A ex-fragata Niterói vai ser desmanchada no Fundão, no Rio de Janeiro.

O casco do primeiro navio da classe Vosper Mk.10 projetado e construído especialmente para a Marinha do Brasil, foi a leilão em 21 de janeiro de 2021 pelo leiloeiro João Emílio. O lance inicial foi de R$ 630.650,64.

A Niterói foi a primeira de uma série de seis fragatas encomendadas em 20 de setembro de 1970 como parte do Programa de Renovação e Ampliação de Meios Flutuantes da Marinha, e a primeira construída pela Vosper Thornycroft Ltd., em Woolston, Hampshire, Inglaterra.

A classe Niterói representou um salto de 30 anos em relação aos equipamentos usados pela Esquadra Brasileira na época, que eram quase em sua totalidade material da Segunda Guerra Mundial fornecido pelos EUA.

Duas fragatas foram construídas no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro com transferência de tecnologia da Vosper e seu projeto foi usado como base para o Navio-Escola Brasil. Seu projeto também influenciou as características das corvetas classe Inhaúma e Barroso.

O projeto Mk.10, feito para atender aos requisitos da Marinha do Brasil do final dos anos 1960, foi baseado nas fragatas Type 21 construídas para a Royal Navy.

Fragata Niterói na Ilha do Fundão para ser desmanchada

Fragata Niterói na Ilha do Fundão para ser desmanchada

A classe Niterói acabou ficando maior e mais pesada que as Type 21, por causa do armamento e sensores adicionais pedidos pela Marinha do Brasil.

O desenho avançado dos navios possibilitou mais tarde a inclusão de novos armamentos e a atualização de meia vida no início dos anos 2000, no programa ModFrag.

A Niterói teve sua quilha batida em 8 de junho de 1972, foi lançada e batizada em 8 de fevereiro de 1974. Fez-se ao mar pela primeira vez em 8 de janeiro de 1976, iniciando as provas de mar e máquinas que se estenderam até o final de maio, sob supervisão do construtor e do Grupo de Recebimento.

Foi aceita e incorporada em 20 de novembro de 1976 em cerimônia realizada no cais 47 do porto de Southampton. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Mar-e-Guerra João Baptista Paoliello.

A mostra de desarmamento da fragata Niterói ocorreu em 28 de junho de 2019, na Base Naval do Rio de Janeiro, depois de 43 anos de serviço na Marinha do Brasil.

Fragata Niterói foi destaque internacional quando entrou em serviço

Fragata Niterói F40 em provas de mar na Inglaterra

A entrada em serviço das fragatas Vosper Mk.10 na Marinha do Brasil no final dos anos 70 atraiu a atenção da imprensa internacional. Os navios foram tema de várias matérias elogiosas e tiveram destaque em livros especializados como o Modern Naval Combat, de 1986.

Logo na abertura do livro, aparece a fragata Constituição com a legenda: “Fragatas, como a brasileira classe Niterói, tornaram-se os mais amplamente utilizados navios de guerra modernos, com capacidades muito maiores que seus homólogos da Segunda Guerra”.

Na seção de análise dos principais navios de guerra da época, a classe Niterói ganhou um perfil de duas páginas com um desenho em três dimensões e os perfis das variantes A/S e E/G.

O autor apresenta o histórico de exportações de navios de guerra da Vosper Thornycroft e menciona as características modernas das Niterói, como a tripulação reduzida para um navio do seu porte e o robusto sistema de armas.

O perfil de duas páginas da classe Niterói (clique na imagem para ampliar)

A fragata Niterói também foi garota propaganda nos anúncios da Vosper Thornycroft em revistas de Defesa da época e no anuário Jane’s Fighting Ships.

Anúncio da Vosper no Jane’s Fighting Ships 1974-75, com a foto do lançamento ao mar da fragata Niterói. O texto diz “primeira da classe de seis navios que estarão entre as mais poderosas e sofisticadas fragatas no mundo…”
Fragata Niterói em anúncio da Vosper em 1976, na revista International Defense Review

A revista Flight International de janeiro de 1977 publicou uma reportagem sobre as provas de mar da fragata Niterói na Inglaterra. Uma equipe da revista esteve a bordo durante os testes finais antes da incorporação e pode constatar as excelentes características do navio.

A reportagem diz que mesmo o navio desenvolvendo velocidade máxima de 30 nós com as turbinas Olympus, os níveis de ruído e vibração eram mínimos. Um funcionário da Vosper disse que o navio era o melhor projeto da companhia até aquela data.

A reportagem foi a primeira a mostrar uma foto do paiol de mísseis antissubmarino Ikara da fragata Niterói (ver foto no final deste post), destacando que tinha um sistema de manuseio de mísseis mais simples do que o empregado nos navios da Royal Navy. Aparece também uma foto de uma parte do COC da fragata.

Fragata Niterói F40 em provas de mar na Inglaterra em novembro de 1976
A cerimônia de incorporação da Niterói com a bandeira inglesa sendo baixada. Na abertura na popa aparece parte do “peixe” do sonar de profundidade variável EDO700E
Lançamento de míssil antissubmarino Ikara pela fragata Niterói. Ele levava um torpedo Mk.46 que era liberado sobre a área onde estava o submarino inimigo – Foto Alexandre Galante
Fragata Niterói, em 19-12-2012 – Foto: Alexandre Galante

NOTA DO EDITOR: Faz sentido realizar esforços para preservar o porta-aviões São Paulo (Ex-Foch) que teve pouca relevância na Marinha do Brasil, quando não pensaram em fazer o mesmo com a fragata Niterói?

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