França: ‘impensável’ seguir com o comércio livre entre UE e Austrália devido a AUKUS
É pouco provável que a União Europeia (UE) continue negociando o comércio livre com Austrália, uma vez que a confiança em Camberra foi minada por causa do cancelamento do contrato de fabricação de submarinos, disse Clément Beaune, secretário de Estado dos Assuntos Europeus francês.
As negociações comerciais da Europa com a Austrália estão em risco de colapso após a França perder um contrato multibilionário de fornecimento de submarinos rescindido por Camberra.
“Manter a palavra é a condição de confiança entre as democracias e entre os aliados”, disse Beaune em entrevista ao jornal Politico. “Por isso, é impensável avançar nas negociações comerciais como se nada tivesse acontecido com um país em que já não confiamos”, acrescentou.
A edição observa que, em teoria, a Comissão Europeia tem poderes de negociação exclusivos em nome dos 27 Estados-membros da UE, mas na prática é improvável que o faça em “oposição aberta à França”.
Bernd Lange, presidente da Comissão do Comércio Internacional do Parlamento Europeu, reconheceu que o acordo está em uma posição difícil e que as ações da Austrália também afetaram interesses alemães.
“A vontade de compromisso do lado europeu agora certamente diminuiu […] Além da orientação da política de segurança da Austrália, o acordo com os EUA também envia sinais na área de política industrial contra a UE. Cooperação em matéria de política industrial e transferência de tecnologia, que fazem parte da estratégia da UE para o Indo-Pacífico, se tornou mais complicada”, comentou Lange.
Na sexta-feira (17), o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, anunciou a retirada dos embaixadores franceses nos Estados Unidos e na Austrália, que retornam a Paris para consultas por causa do cancelamento do contrato de submarinos. Segundo observa a mídia, é a primeira vez na história que a França retira seus embaixadores nestes países.
A Austrália acaba de estabelecer uma parceria no domínio da defesa e segurança com o Reino Unido e os EUA, anunciando o cancelamento do contrato de fabricação de submarinos com a empresa francesa Naval Group. O acordo de 90 bilhões de dólares australianos (R$ 345,9 bilhões), denominado de “contrato do século”, previa a produção de 12 submarinos da classe Barracuda.
FONTE: Sputnik News