Submarinistas e técnicos da Marinha do Brasil investigam a possibilidade de uma “manobra de válvula” (que alguns militares também chamam de “manobra de água”) mal realizada ter ocasionado, na manhã da última quinta-feira (11), o alagamento com água salgada do porão do compartimento da proa do submarino “Riachuelo” (S40), que se encontrava atracado no Estaleiro de Construção do complexo naval de Itaguaí.

De acordo com a nota oficial liberada na tarde do mesmo dia pelo Centro de Comunicação Social da Marinha, “o submarino reestabeleceu prontamente a condição de segurança e iniciou a limpeza dos compartimentos afetados”.

O Poder Naval apurou que essa classe de incidente é considerada “típica de um submarino”, e tanto pode ter sido causada pela “barbeiragem” do tripulante do navio incumbido de operar as válvulas do navio, quanto pelo acionamento de uma válvula defeituosa.

Ainda na quinta-feira o Comandante da Marinha, almirante de esquadra Ilques Barbosa Junior, enviou uma mensagem aos cinco ex-Comandantes da Marinha que residem, hoje, no Rio de Janeiro – Eduardo Bacellar Leal Ferreira, Júlio Soares de Moura Neto, Roberto Guimarães Carvalho, Mauro César Rodrigues Pereira e Alfredo Karam – informando-os do ocorrido e ressaltando que o episódio não acarretara “danos à materiais” a lamentar.

Ilques também alertou, sobre o problema, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva. Os dois são bastante próximos.

Falhas

Segundo uma fonte do Poder Naval, “às vezes o tripulante de um submarino está esgotando ou enchendo um tanque do navio, e deixou uma válvula de outro tanque aberta, aí a água enche o tanque que ele quer, e passa, em seguida, a encher o outro tanque, no porão de um compartimento do navio”.

De acordo com a mesma fonte, “o [submarino] ‘Tonelero’ afundou numa manobra dessas”.

Na noite de Natal do ano de 2000, por volta das 23h, o “Tonelero” (S21) se encontrava atracado para manutenção no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, na Ilha das Cobras (RJ), quando uma sequência de falhas da equipe de plantão no navio – um oficial e oito subalternos –, ao operar o sistema hidráulico de controle das válvulas da embarcação, causou o alagamento do compartimento de torpedos à ré, e o consequente afundamento do submarino, felizmente sem ocasionar vítimas.

Nesse episódio, um esforço conjunto de mergulhadores e peritos navais obteve que a proa e a vela do navio voltassem à superfície no espaço de dois dias e meio.  A 21 de junho de 2001 o “Tonelero” deu baixa do serviço ativo.

Na quinta-feira passada, um grupo de mergulhadores da Marinha inspecionou o “Riachuelo”, concluindo que, aparentemente, o alagamento não aconteceu por qualquer problema de rachadura do casco, o que obrigaria a Marinha a tirar o navio da água para reparos difíceis e custosos.

As três fontes ouvidas pelo Poder Naval sobre o incidente consideraram “pouco provável” que a Marinha dê publicidade aos reais motivos do incidente, ou às eventuais providências tomadas em relação aos tripulantes.

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