estávamos quando tudo isso acontecia debaixo dos nossos narizes? A Vosper como existiu não existe mais. O país e o mundo dos anos 1970 foram-se. Vocês são jovens. Sou do tempo do disco quadrafonico do Geraldo Azevedo. Antes disso, das pernas da Jane Fonda em Barbarella. Antes…do Alan Ladd em Shane. Para o Esteves…a música acabou nos anos 1970 depois que ele escutou, ouviu e viu John… Read more »
A Niterói tinha um sonar do tipo TAS?
Era um sonar tipo VDS – Variable Depth Sonar
Minha ressalta à classe era sua defesa anti aérea com os já obsoletos misseis Sea Cat, porem como a MB não previa um cenário de forte ameaça vindas do ar (o que as Malvinas-Falklands provaram o contrario). De resto era um navio moderno, foi um grande salto para a MB na época.
O Seacat, se bem empregado, era efetivo. O alcance era curto como o do Seawolf (5.500 m), mas a velocidade dele era subsônica (Mach 0.8), então só dava para engajar alvos que estivessem fechando sobre o navio.
A versão das Niterói era mais avançada, pois permitia o disparo via COC com controle feito pela TV acoplada ao diretor de tiro RTN-10X.
Houve um estudo para modificar o Seacat para engajar alvos “sea skimmer”(roça ondas), mas não foi adiante.