Fim do projeto do ‘Railgun’ da Marinha dos EUA
O esforço da Marinha dos EUA para criar um canhão eletromagnético de US$ 500 milhões – capaz de lançar projéteis em velocidades hipersônicas – parece ter chegado ao fim. O serviço está encerrando o financiamento do railgun sem ter enviado uma única arma ao mar, enquanto empurra a tecnologia derivada do programa para as armas existentes.
O railgun é vítima de uma mudança na direção da US Navy em direção a armas mais rápidas e de longo alcance, capazes de atingir navios e alvos terrestres em uma grande guerra.
O pedido de orçamento da Marinha não inclui financiamento para o railgun em 2022, segundo o site The Drive.
Os canhões eletromagnéticos são decididamente diferentes das armas convencionais, como canhões e obuseiros. Armas comuns usam a pressão de uma carga de pólvora inflamada para expelir um projétil do tubo, fazendo-o voar em uma trajetória balística. Canhões eletromagnéticos, enquanto isso, usam eletricidade e magnetismo em vez de pólvora e energia química para acelerar um projétil por um par de trilhos.
Os railguns são teoricamente mais seguros do que os canhões convencionais, pois reduzem a quantidade de pólvora volátil que um navio armazena nos paióis de munição. Os projéteis também são mais rápidos.
Mas, apesar dessas vantagens, há razões pelas quais a Marinha dos EUA está cancelando o railgun, que está em desenvolvimento desde 2005. Por um lado, existem atualmente apenas três navios nos quais a US Navy poderia concebivelmente encaixar o canhão: os três destróieres da classe Zumwalt. A próxima oportunidade para equipar navios de guerra com canhões eletromagnéticos não acontecerá até o final da década de 2020, quando a Marinha começa a construção de seus destróieres DDG(X) de próxima geração.
O próprio conceito de canhão eletromagnético também está em descompasso com a reorientação da Marinha dos EUA para um conflito de grandes potências, particularmente uma possível guerra com a China ou a Rússia. Como uma arma ofensiva, o alcance do railgun de 50 a 100 milhas é relativamente curto, colocando um navio equipado com um canhão eletromagnético dentro do alcance de armas como o míssil balístico antinavio DF-21D da China.
E embora o canhão eletromagnético também tenha potencial defensivo, uma vez que pode derrubar aeronaves, mísseis e drones que se aproximam, a Marinha já possui muitos mísseis e armas para lidar com essas ameaças.
Os railguns parecem ter sido vítimas da nova tendência: as armas hipersônicas. O novo Common Hypersonic Glide Body (C-HGB) da Marinha, desenvolvido em conjunto com o Exército dos EUA, tem uma velocidade máxima de Mach 17 e um alcance de mais de 1.700 milhas. Ele é rápido o suficiente para engajar alvos sensíveis ao tempo de uma distância segura.
A Marinha dos EUA anunciou em maio que planeja adicionar seu C-HGB aos destróieres da classe Zumwalt. O serviço mencionou repetidamente substituir os dois Advanced Gun Systems (AGS) de 155 milímetros nos Zumwalts por railguns, uma vez que o custo do projétiil guiado com precisão desenvolvido para o AGS tornou-se inacessível. Agora, a arma hipersônica preencherá o vazio deixado pelos AGS.
A US Navy parece ter decidido, de forma bastante lógica, que é melhor equipar os navios com uma arma com alcance de 1.700 milhas em vez de 100 milhas (na melhor das hipóteses).
Embora o sistema de railgun americano pareça encerrado, o destino do programa de canhões eletromagnéticos da China ainda é desconhecido. Os observadores avistaram pela primeira vez a arma da China instalada em um navio de desembarque no rio Yangtze em 2018.
Resta saber se Pequim segue o exemplo de Washington em cancelar os canhões eletromagnéticos ou se o Exército de Libertação popular decidirá que a arma ainda tem algum valor.
FONTE: Popular Mechanics
Ola a todos. Todo projeto ousado tem risco de fracasso. Espero que isso fique mais palpável quando sai feitas críticas ao desenvolvimento de projetos no Brasil.
Sempre achei o projeto meio carnavalesco, sei lá parece engodo…
Inovar significa aceitar esse risco. Nesse caso não completou o ciclo, mas pode ser que o contexto se torne mais favorável no futuro.
Olá Camargo!
Projetos disruptivos costumam ter benefícios proporcionais aos riscos.
Gestão de risco é fundamental e os russos fazem isso com maestria , os projetos militares da Rússia trabalham com uma linha evolutiva na qual o novo e o testado se mesclam de maneira a reduzir custo, risco e tempo de desenvolvimento. Já os americanos em função do lobby bilionário da indústria de armas vão para o tudo ou nada com o dinheiro do contribuinte e isso nem sempre dá certo.
Nós aqui nos States sempre consideramos esse projeto algo exótico,e impraticável para emprego contra nações poderosas contra quais foi projetado, ou seja, Russia e China, as quais ao detectar a enorme assinatura kinetica desse disparo mandariam o navio para o fundo do mar em tempo record com mísseis anti navio. Uma arma que por aqui conhecemos como, aí invés de “fire and forget”, “fire and get the hell out”
Desculpe a ignorância, mas o que seria assinatura kinética?
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Kinetic_energy
Apesse do link da Wikipédia permaneço curioso sobre o que seria essa assinatura “kinetica”, seria a onda de choque do disparo?
Ok, entendí o conceito, de modo geral.
Mas ainda não entendí como seria possível localizar a fonte disso no meio de um oceano.
Imagino que provoque um aquecimento enorme na extremidade do projétil, deve brilhar lindamente num sensor IR.
*cinética em português
Não sei se entendi o que você comentou, vc se refere ao fato de que é possível detectar a direção de origem de um projétil? Somado ao relativo curto alcance, num cenário atual, definitivamente não parece ser uma boa escolha (o texto fala disso, inclusive).
Outra coisa que pensei, não sei se é aplicável, é a possível assinatura eletromagnética que cada disparo gere. Talvez seja detectável com certa facilidade, sem nem precisar estar na linha de tiro do canhão.
Tava pensando nisso….
Esse projétil eletromagnético não tem capacidade de fazer trajetória em forma de parábola, certo?
Então, ele também teria papel limitado em apoio de fogo pra alvos na costa, certo?
Só precisa de velocidade em relação ao solo e gravidade pra fazer uma trajetória parabólica se adicionar a resistência do ar você modifica um pouco e o mais correto seria dizer trajetória balística, é digamos uma consequência das leis da física, a capacidade portanto seria universal. Não vou bater o martelo, mas como ela funciona com base em campos magnéticos e consegue controlar a intensidade desses campo com relativa facilidade é bastante provável que possa escolher um perfil de tiro e velocidade que mais se adapte as circunstâncias, quer atirar a numa parábola a 100km de distancia? Atira a mach… Read more »
Mais um ‘demonstrador de tecnologia’.
Que grande oportunidade para o Brasil!
Já por aqui, temos dificuldade de terminar de construir uns barquinhos…
Não basta comparar o alcance das armas, é preciso comparar os custos. Quanto custaria um projétil de railgun e quanto custará um enorme míssil C-HGB?
Acredito que apenas não é a hora dele.
Tecnologia irá avança e daqui uns 30 anos poderá ser uma opção de desenvolvimento com novos materiais.
jaja vai estar nas Starships
O que a China está fazendo a respeito? Este é o problema: ser atingido por uma salva de canhão oriunda de um navio a mais de 200km. Será que a China vai desistir? Lá, dinheiro não é problema e orçamento não tem o mesmo significado que tem no ocidente.
Traduzindo, a água está batendo na bund@, está acabando o Carnaval de imprimir dinheiro, Bem vindo EUA a realidade do cobertor curto, não há mais dinheiro para tudo, vão ter que focar no que der para fazer, vide Rússia. Em contra partida a China agora a dona do cassino pode se dar ao luxo de gastar bilhões com esse e outros projetos mirabolantes para o futuro.
Ledo engano sobre a China.
A dívida efetiva dela é gigantesca e a capacidade fmde manipulação cambial também está se esgotando rápido.
Caro Paulo. O valor da divida pública em si não quer dizer nada. O que causa problemas seria o faro da dívida estar em moeda nacional ou estrangeira. A China não tem problemas para captar moeda estrangeira para manter seu comércio ou efetuar a balança de pagamento ou resgatar os títulos da dívida em moeda estrangeira.
O problema da China é a dívida corporativa (corporate debt) que está em 160% do PIB. Em comparação, a dos EUA está na caso do 75%
Caro Cerbe. Os EUA ainda emitem a moeda que serve de base para o comércio exterior. Não existe limite financeiro para a emissão de dólar. Mesmo com a ascensão do euro e da moeda chinesa, os EUA ainda terão a liberdade interna de emitir moeda para financiar as despesas do Estado. O limitante orçamentário dos EUA seria apenas uma questão politica, na qual uma lei define o teto da dívida. Esta lei vem sendo modificada periodicamente. O problema não tem a ver com. O limite de recursos para o orçamento militar, mas o limite da capacidade de produzir material militar… Read more »
Chega de brincadeira, vai começar a 3 guerra mundial , pelo menos até 2040 , a Rússia terá 3 SSBN 995 Borei I (16 x SLBM Bulava) + 7 SSBN 995 A Borei II (16x SLBM Bulava) + 2 SSDN 9853 Khabarovsk II (6 x Torpedos Poseidons ) + 1 SSDN 9851 Khabarovsk I( 6x Torpedos Poseidons) + 1 SSDN 9852 Belgorod (6 x Torpedos Poseidons) , a China vai ter 8 SSBN Type 094 Jin (12 x SLBM JL-2 ou JL-3) + 6 SSBN Type 096 Tang (16 x SLBM JL-3), com todo esse poder bélico da junção Russo-Chinesa… Read more »
Esse projeto não vai parar na china. Gran sobrando, tecnologias surrupiadas de graça, custos mínimos, vão continuar, certamente.
Laser eh complicado: pode ser bloqueado por meras condições atmosféricas, cortina de fumaça, thermal blooming ou mesmo revestimentos refletivos ou de banho nos alvos. De toda forma, ainda não existem lasers com potência pra abater um simples míssil anti navio. Parece que lasers são armas de defesa próxima, de alcance bem menor que canhões.
Muito pior que o fim do Rail Gun é a débâcle do HVP que poderia ser disparado dos canhões de 5″ tanto de Burkes quanto de Ticonderogas e representaria uma extensão considerável do alcance destes canhões. O ponto me parece o seguinte: não basta ter mísseis (e um adequado sistema de detecção, identificação, rastreio e designação) de várias dezenas ou centenas de milhas náuticas de alcance, é preciso ter um sistema de arma pra eventuais surpresas à queima-roupa, dentro do horizonte visual ou radar.
Srs O artigo mistura frutas com legumes pois contrapõe armas de funcionalidades e fins distintos como se fossem para a mesma função. E ainda inclui no bolo os Zumwalt, navios hoje a procura de uma utilidade. O que fica subentendido no texto é que a US Navy pensava em usar os railguns para atacar alvos fixos em terra e que tal função passou para os mísseis hipersônicos, o que não parece corresponder a verdade devido aos alcances diferentes e, principalmente, a questão de custo, pois um dos maiores argumentos pró railguns era o custo baixo por projétil. Ora, os mísseis… Read more »
Mais dinheiro do contribuinte saindo literalmente pelo cano. E muita gente ganhando dinheiro.