Contratorpedeiro Mariz e Barros (D26) e fragata Liberal (F43)

Quando começou a Guerra das Malvinas em abril de 1982, logo surgiram comparações entre o poder naval argentino e o brasileiro.

A capacidade ofensiva e de guerra de superfície (AsuW) dos meios navais argentinos contrastava com a dedicação quase exclusiva da Esquadra Brasileira à Guerra Antissubmarino (ASW).

Enquanto o porta-aviões argentino ARA 25 de Mayo exibia seus jatos de ataque A-4Q Skyhawk da Aviação Naval e estava prestes a receber jatos franceses Super Étendard armados com mísseis Exocet AM-39, o Navio-Aeródromo Ligeiro (NAeL) Minas Gerais operava apenas com os aviões antissubmarino P-16 Tracker da Força Aérea Brasileira, pois a Marinha do Brasil não podia, por lei, operar seus próprios aviões.

Porém, é preciso dizer que mesmo os A-4 operavam com restrições no ARA 25 de Mayo (não puderam decolar do navio com a carga de bombas e combustível necessária, numa oportunidade de ataque aos porta-aviões britânicos, por não haver vento relativo suficiente no convoo). Por conta das restrições no 25 de Mayo, os Super Étendard só operaram de terra.

NAeL Minas Gerais - A11
NAeL Minas Gerais – A11
Helicóptero SH-3D da Marinha do Brasil mergulhando o sonar
Um S-2E Traacker da FAB pousando a bordo do NAeL Minas Gerais durante a UNITAS XXV

Além dos P-16 da FAB, o NAeL Minas Gerais operava os helicópteros antissubmarino SH-3D Sea King e Esquilo da Aviação Naval.

No virada dos anos 1970-80, a FAB e a MB chegaram a um acordo para adquirir 14 jatos A-4 usados e revitalizados de Israel, a serem operados no NAeL Minas Gerais pela FAB, mas a autorização de compra não foi adiante no Ministério do Planejamento, conforme conta o livro de memórias do então ministro da Marinha, Maximiano da Fonseca (“5 anos na Pasta da Marinha”). Logo após a Guerra das Malvinas, estudou-se a novamente a possibilidade de aquisição de um lote de jatos A-4 Skyhawk para operar no NAeL, mas como a questão já não era prioritária para a FAB, a proposta acabou não indo adiante.

O porta-aviões brasileiro só viria a operar jatos de ataque no final dos anos 90, quando a Marinha readquiriu o direito de operar aeronaves de asa fixa e comprou os aviões A-4KU Skyhawk II da Força Aérea do Kuwait.

As fragatas

Os navios mais modernos da Esquadra Brasileira eram as seis fragatas classe Niterói (Vosper Mk.10) adquiridas no início dos anos 70 e recebidas até o início dos anos 80.

Quatro das fragatas eram da versão antissubmarino (A/S) cujo armamento principal eram os mísseis antissubmarino anglo-australianos Ikara e duas da versão de emprego-geral, (E/G) equipadas com mísseis Exocet MM-38. Todas empregavam helicópteros Lynx modernos.

Somente nos anos 90 é que as fragatas da versão antissubmarino receberiam mísseis antinavio Exocet, já na versão MM40.

Em comparação, em 1982 a Argentina tinha dois contratorpedeiros Type 42, contemporâneos das Niterói e de porte semelhante, equipados com mísseis antiaéreos Sea Dart. Na Guerra das Malvinas, foram escoltas de defesa antiaérea de área para o porta-aviões 25 de Mayo. A ARA possuía também três pequenas corvetas A69 equipadas com mísseis MM-38 Exocet, mas sem convoo, com menos da metade do porte da classe Niterói.

 

Fragata Constituição F42 em provas de mar na Inglaterra em 12 de abril de 1978
Clique no poster para ampliar
Lançamento de míssil antissubmarino Ikara pela fragata União
Fragata Liberal F43, lançando pela primeira vez um míssil MM38 Exocet

Contratorpedeiros

A Esquadra Brasileira contava com 10 contratorpedeiros (destróieres) ex-Marinha dos EUA, das classes Fletcher, Allen M. Sumner e Gearing. Os navios, apesar de veteranos da Segunda Guerra Mundial, tinham passado pelas modernizações FRAM e tinham boa capacidade antissubmarino. Seis deles possuíam convoo e hangar para helicópteros Wasp. O armamento para guerra de superfície era restrito, na época, a canhões, já que o emprego de torpedos pesados na luta de superfície, em distâncias curtas de engajamento não era mais uma tática efetiva (os contratorpedeiros dotados de convoo já não possuíam lançadores de torpedos pesados para guerra de superfície, e sim torpedos leves para luta antissubmarino).

Infelizmente a Marinha do Brasil não modernizou os navios para a luta de superfície, como fez a Armada Argentina com os seus, equipando-os com mísseis antinavio Exocet MM38. Ainda assim, em número de contratorpedeiros dessa categoria (ex-US Navy) a Marinha do Brasil superava a Armada Argentina na proporção de dois pra um.

Ainda falando de unidades combatentes de superfície, a Marinha do Brasil já tinha desativado seus dois últimos cruzadores, enquanto a Armada Argentina ainda mantinha o General Belgrano em condições operacionais, navio este que foi afundado na Guerra das Malvinas. Assim como os brasileiros já desativados, era um veterano da Marinha dos EUA, recebido na década de 1950.

Contratorpedeiro Marcílio Dias – D25 a Alagoas – D36 liderando formatura de navios na Operação Unitas XXXI
Contratorpedeiro Sergipe – D35
Contratorpedeiro Rio Grande do Norte – D37

Submarinos

A Marinha do Brasil contava com 10 submarinos, sete das classes Guppy II e III ex-Marinha dos EUA e três da classe “Oberon” adquiridos novos da Inglaterra, e então no auge de sua capacidade. Em comparação, em 1982 a Armada Argentina tinha disponíveis para operações apenas dois submarinos, um moderno, tipo IKL-209, e um Guppy que operava com restrições.

As classes de submarinos brasileiros nos anos 1980: Guppy II e III e Oberon – Desenho: Alexandre Galante
Submarino Goiás – S15, classe Guppy III
Submarino Humaitá – S20, classe Oberon

Clique no quadro abaixo abaixo para ver todos os navios da Marinha do Brasil em 1980:

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