Concepção em 3D da classe Tamandaré

Concepção em 3D da futura classe Tamandaré

Concepção em 3D da classe Tamandaré
Concepção em 3D da Meko A100, futura classe Tamandaré

Por Roberto Lopes*

O ano de 2019 não está terminando mal para a Marinha do Brasil (MB). Ao contrário.

Depois da surpresa ruim causada pelo óleo que alcançou um vasto arco de praias brasileiras, a cúpula da Força está bastante animada com o bom acolhimento dado pelo governo federal ao pleito de uma quinta fragata leve da classe Tamandaré.

A solicitação de recursos para o novo programa foi levada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e conta com o apoio ostensivo do ministro de Minas e Energia, almirante de esquadra Bento Albuquerque Júnior – que, inclusive, já despachou o assunto, informalmente, com o próprio Guedes.

As quatro primeiras fragatas da classe Tamandaré (até 2017 chamadas de corvetas) serão construídas pelo estaleiro catarinense Oceana – a um custo no patamar dos 2 bilhões de Euros –, segundo planos da indústria alemã TKMS, vencedora de uma concorrência disputada por estaleiros da Europa, da Ásia e da Índia.

‘Passo à frente’ – Mas no âmbito do Ministério da Defesa – e da própria área econômica do Executivo – já se sabe: o plano final dos almirantes é ter não um, mas dois navios adicionais.

“Eu não descartaria essa hipótese”, comentou com o Poder Naval, dias atrás, em uma entrevista exclusiva, o ex-ministro da Marinha – e Decano dos Submarinistas brasileiros –, almirante (reformado) Alfredo Karam. “Com esses seis novos navios nós [Marinha] teremos substituído as seis fragatas Classe Niterói que tantos e tão bons serviços prestaram à Esquadra, desde a década de 1970, inaugurando uma nova Era Operacional para a Força. Já passou da hora de darmos um passo à frente, em termos tecnológicos e de capacidade de responder prontamente a qualquer ameaça”.

Meko A100 Light Frigate oferecido à MB
Meko A100, projeto base da classe Tamandaré

 

PLATAFORMA MEKO A100
Comprimento 107,2 m
Boca Máxima 15,95 m
Calado 5,2 m
Deslocamento 3.455 ton
Propulsão 4 Motores MAN 12V 28/33 DSTC
Velocidade Econômica 14 nós
Energia Elétrica 4 Diesel Geradores Caterpillar C32

 

Sistema de armas modular da Meko A100
Sistemas de armas e sensores modulares da Meko A100

Segundo o PN pôde apurar, a quinta Tamandaré poderá ser significativamente diferente das primeiras quatro já encomendadas.

A TKMS e a EMGEPRON (Empresa Gerencial de Projetos Navais) que trabalham no pacote inicial dos navios classe Tamandaré acenam para a Marinha com duas possibilidades:

  • uma fragata Meko A100 estendida (comprimento de casco superior aos 107 m do proposto para a Tamandaré), ou até;
  • uma versão da Meko A200, mais robusta e de maior deslocamento.
Fragata Meko A200 da Argélia
MEKO A200 da Argélia, vista pela proa

Privatizações – A expectativa pela autorização da quinta Tamandaré, e tudo o que essa decisão irá gerar, tem levado a Alta Administração Naval (Comandante da Marinha mais Almirantado) a adotar uma postura de cautela na adoção de medidas que vem sendo aguardadas há mais de três anos, como a injeção de recursos para a revitalização de três navios Classe Niterói.

O problema, claro, é sempre o dos custos, mas Karam deixa escapar uma informação: “talvez se possa financiar a quinta Tamandaré com o dinheiro de alguma privatização”.

Sim, é possível. Contudo, a ordem na Marinha é de silêncio total sobre o assunto, no sentido de a Força não figurar como mais bem aquinhoada pelo governo do que suas co-irmãs – em especial o Exército, que tem mais de uma dezena de planejamentos parados por falta completa de dinheiro.

O Comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa Junior, gostaria de ter assinado o contrato de aquisição das primeiras quatro fragatas tipo Tamandaré a 13 de dezembro último, Dia do Marinheiro, o que não foi possível devido à necessidade de ser esclarecido um contencioso legal.

Superada essa etapa, a expectativa é de que o contrato seja firmado ainda no mês de janeiro.


*É jornalista graduado em Gestão e Planejamento de Defesa pelo Centro de Estudos de Defesa Hemisférica da Universidade de Defesa Nacional dos EUA. Especialista em diplomacia e assuntos militares da América do Sul. Autor de uma dezena de livros, entre eles “O código das profundezas”, sobre a atuação dos submarinos argentinos na Guerra das Malvinas e “As Garras do Cisne”, sobre os planos de reequipamento da Marinha do Brasil após a descoberta do Pré-Sal.

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