HMS Sutherland no periscópio de um submarino

HMS Sutherland no periscópio de um submarino

Marinheiros, submarinistas e aviadores navais estão em disputa na Escócia para escolher comandantes para a missão militar final do Reino Unido.

A fragata HMS Sutherland e seu helicóptero Merlin e um submarino estão comprometidos com o “Perisher” – o curso exigente que determina se os futuros comandantes têm as “características certas”.

Aqueles que passarem na avaliação continuarão comandando submarinos portadores do dissuasor nuclear do país – ou os submarinos caçadores-matadores usados ​​para protegê-los de ameaças hostis.

Grande parte do “Perisher” – oficialmente o Curso de Comando Submarino – ocorre em salas de aula e simuladores em terra com um capitão experiente, conhecido como “Professor”, e sua equipe acompanha um grupo seleto de oficiais em seus passos ao longo de vários meses.

Nas últimas semanas, o curso muda para um submarino com navios de guerra reais se apresentando como adversários, para dar aos alunos e aos caçadores um treino completo em águas rasas e confinadas e em mar aberto.

Para a fragata Sutherland – também conhecida como The Fighting Clan – a guerra antissubmarino exige um silêncio quase total e uma concentração total.

A fragata com sede em Plymouth lança (ou “transmite”) seu sonar rebocado – um tubo longo que é desenrolado da popa e escuta um submarino à espreita abaixo, ou ativamente “pingando”, enviando ondas sonoras pelas profundezas, na esperança de atingir o casco de um alvo, é mais eficaz … mas também indica a localização do navio de guerra.

A bordo, a tripulação anda com meias, reduz o ruído ao mínimo – principalmente se retirando para os beliches, deixando apenas aqueles absolutamente necessários para operar o navio com segurança e a equipe da sala de operações de serviço caçando o submarino.

De mãos dadas com a caçada da Sutherland, seu helicóptero Merlin lança sonoboias – dispositivos de escuta – no oceano e, para identificar a posição de um submarino, paira e abaixa um “sonar de imersão”. Se for bem-sucedida, a tripulação da aeronave solta cargas de profundidade ou, mais provavelmente, lança torpedos Sting Ray para eliminar a ameaça.

Em todo o mundo, os caçadores não precisam apenas localizar o submarino, mas devem ter em mente o quão salgada é a água, a profundidade e a temperatura entre outras variáveis ​​– todas com um impacto significativo na eficácia do sonar.

“Atuando como o inimigo do submarino, o navio e o helicóptero Merlin fornecem uma poderosa capacidade de guerra antissubmarino, o que torna extremamente difícil para o submarino fugir e concluir suas missões.

O helicóptero normalmente é baseado na estação aérea de Culdrose, em Cornwall, com a Estação Aérea Naval 814 e é apoiado por uma equipe de 14 aviadores, técnicos e engenheiros.

Estes últimos têm que manter o Merlin nos confinados limites do hangar do navio, dia e noite, enquanto a fragata Sutherland caturra e balança.

“Tivemos que fazer alguns grandes trabalhos na aeronave e alguns deles são coisas que nenhum de nós tinha feito a bordo, então precisamos de um pouco de planejamento, mas precisamos fazê-lo para o helicóptero permanecer disponível voar”, explicou o técnico de engenharia aérea Jensen Hoyland, o membro mais jovem da equipe.

“Espero poder relembrar essas experiências para me ajudar na minha carreira quando enfrentar tarefas difíceis no futuro”.

Tanto a equipe do helicóptero quanto a equipe dedicada de caça a submarinos aproveitaram a oportunidade de “brincar” com um “inimigo” ao vivo.

“Embora sempre tenha havido uma rivalidade intensa – mas amigável – entre as frotas de superfície e submarinas, também houve grande respeito e admiração profissional”, disse o capitão de corveta Dan O´Connell, principal oficial de guerra subaquática da fragata HMS Sutherland.

“Ser parte ativa do ‘Perisher’ tem sido uma grande oportunidade para o navio testar-se contra os melhores potenciais comandantes de submarinos que a Marinha Real tem a oferecer e permitiu que o Sutherland permanecesse na vanguarda da guerra antissubmarino.

“Esperamos ter fornecido uma oposição adequada aos submarinistas – e ajudado a manter a reputação do ‘Perisher’ como o curso de comando submarino mais difícil e mais realista do mundo”.

O apelido do curso deriva do periscópio – ou da taxa “perecível” de abandono do curso. Normalmente, menos da metade dos futuros comandantes de submarinos consegue aprovação.

Aqueles que o fazem são tratados com um café da manhã tradicional em terra em Faslane – lar do Serviço Silencioso – no final do curso.

FONTE: Royal Navy

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PACRF

Nesse nível em que a marinha do Reino Unido está, a Argentina vai continuar reivindicando a autonomia sobre as Malvinas/Falkland apenas para dar satisfação ao seu povo, pois do ponto de vista estritamente militar, vai ser muito difícil.

Carlos Gallani

Acredito que a Royal Navy está mais preparada hoje do que anteriormente ou seja, se não deu certo no passado agora com a penúria financeira Argentina somada que não vai dar mesmo!

Luiz Galvão

Na verdade já não havia dado certo antes da invasão de 1982, quando a Argentina ainda não estava tão ruim financeiramente. Por volta de 1975 / 1976 os argentinos montaram secretamente uma “base de pesquisas” numa das ilhas do arquipélago Sandwich do Sul, que por sua vez pertence as Falklands, e tiveram ainda a cara de pau de fincar a bandeira Argentina por lá. A resposta britânica veio em 1977, com a operação Journeyman, obde foi montada uma pequena FT que navegou até lá e destruiu a “base de pesquisas” Argentina.
Dá uma olhada aqui : https://youtu.be/hKZje8oERcU

Moriah

E mesmo assim, não se atentaram para o fato de que os argentinos poderiam fazer alguma coisa mais “consistente” depois… Em 1977 ainda tinha o Ark Royal e os Buccaner/Phantoms, mas a Argentina foi malandra. Primeiro catimbou pra testar o oponente e esperou pra depois sair na mão… o que no final não deu em nada. Não teve gol de mão…

Dalton

Em 1977 à Argentina estava mais preocupada com o Chile, ambas as nações quase entraram em guerra no ano seguinte, só que o Chile, estava “perto demais”, então, os argentinos apostaram que o Reino Unido por estar tão distante não teria condições de enviar forças para uma retomada e/ou apenas protestaria contra a invasão das Falklands.

KMjH

O nome é Falkland… só Falkland

Maximiliano de Souza Zierer

Na verdade os argentinos não perderam a guerra das Falklands: eles foram vice campeões!

Zorann

Fico imaginando se isto ocorre aqui no Brasil… De uma frota de 5 submarinos da Marinha, temos 1 único operacional operando com problemas de disponibilidade/restrições (segundo relatos daqui mesmo)…. Há submarinos nestes 5 que não navegam a mais de 4 anos. O moral destas tripulações, imagino, deve ser terrível… Ainda temos a obsolescência, restrições, falta de disponibilidade da maioria de nossas escoltas… Há os S-70B, os AH-11B da Marinha… Há ainda os P-3 da FAB com problemas nas asas … Com tudo isto, pergunto: Como podemos fazer um treinamento de nível razoável? Qual o nível de prontificação geral de nossas… Read more »

Augusto L

Eu duvido muito desses tais relatórios, a arma submarina da MB sempre se manteve num nível racional para nosso cenário e as revisões feitas nos tempos certos.

Luiz Galvão

Zorann,
Há alguns anos atrás havia uma espécie de convênio entre a MB e a RN no qual a MB chegou a enviar alguns futuros comandantes de submarinos para participarem do Perisher. Se não me engano a Marinha do Chile também enviou.

Dalton

O que sei é que o “Perisher” britânico para submarinos convencionais durou até o início da década de 1990, quando a Royal Navy passou a operar apenas com submarinos de propulsão nuclear, então os holandeses assumiram.
.
A partir de 2001 a US Navy estabeleceu o Diesel Eletric Submarine Initiative
(DESI) e países sul americanos tem enviado seus submarinos tanto para a costa leste como para a costa oeste dos EUA para treinamento.

Audax

Sim Dalton. Os Diesel elétricos podem ser uma grande ameaça em comparação ao nucleares pois são muito mais silenciosos. A US Navy tinha muita dificuldade em lidar com eles. Por isso a iniciativa do DESI.

Luiz Galvão

Audax,

As classes De SSNs de propulsao nuclear Seawolf e Virginia , bem como a Astute já reduziram ou ao menos chegaram muito perto do nível de ruído de um sub diesel, como também possuem capacidade de operar em águas rasas.

As poucas vantagens que um sub diesel possui em relação a um nuclear estão diminuindo com o avanço de novas tecnologias, mas óbvio que os custos de operação, desenvolvimento e manutenção sempre serão maiores em um sub nuclear. Isso não tem tecnologia que resolva.

Dalton

Não apenas isso Audax, mas, americanos seguidos pelos britânicos e franceses abandonaram o uso do submarino convencional e assim, não tinham como treinar com eles.
.
Na década passada a US Navy emprestou da Suécia um de seus submarinos juntamente com a tripulação por dois anos.

Luiz Galvão

Há uma série em 4 capítulos filmada alguns anos atrás durante a fase prática do Perisher. O link do primeiro capítulo:
https://youtu.be/1dZBNFFaDkY

Augusto L

A RN é tida como a melhor na guerra anti-submarina na Otan.

Provavelmente devem ter os melhores submarinistas tbm

filipe

E são mesmo, até em exercícios já caçaram um SSBN Le Triomphant, houve uma colisão , essa é a informação oficial, mas os SSBN da Classe Vanguard levaram ao limite o mais moderno SSBN do mundo, na altura era o Le Triomphant, foi um jogo do gato e do rato, na qual o SSBN françês que supostamente seria o mais moderno, não conseguiu escutar a aproximação de um SSBN Vanguard, mesmo com toda a tecnologia no estado a Arte, isso mostra que o treinamento rigoroso de uma tripulação pode ser bem mais valioso do que qualquer tecnologia.

Bardini

O maior “problema” desse tipo de treinamento para o pessoal dos submarinos, é que eles tem que ficar limitados e uma pequena região de atuação. Isso é injusto pra eles… aí os caras tem que dar tudo de si e mais um pouco.

Dalton

Foi apenas uma colisão entre os SSBNs que só souberam o que de fato aconteceu quando ambos retornaram as suas bases logo depois e constatou-se que naquela hora ambos haviam colidido com “alguma coisa”.
.
Não se usa “SSBN” para “caçar” outro “SSBN”, isso é tarefa de “SSN” ao menos era quando havia “SSNs” em número suficiente e ambos os submarinos são da mesma geração, o “Vanguard” ligeiramente maior comissionado em 1993 e o “Le Triomphant” em 1997, não tem essa do “francês” ter sido o mais “moderno” do mundo por ser 4 anos mais novo quando da colisão.

Dalton

Não afirmo nada Augusto, mas, quantidade também é importante nesse “jogo” e os britânicos contam no momento com apenas 6 submarinos, 3
excelentes “Astutes” e 3 velhos “Trafalgar” e o número de principais combatentes de superfície é de apenas 19, então no geral, tendo à acreditar que a US Navy é melhor por ter um numero maior de plataformas e pessoal e
não uns poucos “disponíveis” e consequentemente maior abrangência de missões cobrindo um número maior também de regiões.

Luiz Galvão

Dalton,
Pelo que entendi do comentário do Augusto ele não se referiu a quantidade de meios disponíveis, no que a USN é imbatível em qualquer plataforma, mas sim na qualidade da formação dos seus submarinistas, especialmente a formação dos comandantes de subs.
.
Sem nenhum demérito aos comandantes de subs da USN , li certa vez que enquanto eles são engenheiros nucleares que comandam submarinos, os ingleses são submarinistas por essência, cuja formação e qualificação técnica seriam melhores….. Há controvérsias, mas de fato o Perisher é o melhor curso de qualificação para o comando de um sub.

Dalton

Com certeza não há como comparar quantidades inclusive de aeronaves
Luiz e o Augusto sabe bem disso, o meu ponto é que justamente essa maior quantidade de plataformas navais e aéreas, tripuladas e não tripuladas permite uma maior abrangência de operações, diversidade de regiões, pessoal mais numeroso, experiência e isso tudo impacta no que o Augusto descreveu como “melhor na guerra anti submarina da OTAN”.

Mercenário

Dalton,

A questão é que os meios de superfície ASW da RN são reconhecidamente construídos tendo como tarefa primária a guerra antissubmarino. Isolamento acústico é pensado desde a construção (caso das Type 23 ASW e das novas Types 26 em construção).

Uma das principais tarefas da RN na guerra fria, como você sabe, era a “luta” contra os subs soviéticos/russos.

A discussão não está no número de meios.

Mercenário

Nesse aspecto, a especialização na luta ASW impacta na qualificação dos submarinistas da RN.

Dalton

Seria torcida minha comparar quantidades, Mercenário, mas, um número maior e diversificado de plataformas e a experiência ganha com elas em um número maior de áreas é importante também e a Royal Navy simplesmente não tem os recursos. . A Royal Navy estava mais empenhada na guerra anti submarina até porque não tinha meios para fazer muito mais, enquanto a US Navy tinha que cobrir todos os espectros da guerra naval incluindo dotar seus NAes de um esquadrão de aeronaves S-3A e toda infraestrutura à bordo o que definitivamente alterou a classificação de CVA para CV. . Parece-me um tanto… Read more »

Augusto L

Eu acho que no Mar do Norte, a RN tem a excelência.

Dalton

Pode ser, até porque é o quintal dela, mas, a “RN” terá que contar com ajuda da RAF que infelizmente foi obrigada à aposentar seus “Nimrods” e depois de cerca de 10 anos de tal ausência a RAF começa a receber seus P-8 já tendo iniciado o treinamento de tripulações na costa leste dos EUA. . Os militares britânicos são de excelente qualidade, e pode ser mesmo que um comandante de submarino britânico seja superior a seu equivalente americano como Tom Clancy cita em seu livro “”Submarine”, apesar de ao mesmo tempo citar que ambas as marinhas estão satisfeitas como… Read more »

Grozelha Vitaminada Milani

Ótimas imagens!

Fabio Araujo

A preparação é fundamental, com certeza eles estarão preparados para executarem as missões da melhor maneira possível.

Luiz Floriano Alves

Nestes exercícios se nota a preocupação com o controle dos sons gerados nas embarcações. Dai os defensores das turbinas levantarem o assunto da maior e mais ampla vibração dos motores do ciclo Diesel. Os componentes de forças não balanceadas nos motores alternativos geram ruídos que se propagam pelos cascos produzindo frentes de ondas difíceis de esconder. Em guerra não se pode adotar equipamentos pelos custos. A qualidade principal de um equipamento militar e´ de que seja vencedor nos combates.

Miguel

Belíssimas fotos.