Último navio-patrulha classe ‘Macaé’ só em 2022
Por Roberto Lopes*
Os setores de Material e de Gestão da Marinha do Brasil (MB) estimam que eventuais restrições orçamentárias possam forçar o adiamento da entrega do NPa Mangaratiba – último navio-patrulha de 500 toneladas da classe “Macaé” – para o segundo semestre do ano de 2022.
Em 27 de dezembro completaram-se 4 meses da assinatura, no Rio de Janeiro, do Termo de Compromisso para a conclusão da construção, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), dos dois navios desse tipo – Maracanã e Mangaratiba – que a MB resgatou do estaleiro EISA, na Baía de Guanabara (RJ).
A cúpula da Força nutre a expectativa de que o Maracanã possa ser disponibilizado para o 4º Distrito Naval ainda no fim de 2020, a fim de reforçar a vigilância nas águas próximas à Ilha de Marajó e a cooperação com as forças navais das Guianas, do Suriname e do Caribe.
A finalização do Maracanã e do Mangaratiba foi acertada entre a Diretoria de Engenharia Naval (DEN), Diretoria Industrial da Marinha (DIM), Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM) e Diretoria de Comunicações e Tecnologia da Informação da Marinha (DCTIM), o que representou uma retomada da construção naval no AMRJ.
Os navios são considerados de baixa complexidade, mas há incerteza sobre a disponibilidade dos recursos que garantirão o término dos serviços.
Autoridades navais do setor do Material da Marinha do Brasil acompanharam com atenção a desativação, no meio do ano, de três navios-patrulha rápidos (com o design aproximado de lanchas torpedeiras) classe “Fearless”, de 500 toneladas, da Marinha de Singapura, mas a instrução recebida de instâncias superiores foi a de que embarcações de patrulha serão, no futuro, feitas pela indústria naval brasileira.
De qualquer forma, e apesar dos classe “Macaé” não representarem mais do que meios de patrulha e vigilância costeira, eles adicionam mais um tijolinho ao grande desafio de reconstrução da estrutura da frota brasileira.
Frustração – No tocante aos meios de Apoio, a MB assistiu (um tanto frustrada) o ano de 2019 se esvair sem que a Royal Navy fizesse qualquer comunicação formal acerca de seu alardeado propósito de desincorporar o RFA Wave Ruler, um navio de apoio logístico de grande porte (196,5 m de comprimento e 31.500 toneladas de deslocamento) – alvo do interesse (já manifestado a Londres) dos militares brasileiros.
O que resta à Força Naval brasileira é manter o acompanhamento das oportunidades constituídas por meios (militares e civis) disponibilizados por outras marinhas e/ou empresas, que se encaixem no preenchimento das necessidades da Força.
Nos ano de 2020 a Marinha do Brasil prosseguirá no recebimento dos submarinos classe “Riachuelo”, na expectativa pela construção de cinco (ou seis) fragatas leves classe Tamandaré, e uma possível compra de três escoltas usados que permita a organização de um segundo esquadrão de fragatas para a Força de Superfície, com a finalidade de repor a próxima desativação das fragatas Type 22, Greenhalgh e Rademaker.
*É jornalista graduado em Gestão e Planejamento de Defesa pelo Centro de Estudos de Defesa Hemisférica da Universidade de Defesa Nacional dos EUA. Especialista em diplomacia e assuntos militares da América do Sul. Autor de uma dezena de livros, entre eles “O código das profundezas”, sobre a atuação dos submarinos argentinos na Guerra das Malvinas e “As Garras do Cisne”, sobre os planos de reequipamento da Marinha do Brasil após a descoberta do Pré-Sal.