SIMULAÇÃO: ‘Operação Pólvora’ – FAB e MB enfrentam o USS Nimitz
No início de novembro, o presidente Jair Bolsonaro em discurso com tom bélico ameaçou usar pólvora quando acabar a saliva, em retaliação às ameaças de sanções ao Brasil por causa das queimadas na Amazônia.
Bolsonaro não citou o nome de Joe Biden, presidente eleito dos Estados Unidos, mas durante o primeiro debate presidencial o democrata disse que “a floresta tropical no Brasil está sendo destruída” e afirmou ainda que poderia impor sanções ao Brasil, pressionado a adotar medidas contra a devastação ambiental.
A situação inusitada nos fez imaginar um cenário hipotético em que o Brasil precisasse usar a “pólvora” contra a ameaça de um grupo de ataque de porta-aviões dos EUA, que seria enviado à costa brasileira para exercer pressão de “toneladas de diplomacia”.
Como a Força Aérea Brasileira e a Marinha do Brasil se sairiram em combate contra um porta-aviões dos EUA?
Porta-aviões americanos já visitaram o Brasil diversas vezes e fizeram exercícios com a FAB e a MB, por isso nossos militares já têm ideia do poder de fogo desses navios e do seu grupo aéreo embarcado. Além das operações conjuntas, a Escola de Guerra Naval também realiza simulações semelhantes em sistemas dedicados.
Porém, para os entusiastas e estudiosos de Defesa, outra forma de aferir essa capacidade é usar um simular de combate tático comercial.
Command Modern Operations
Desenvolvido pela Warfare Sims, criadora do antigo simulador Harpoon, o Command Modern Operations é um simulador de combate tático que permite a criação de cenários com unidades navais e aéreas de diferentes períodos da história. A tela do jogo simula uma tela de radar, na qual o jogador pode dar ordens para as unidades.
O Command Modern Operations é algo entre um jogo e uma simulação completa da guerra moderna. Existe uma versão conhecida como CommandPE (PE é Professional Edition) com recursos adicionais, que é usada somente por Forças Armadas e indústrias de Defesa.
O simulador oferece um editor de cenário no qual você pode criar manualmente os lados combatentes e adicionar bases, instalações, navios, aeronaves, defesa antiaérea e muito mais. O editor facilita a construção e você pode se beneficiar do número considerável de itens que foram pré-construídos pela comunidade de jogadores.
Existe também o sistema de script Lua que é embutido no jogo para controlar comportamentos ou adicionar entidades ao jogo, que é outra boa opção para construir cenários. A funcionalidade de script Lua permite flexibilidade adicional, especialmente para recursos ou comportamentos personalizados que ainda não estão integrados ao simulador.
Briefing do cenário ‘Operação Pólvora’
Montamos o cenário no simulador Command Modern Operations, implantando uma Força-Tarefa da Marinha dos EUA nucleada no porta-aviões USS Nimitz a cerca de 200 milhas da costa do Rio de Janeiro.
Mobiliamos a Base Aérea de Santa Cruz com praticamente todas as aeronaves de combate disponíveis, A-1M, F-5M, P-3 e E-99 e também contamos com os jatos AF-1 da Marinha decolando da Base Aérea Naval de São Pedro de Aldeia.
No mar, enviamos uma Força-Tarefa da Marinha do Brasil nucleada no Porta-Helicópteros Multipropósito (redesignado recentemente como Navio-Aeródromo Multipropósito) Atlântico, com 4 fragatas e 2 corvetas.
Em posição avançada, colocamos dois submarinos, o novo Riachuelo classe Scorpène e o submarino Tikuna, IKL-209, que foram deslocados antecipadamente para a área no início da crise.
Do lado americano, mobiliamos o grupo aéreo do USS Nimitz com os nove esquadrões da Carrier Air Wing 17 que operam atualmente no navio:
- The “Redcocks” of VFA 22 – Strike Fighter Squadron (VFA) F/A-18F Super Hornet;
- The “Kestrels” of VFA137 F/A-18 E;
- The “Mighty Shrikes” of VFA 94 F/A-18F;
- The “Death Rattlers” of VMFA-323 F/A-18C;
- The “Cougars” of VAQ-139 – Electronic Attack Squadron (VAQ) EA-18G Growlers;
- The “Sun Kings” of VAW-116 –Carrier Airborne Early Warning Squadron (VAW) E2C Hawkeye;
- The “Providers” of VRC-30 – Detachment – Fleet Logistics Support Squadron (VRC) C-2;
- The “Screamin’ Indians” of HSC-6 – Helicopter Sea Combat Squadron (HSC) MH-60S;
- The “Battlecats” of HSM-73 – Helicopter Maritime Strike Squadron (HSM) MH-60R.
Configuramos os caças F/A-18 Hornet e Super Hornet para missões de defesa aérea para protegerem o USS Nimitz do ataque das aeronaves brasileiras e também para ataque naval para engajarem os navios brasileiros.
A Força-Tarefa do USS Nimitz é composta ainda do cruzador Aegis USS Princeton (CG 59) da classe “Ticonderoga” e os destróieres da classe “Arleigh Burke” USS Sterett (DDG 104), USS Ralph Johnson (DDG 114) e o USS John Paul Jones (DDG 53).
Essa escolta fornece ao USS Nimitz uma formidável proteção antiaérea e antissubmarino.
O grupo de ataque de porta-aviões também é acompanhado pelo submarino nuclear de ataque USS Virginia (SSN 774), com a missão de afundar os submarinos brasileiros.
Com relação às aeronaves brasileiras, configuramos parte dos F-5M para a missão defesa aérea e parte para ataque com bombas, já que a FAB não dispõe de mísseis antinavio para equipar seus caças.
Os A-1M foram configurados com bombas guiadas a laser. Os AF-1 da Marinha também foram equipados com bombas.
Os P-3 Orion da FAB foram equipados com 4 mísseis antinavio Harpoon cada. Como o P-3AM do banco de dados do jogo ainda não foi atualizado e não permite armar os aviões com o Harpoon, usamos o P-3C no lugar.
Os helicópteros UH-15A Super Cougar do Porta-Helicópteros Atlântico foram equipados com dois mísseis Exocet AM-39 cada.
Depois de configuradas as unidades, criamos as missões que as aeronaves e navios devem executar. Às aeronaves foram dadas as missões de alerta aéreo antecipado (AEW), defesa aérea e ataque naval de acordo com os seus tipos.
Aos navios e submarinos foram dadas as missões de ataque naval.
Depois de criadas as missões e de ter tudo configurado, é hora de rodar a simulação. Como foram das ordens às aeronaves e navios através das missões criadas, a inteligência artificial do Command vai tomar conta de quase tudo, precisando de apenas intervenções pontuais do operador.
No final dos combates, o simulador gera um score (placar) com as perdas de cada lado e um log (registro) com todos os engajamentos, o tipo de arma ou equipamento eletrônico usado, se a arma acertou ou errou o alvo etc. Disponibilizamos o download do score e do log para quem quiser um debriefing mais detalhado.
Lembrando que cada vez que a simulação é rodada, os resultados de acertos e perdas variam um pouco.
A simulação usa a simbologia NTDS + NATO APP 6 para representar as aeronaves, navios e mísseis:
Assista no vídeo abaixo a simulação da Operação Pólvora e veja qual foi o resultado dos combates:
Baixe os scores e logs do cenário rodado do lado brasileiro e americano para verificar as perdas de cada lado e as munições usadas:
- Score 1
https://www.naval.com.br/blog/wp-content/uploads/2020/12/Score-do-cenario-da-Operacao-Polvora-1.txt - Log 1
https://www.naval.com.br/blog/wp-content/uploads/2020/12/Log-do-Cenario-da-Operacao-Polvora-1.txt - Score 2
https://www.naval.com.br/blog/wp-content/uploads/2020/12/Score-do-cenario-da-Operacao-Polvora-2.txt - Log 2
https://www.naval.com.br/blog/wp-content/uploads/2020/12/Log-do-Cenario-da-Operacao-Polvora-2.txt
Compre e baixe o Command Modern Operations no STEAM:
NOTA DO EDITOR: Nossa ideia com essas simulações é iniciar um debate sobre que equipamentos precisaríamos ter na FAB e na MB para ter condições de enfrentar uma Força-Tarefa americana, ou inglesa, ou francesa, russa ou chinesa que tenha porta-aviões.
Imaginar quais equipamentos deveríamos comprar ou produzir localmente para criar uma dissuasão efetiva: porta-aviões, centenas de caças baseados em terra com mísseis antinavio, mísseis balísticos antinavio, mísseis de cruzeiro antinavio, mísseis hipersônicos antinavio etc.