Almirante Mário César Flores: ‘A guerra é assunto de todos’
A entrevista a seguir foi publicada no Jornal do Brasil em 11/12/1988, no final da Guerra Fria, mas parece que foi feita hoje, pois no cenário brasileiro pouca coisa mudou.
O almirante Mário César Flores, então diretor-geral de Material da Marinha e renomado pensador naval brasileiro, por seus artigos publicados na Revista Marítima Brasileira, abria já naquela época a discussão que hoje fazemos nos fóruns e blogs de Defesa brasileiros.
Guardamos essa página de jornal por todos esses ano, achando que um dia ela teria seu valioso conteúdo exposto novamente para uma audiência maior e num momento mais adequado.
Essa é a hora, boa leitura e discussão!
Entrevista / almirante Mário César Flores
Por Mauro Malin
JB – A vigência da nova Constituição favorece a discussão da questão militar pela sociedade?
Alte. Mário César Flores: A Constituição, como documento normativo, não vai ajudar nem atrapalhar diretamente. Indiretamente, ela ajuda, na medida em que amplia a área de atuação e a responsabilidade do Congresso. O Congresso, com os novos poderes, não mais pode se omitir de uma participação responsável, forte, no que diz respeito à segurança nacional, à defesa nacional.
JB – O senhor afirma que um projeto naval complexo iniciado hoje dá frutos daqui a 10 ou mais anos. Por quê?
Alte. Mário César Flores: A formulação do projeto naval, no mundo tecnológico de hoje, é muito longa. Um projeto de navio-escolta, como o da primeira corveta que nós estamos terminando de construir*, foi decidido em 1978 e começou em 1979. Existem equipamentos cujo fornecimento leva de dois a três anos, não são equipamentos de prateleira. Se eu hoje decidir que devo ter determinado sistema de armas, leva oito, dez anos para ficar pronto. Não é para tudo. Evidentemente que um caminhão transportador de soldados eu posso ter dentro de dois anos, um ano. Mas estou me referindo a esses sistemas que desbalanceiam estrategicamente. Se decido a construção de determinado tipo de submarino, é porque tenho de prever que dentro de dez a vinte anos haverá problemas que justifiquem esse submarino. Porque os problemas do momento não serão resolvidos por ele.
Essa projeção não pode ficar apenas no âmbito militar. É essencialmente política e de estadismo. Mesmo no mundo político, é preciso tem algum gênio de estadista para acertar.
JB – O que a Marinha do Brasil pode fazer numa situação bélica?
Alte. Mário César Flores: Atividades muito limitadas – proteção ao tráfego marítimo – em águas próximas ao Brasil. Não temos condições de fazer proteção ao tráfego marítimo, mesmo brasileiro, a grandes distâncias do Brasil. A marinha pode fazer, com muitas limitações, algumas operações de caráter ofensivo com submarinos, aí sim mais distantes. Não muito distantes, porque são submarinos convencionais.
JB – Quantos submarinos o Brasil tem?
Alte. Mário César Flores: Sete submarinos, dos quais três relativamente modernos – são submarinos de procedência inglesa, classe “Oberon” – e quatro residuais do MAP (Military Assistance Program), norte-americanos, que ainda são submarinos fornecidos ao Brasil na vigência do Acordo Militar de 1952. Esses quatro submarinos têm uma validade mais de instrução. Como instrumentos de guerra, deixam a desejar. Na verdade, para fins militares mesmo, nós estamos limitados aos três.
Esses podem atuar um pouco mais distante. Num cenário em que não exista participação de outro país poderoso, não teremos como obter cobertura aérea. A cobertura aérea para as operações navais está limitada àquela que pode ser provida a partir de terra.
Porque o pequeno porta-aviões de que nós dispomos só opera aviões anti-submarino. Então, para fins anti-submarino ele poderia contribuir. Mas para a finalidade de proteção aérea, ele não serve em nada. Ao contrário: é um alvo.
Se nos afastarmos do litoral, não teremos proteção aérea. Não vejo como a gente vá superar isso no futuro previsível.
JB – Então, a Marinha está limitada a operar ao longo do litoral?
Alte. Mário César Flores: É preciso que se debata, com os fóruns da sociedade adequados a isso, se realmente precisamos operar longe do litoral. Isto não é uma decisão naval. É uma decisão nacional. Se realmente precisamos ter capacidade de operar longe do litoral, a instrumentalização operativa passa a ser um problema naval. Vai ter que ter porta-aviões, vai ter que ter avião de interceptação embarcado, passa a ser um problema profissional.
Mas a decisão de que o Brasil pode ter problema de ordem política, de ordem estratégica, de segurança em geral que nos obrigue a operar, vamos dizer, no meio do Atlântico, ou junto às costas da África, transcende a Marinha. Essa é a minha tese fundamental.
JB – Quais são os cenários previsíveis de guerra ou de conflito em que o Brasil poderia se envolver?
Alte. Mário César Flores: É novamente uma resposta política. Teríamos de esboçar algumas hipóteses de cenário. Uma, o cada vez mais improvável conflito envolvendo blocos, os EUA e a União Soviética. Com relação a esta hipótese, nossa participação seria tão marginal, no sentido de influenciar a decisão, seria, fora das águas litorâneas, tão pequena, praticamente simbólica, que não justifica preocupações de preparo militar.
Quando você não vai ter nenhuma influência, para que se preocupar com seu preparo militar? Outro cenário é o de confrontos decorrentes de interesses conflitantes – e isso no mar é muito provável – por percepções diferentes a respeito do direito internacional marítimo, por exemplo. Essa convenção da Jamaica, os Estados Unidos não a aceitam, e com eles algumas potências marítimas, inclusive a URSS (trata-se da terceira Conferência das Nações Unidas sobre a Lei do Mar, assinada em 1982; seus pontos mais polêmicos dizem respeito à mineração submarina).
Amanhã ou depois nós podemos ter pressões de potências maiores com alguma coerção militar. Eu vejo assim, gostaria muito de discutir isso com o civil. O poder militar brasileiro deve ser capacitado para aumentar o patamar de risco de uma potência desenvolvida que queira introduzir na sua pressão uma coerção militar.
JB – O que significa aumentar o patamar de risco?
Alte. Mário César Flores: Os interesses são de tal ordem que uma potência chega a querer introduzir uma coerção militar. Fazer vir uma força naval para respaldar a atuação econômica ou de pesquisa. Algo que fira nossos interesses e a nossa percepção do direito internacional marítimo.
Para isso, convém que o nosso poder militar – não podemos pretender vencer uma potência grande num conflito clássico -, pelo menos faça com que custe caro, aumente o patamar de risco de sua atuação militar, ela faça o balanço para ver se vale a pena. Os interesses são tão vitais que justificam ela se empenhar fortemente? Vamos dar um exemplo não-brasileiro. No caso das Malvinas, que decididamente não é um interesse de que decorra a sobrevivência da Inglaterra, se a Argentina tivesse condições de pôr em risco, mas eu digo risco grave – a atuação inglesa, quem sabe se a Inglaterra não teria sido mais flexível nas negociações.
JB – Mas a Argentina não achou que ia fazer?
Alte. Mário César Flores: A Argentina subestimou a capacidade inglesa. Aí houve erro político. A direção política da Argentina entendeu que a Inglaterra não iria usar meios militares. Mas, vamos supor: mesmo com esse erro político, se a Argentina tivesse uma dúzia de submarinos modernos… O grande calcanhar de Aquiles da Inglaterra nessa operação foi o imenso cordão umbilical logístico, Inglaterra-Ascensão-Malvinas. Ora, se houvesse condições de pôr em risco este cordão umbilical,a complicação para a Inglaterra seria imensa, Porque na verdade a Inglaterra só estava sujeita a ações na área das Malvinas.
Se tivesse que proteger sua frota, já não digo desde a Inglaterra, mas basta admitir de Ascensão às Malvinas, o número de navios-escolta, de navios de proteção, seria muito grande.
A aviação argentina era boa, mas de raio de ação limitado. Eles voavam daquela área de Comodoro Rivadavia, ali por perto, chegavam às Malvinas com poucos minutos de vôo de operação e tinham de regressar. Se a aviação argentina dispusesse de aviões de maior raio de ação, como dispõem os russos, que podem voar o dobro, decididamente o problema inglês seria complicadíssimo. Esse é o segundo cenário que eu penso. Considero válido a gente se preparar para ele.
Termos um poder militar capaz de servir de dissuasor contra o uso da coerção militar em confrontos de interesses que não são vitais. Evidentemente que se os interesses foram vitais a grande potência vem com tudo o que tem e estamos conversados. Mas a maioria desses interesses não são vitais. Não necessariamente apenas no mar. Poder haver outro.
JB – De que tipo?
Alte. Mário César Flores: Às vezes a gente fica pensando. Com o desenvolvimento industrial brasileiro, começamos a ser um fator perturbador, amanhã ou depois começa a surgir um incremento de confrontos. De certa forma, ocorreu isso antes da Primeira Guerra Mundial com a ascensão da Alemanha em termos industriais, complicando a vida da Inglaterra. Bom, este é o segundo cenário. Para este eu justifico um preparo do poder militar.
JB – E o terceiro cenário?
Alte. Mário César Flores: O cenário regional. Embora tenha a improbabilidade imensa, essa improbabilidade é reforçada na medida em que exista um poder militar dissuasor. Evitar aventuras regionais. Facilitar o entendimento pacífico através da existência de um poder militar que complique a via militar. Suponha que nós tenhamos confronto de interesses com um país regional. Se nós tivermos um poder militar que faça com que reciprocamente nos respeitemos no plano militar, o entendimento pela via pacífica se impõe, não tem outra saída.
Então, embora a América do Sul hoje seja muito mais propensa a contemporizar, a conciliar, esse caminho pacífico é ajudado pela existência de um poder militar.
Não vamos ignorar que os governos não são perfeitos, as idiossincrasias nacionais existem. Isso é recíproco: a ausência de um poder militar no outro faz crescer a hipótese da aventura. Então, eu diria que este é o terceiro cenário.
JB – As questões regionais se esgotam na dissuasão?
Alte. Mário César Flores: Dentro desse cenário regional, existe um subcenário de menor importância, do ponto de vista de preparo militar. Não é que seja pouco importante para o país; agora, ele não exige evidentemente um preparo muito forte. São essas ações que preocupam hoje na Amazônia, e que de certa forma ajudaram a alicerçar o Projeto Calha Norte, que é a existência, nas fronteiras pouco desenvolvidas, de intromissões ilegais.
Ou seja, organizações ilegais de outro país atuando do nosso lado, à revelia do governo do outro país. Mas nós sabemos que existe esse tipo de coisa: narcotráfico, ou guerrilha de outros países, como é o caso do M-19 (movimento guerrilheiro da Colômbia). Por enquanto ainda não temos como decididamente afirmar que não passam para o nosso lado – não com o intuito de nos ameaçar, mas de fazer manobras independentemente da fronteira política. É um cenário regional que não exige grande preparo militar, exige mais uma distribuição de forças adequadas para zelar pelas fronteiras.
JB – Há mais algum cenário que possa orientar o preparo militar do Brasil, em sua opinião?
Alte. Mário César Flores: Há um cenário adicional com que não podemos deixar de nos preocupar, que é o uso de poder militar em defesa da ordem e da salvaguarda da vida humana. Se amanhã ou depois for conveniente o exercício de uma capacidade apaziguadora, na América do Sul ou no Atlântico Sul – eu não quero dizer longe, porque aí já é um problema secundário para o Brasil, mas já houve, em Suez — , nós não podemos deixar de admitir essa possibilidade.
Há aspectos discutíveis, do ponto de vista ideológico. A República Dominicana (intervenção comandada pelos EUA em 1965, da qual o Brasil participou) teve um ingrediente que não é exatamente o que eu estou dizendo. Mas, amanhã ou depois, um problema como em Biafra (guerra civil na Nigéria, entre 1967 e 1970), uma grande mortandade, agressão interna… Esse tipo de problema pode vir a exigir, particularmente na América do Sul e no Atlântico Sul, a participação brasileira. Isto tem alguma influência sobre a configuração militar, porque afeta a projeção de poder.
JB – O senhor pode dar um exemplo?
Alte. Mário César Flores: Vamos fazer uma suposição. Se a questão do Cone Sul africano levar a uma solução para o problema da Namíbia, que implique, provisoriamente, um abafador entre a África do Sul e Angola – é um palpite político que eu não devia dar, porque sou militar – , é pouco lógico que o Brasil, que tem defendido o afastamento das grandes potências desse cenário sul-atlântico, não participe desse abafamento.
Teremos que ter uma capacidade de operações em terra através de um cordão logístico a partir do Brasil. É o quarto cenário. Um cenário de apoio à estabilidade, à ordem – sobretudo à salvaguarda da vida humana, porque estabilidade e ordem podem ter conotações ideológicas, interferências do confronto URSS-EUA, e aí eu boto as minhas barbas de molho.
JB – A discussão com os representantes da sociedade se esgota nas linhas gerais da estratégia ou pode descer a detalhes?
Alte. Mário César Flores: Eu gostaria muito de entrar numa comissão de defesa nacional, ou que nome venha a ter, e discutir esse tipo de assunto. Na medida em que isto se transforma em preocupações mais concretas, você vai conseguindo visualizar de que poder militar você precisa. Eu preciso de uma Marinha capaz de atuar na defesa próxima do litoral, e que possa ter alguma defesa em profundidade, para não deixar – como eu mencionei no caso da Argentina – que haja tranqüilidade no acesso.
Preciso de uma Força Aérea capaz de defender pontos selecionados do território nacional, diante dessa possibilidade de confronto, e também preciso de uma Força Aérea que contribua para a dissuasão regional. Ela vai ter que ter uma capacidade ofensiva, de atuar nas distâncias do cenário regional.
É lógico que descer mais no detalhe, se é o avião X ou Y, que escolta vamos usar, é um problema mais profissional.
JB – A postura será sempre defensiva, nunca ofensiva?
Alte. Mário César Flores: Eu não visualizo problema de segurança para o Brasil que me obrigue a exercer um esforço agressivo.
JB – Nem com a Argentina?
Alte. Mário César Flores: Nem com a Argentina. Esforço defensivo, sim. Nós somos um país de status quo, de objetivos não agressivos. Então, o principal é que não nos aborreçam aqui. Não vamos aborrecer ninguém em lugar nenhum.
Antes de mais nada, meus pêsames pelo falecimento do almirante. Extremamente interessante essa entrevista. O problema de ler ele é que não me sai da cabeça de que, entra ano, passa ano, e o Brasil, seu povo e sua classe política parecem se recusar a entender essa lições básicas: do quanto FA´s fortes são benéficas para a integridade do país, fomenta sua indústra, faz valer seu peso política e faz um país ser respeitado. E antes que venham com aquele papo furado de o Brasil é um país pacífico´´, a Guerra da Lagosta mostra que o país adora ser pego… Read more »
Exatamente, as vezes a situação surgi do nada. Poderíamos exemplificar com as travessuras do Sr Maduro, onde para tirar o peso da cobrança do povo venezuelano dele(Maduro) poderia muito bem invadir um país como Guiana ou Suriname, como Sadan fez com o Kwait.
Para evitar situações similares é preciso ter capacidade e qualificação.
É uma pena, somente poucos que não vivenciaram a 2GM tem uma visão de mundo como a do Almirante.
É triste saber que essa geração está nos deixando.
Faço minha suas palavras
Visão além. Moderna. Segundo cenário. “Outro cenário é o de confrontos decorrentes de interesses conflitantes – e isso no mar é muito provável – por percepções diferentes a respeito do direito internacional marítimo, por exemplo. Essa convenção da Jamaica, os Estados Unidos não a aceitam, e com eles algumas potências marítimas, inclusive a URSS (trata-se da terceira Conferência das Nações Unidas sobre a Lei do Mar, assinada em 1982; seus pontos mais polêmicos dizem respeito à mineração submarina).” Estamos vendo isso no Mar da China e no Oriente Médio envolvendo países como o Iran que coincidentemente aportou navios contratados mas… Read more »
01/08/19 – quinta-feira, btarde, vejam esta entrevista está com 30 anos, e, não em tom de críticas, nada mudou nas FA’s, em todas, continuamos com total carência de equipamentos, equipamentos ultrapassados, militares mal preparados, ( sem equipamentos modernos, não há adestramento adequado). E nossas autoridades em todas As esferas (GF, MD, COMANDANTES MILITARES) continuam em seus gabinetes aguardando cair do céu. Somente a título de ilustração a partir de 2000 incluindo a corveta Jaceguai, são 6 escoltas descomissionada (2 FCG, 1FCN, 3 CCI), sem nenhuma reposição neste período. Quantos ministros da defesa/Comandantes da MB tivemos, todos ficaram sonhando com fragatas/destróieres… Read more »
O n° de escoltas e meios diminuem a cada ano, mas a “fábrica” de concursos e admissões continuam a pleno vapor.
Ok Wilber, vamos fechas a AFA, a EsA, a EN, o CN, o EPCAR, o EEAR, o Serviço Militar Obrigratório, etc, por que não acabamos com as FFAA logo e viramos uma milícia nacional?
Ou podemos diminuir efetivos e realizar reformas administrativad para serem condizentes com nossos meios e equipamentos atuais, de modo a não termos FA’s como cabides de empregos e com quadros inchados, que comprometam, ano após ano, mais de 70% do orçamento com salário e pensão, criando assim FA’s pequenas, mas modernas, bem treinadas e bem equipadas.
E não é necessario acabar com as escolas superiores militares pra isso. Mas concordo que o serviço obrigatório deva acabar
“que não acabamos com as FFAA logo e viramos uma milícia nacional?”
Já somos. Só não vê quem não quer ou quem acha que tá tudo bem.
Não que faça muita diferença Vovô, mas, se é para contar a partir de 2000,
então é preciso incluir os 4 “contratorpedeiros” “Pará/Garcia” retirados de serviço entre entre 2002 e 2008.
Bem lembrado, então serão 10 escoltas, sem contar os outros navios de apoio, e quantos foram repostos neste período: escoltas …. nenhuma…. navio aeródromo (pavioes) …. nenhum… navio reabastecedor…. tínhamos 2 ficamos com 1, e, neste período o contingente disparou por ( intenção) da criação da 2 esquadra que eu vou morrer e não vai acontecer. Além disso estamos construindo um base naval de primeiro mundo em Itaguaí, para que??? Acho que não teremos esquadra para aportar na base, irão acabar com nossa MB. Veja se concorda????
Vovô… . 10 “escoltas” retiradas e uma adicionada, a corveta Barroso em 2008, o que dará um total até o fim do ano de 9 ou seja metade do que se tinha no ano 2000, 18 unidades, em que pese, 18 já não ser a realidade da marinha na época. . A marinha brasileira deverá encolher ainda mais, assim como muitas outras marinhas também encolheram, algumas até com mais responsabilidades, inclusive “globais”, mas, não vejo isso como o fim da marinha brasileira e sim o que acredito ser um período de lenta recuperação assim como deverá ser lenta a recuperação… Read more »
O encolhimento dos meios militares é algo natural em todos os países pois com o tempo sua eficiência aumenta, logo se faz mais com menos, então concordo o encolhimento é um processo natural…
O problema caro Dalton é que a MB parece se recusar a empreender uma politica efetiva de substituição de meios. tanto por motivos políticos, financeiros e administrativos se vê uma falha dentro da instituição em conseguir substituir seus meios.
Victor, o Saudoso Alm. escreveu lá em cima. A Sociedade tem que querer ter FFAA bem equipadas e treinadas. isso custa muuuiito dinheiro, e sempre terão os “pacifistas fumadores de maconha” e outros questionando os gastos se “não temos inimigos!”. è caro manter FFAA, mas , qual é o preço da Guerra?
Não é bem assim Victor…a colisão dos 2 DDGs da US Navy por exemplo teve como principal causa a necessidade de se manter o mesmo número de patrulhas com menos navios impactando no treinamento das tripulações. . A US Navy aos “trancos e barrancos” está experimentando um crescimento, ao menos quanto aos meios de superfície, pois a força de submarinos continuará declinando, mas, boa parte desse aumento de meios será constituída de navios auxiliares e mais baratos que poderão ter que assumir outras funções como recentemente um “EPF”, que é basicamente um navio de transporte foi testado em “guerra de… Read more »
Que entrevista rica.
Cheia de exemplos de cenários dado pelo almirante.
Bem que o PN poderia repetir está entrevista com algum comandante atual.
Abraço.
Duvido que teria o mesmo nível. No máximo o entrevistado iria reclamar dos baixos salários, do GF que corta orçamento, que os militares gastam demais em GLO e por aí vai. Sugerir a solução de cortar em quadros e festas, remanejar pra investimento o que “sobrar”, nenhum deles vai dar. Se a Presidência (independente de quem seja) não tomar a iniciativa, da caserna é que ela não virá.
Até o último dia 20 de julho, o Almirante Flores escrevia colunas na editoria de opinião do Estado de São Paulo.
https://busca.estadao.com.br/?tipo_conteudo=Todos&quando=&q=%22mario%20cesar%20flores%22
Por isso precisamos ter nossas “velharias” – no bom sentido, para contextualizarmos com os modernos.
Será que dos bancos das academias militares (EN, AMAM e AFA) restam alguns grãos de poeira desses tempos de aprendizado? Ou será que passaram o aspirador de pó e as atuais mentes pensantes, poluídos pelas aulas de histórias maquiadas, não conseguem mais enxergar, analisar os cenários e assim traçarem estratégias para os problemas de cada Força, quanto a defesa nacional?
Parabéns pelo resgate dessa entrevista/aula de geopolítica.
Nota-se o grande profissional e visionário, é de militares assim que precisamos, minhas condolências à sua familia, mais um de uma geração de bravos que vemos aos poucos nos deixando, mas ficou seu legado, suas idéias, pensamentos e aprendizados que transmitiu de uma vida dedicada à nossa Marinha. Descanse em paz junto à DEUS grande ALMIRANTE.
Todos partimos um dia, é inexorável, mas não pude deixar de pensar como terá sido para ele, um Brasileiro no mais puro e nobre sentido da palavra, um homem tão capaz, que dedicou sua vida à Marinha e ao País, ver, ano após ano, a maneira cruel como o poder político trata Defesa.
Que suas lições, atualíssimas, finalmente despertem no brasileiro a real dimensão da complexidade e dos perigos de ser uma Nação continente, rica e diversa como é o Brasil.
Que entrevista simplesmente ESPETACULAR. Impressionante como algo dito há mais de 20 anos pode ser tão contemporâneo.
Me Lembrei da cena clássica do Rambo II:
M: Você terá à disposição as melhores armas do mundo…
R: Sempre achei que a melhor arma era a cabeça.
M: Tempos mudam!
R: Para algumas pessoas…
Bela entrevista, e nada mudou de lá para cá. Somos um Pais de dimensões continentais e recursos escassos face tudo o que se tem por fazer. Diante dessa realidade o discurso do Almirante na década de 80 é atualíssimo nos dias de hoje!
Que Deus conforte os Familiares!
Lucidez cristalina.
Grande pensador, um militar de escol. Merecia seu nome na popa de um navio importante da Marinha Brasileira!
Como podem dizer que não mudou nada de 88 pra cá? Até a boa fama da constituição cidadã já não se sustenta e muita água rolou embaixo da ponte, pro Brasil e pro mundo. O artigo é datado, embora não desprovido de valor. Honrar a memória é sempre um ato que mistura memorar e avaliar legados com exatidão e bem dosada indulgência. Pra mim, respeitosamente, fica o travo de ver que a MB não compreendia, ou fingia incompreensão, sobre o que se preparava pra ela, a versão tupiniquim do desmonte da marinha russa pós revolução de 1917. Inacreditável que ninguém… Read more »