Há 35 anos, a fragata USS ‘Stark’ era atingida por dois mísseis Exocet durante patrulha no Golfo Pérsico
FOTO: Fragata USS Stark adernada após receber os impactos de dois mísseis Exocet AM39
No dia 17 de maio de 1987, a fragata USS Stark – da classe Oliver Hazard Perry (OHP) – da Marinha dos EUA, foi atingida por dois mísseis Exocet AM39 lançados por uma aeronave iraquiana, durante a guerra Irã-Iraque, que começou em 1980.
O ditador iraquiano Saddam Hussein tinha ordenado a invasão do país vizinho esperando tirar vantagem da desorganização no Irã pós-revolucionário para tomar rapidamente território rico em petróleo perto da fronteira Irã-Iraque.
A Guerra Irã-Iraque foi predominantemente um confronto terrestre e aéreo, mas a partir de 1984, a luta se espalhou para o Golfo.
Na parte marítima da guerra, chamada de Guerra dos Petroleiros (Tanker Wars), ataques eram realizados por ambos os lados contra navios-tanque e outros navios mercantes. O objetivo mútuo era dificultar o tráfego comercial, principalmente carregamentos de petróleo, do inimigo. Cada lado proclamou zonas de exclusão em áreas do Golfo perto de suas costas, onde apenas navios amigos poderiam trafegar. De acordo com uma estimativa, de 1984 a 1986, o Iraque atacou 152 navios e o Irã atacou 77.
No final de abril e início de maio de 1987, os militares dos EUA começaram um planejamento para a operação de escolta de petroleiros a pedido do Kuwait, conhecida como Operação Earnest Will.
Poucas horas antes do ataque à USS Stark no dia 17 de maio, houve dois ataques aéreos iraquianos separados contra petroleiros iranianos e o Marechal Chuikov, um petroleiro soviético fretado pelo Kuwait, atingiu uma mina no norte do Golfo.
Do lado americano, o jato iraquiano foi acompanhado todo o tempo desde a decolagem pelo radar de um E-3 AWACS que estava operando na área e que passava informações para os navios americanos no local.
A fragata USS Stark recebeu em seu console de defesa aérea no CIC – Centro de Informações de Combate, pelo sistema NTDS (Naval Tactical Data System), o contato de jato americano etiquetado como amigo.
Se fosse preciso abrir fogo contra esse contato, seria necessário antes alterar manualmente o status de amigo para inimigo.
A aeronave iraquiana foi interrogada por rádio pela USS Stark nas frequências internacionais padrão, mas não obteve resposta, enquanto ela se aproximava do navio.
Para o comandante e oficiais da USS Stark, seu navio estava fora da zona de exclusão marítima e, portanto, não seria atacado por um avião aliado.
Quando se percebeu que o avião iraquiano iluminou e travou seu radar na fragata, tentou-se em vão lançar foguetes despistadores de chaff e colocar o sistema antimíssil (CIWS) Vulcan Phalanx no modo automático, mas já era tarde.
Às 18h10, a USS Stark foi atingida a bombordo no costado, na seção 100, à altura da segunda coberta, por um míssil que não detonou. Depois de 25 segundos um segundo míssil atingiu o navio no mesmo local, explodindo no alojamento da tripulação.
Para o piloto iraquiano, a fragata americana parecia um petroleiro do inimigo navegando dentro da zona de exclusão marítima imposta pelo Iraque. Baseado nas informações que obteve pelo radar e pelo sistema de navegação inercial da aeronave, o piloto iraquiano lançou seus mísseis a 22 milhas da fragata USS Stark.
Os impactos dos mísseis provocaram a morte de 37 tripulantes, mas por sorte o navio não afundou, devido ao trabalho das equipes de controle de avarias e por causa do mar calmo.
O incidente evidenciou novamente a vulnerabilidade dos navios de superfície aos ataques com mísseis antinavio, a exemplo do que ocorreu com o destróier britânico HMS Sheffield durante a Guerra das Malvinas, cinco anos antes.
As avarias provocadas pelo ataque foram orçadas na época em 142 milhões de dólares.
O comandante Glenn Brindel e três oficiais da USS Stark foram afastados de suas funções após o incidente. O navio voltou a operar depois dos reparos e continuou na ativa até 1999.
Ataque por Mirage F1 ou Falcon 50?
Durante muito tempo se pensou que a fragata USS Stark teria sido atacada por um Mirage F1 EQ do Iraque. Mas, na verdade, o navio americano foi atacado por um jato executivo Dassault Breguet Falcon 50 modificado com radar e dois pilones sob as asas para lançar os mísseis antinavio AM-39 Exocet.
Segundo o renomado autor de livros de temas militares Tom Cooper, a cabine do Falcon 50 também teria sido modificada, incorporando nela os aviônicos do Mirage F1 EQ-5. Este avião, que realmente existiu, recebeu o apelido de “Susana” na Força Aérea do Iraque e era usado basicamente para treinar pilotos dos Mirage F1, que estava entrando em operação no país.
Existem poucas imagens do “Susana” e foram feitas durante uma exposição no Iraque. Talvez elas sejam anteriores à alegada modificação mencionada acima, uma vez que não aparecem os pilones sob as asas. Sob a fuselagem parece ser um casulo para missão de reconhecimento.
Tom Cooper observa que esta aeronave foi equipada com um tanque de combustível extra dentro da fuselagem, para aumentar seu alcance.
Em uma das imagens aparece Saddam Hussein visitando a exposição onde estava o Falcon 50.
O “Susana”, com seu radome em particular e aviônica, e outros dois Falcon 50 iraquianos conseguiram fugir para o Irã. E desde então não houve mais notícias sobre o “Susana” ou foram divulgadas novas fotos.
Lições aprendidas
O incidente com a USS Stark colocou em discussão as regras de engajamento em áreas de tensão, onde as ordens superiores muitas vezes atam as mãos dos comandantes que precisam decidir o que fazer em questão de minutos ou segundos.
A fragata americana tinha todas as condições de se defender do avião iraquiano, mas devido às regras de engajamento o oficial responsável hesitou em iluminar o jato iraquiano com seu radar de direção de tiro, lançar chaff, acionar o CIWS Phalanx ou lançar um míssil antiaéreo.
Incrível a efetividade do Exocet. Se o MANSUP tiver a mesma efetividade e um maior alcance, estaremos bem servidos.
Isso foi há 35 anos, então obviamente a efetividade desse tipo de míssil já diminuiu bastante.
Obs: Não estou dizendo que o Mansup será inútil, antes que comecem a me xingar.
O MANSUP terá que evoluir e lançar as versões AM e SM, similar ao Exocet.
Será que o míssil que não detonou o fez quando o outro explodiu perto? Se não aconteceu isso pode ter influenciado na sobrevivência do navio.
Lí anteriormente (guerra das malvinas, se não me engano) que existe a possíbilidade de se instalar um comando que desarma a espoleta do Exocet, possíbilidade essa que deve ser instalada quando da fabricação do míssel. Imagino, só imagino, que atualmente os Ingleses e Americanos já devem ter solicitado a França que insira essa possíbilidade nos mísseis fabricados… Semelhante aos comandos que os franceses inseriram no sistema de defesa do Iraque na época da guerra do golfo ou ao mundo de buracos que existe nos sistemas operacionais atuais deixados propositalmente para que sejam acessados. Ou seja, o problema do Exocet para… Read more »
Lenda
Acho interessante essa ideia de classificar a existência de um programa de segurança implantado no sistema informático de uma arma de exportação como lenda. Por que por exemplo os EUA não implantariam esse recurso em armas como o Harpoon e torpedos como o Mark 48 ou eles se arriscariam a ter um navio da US Navy engajado por um desses sistemas de armas. Visto que, países podem mudar de lado, vejam o caso do Iran. Basta perguntar para um técnico dessas armas, que ele vai falar que existem componentes que são invioláveis e softwares protegidos por códigos, então não vejo… Read more »
“Acho interessante essa ideia de classificar a existência de um programa de segurança implantado no sistema informático de uma arma de exportação como lenda.“ Essa lenda é lenda por diversos motivos, inclusive porque sua origem pode ser rastreada e já é sobejamente divulgada. Outro forte motivo para duvida desse suposto “dispositivo” é que mesmo após mais de 30 anos dessa “lenda” o Exocet vende mais que garrafa d’água no deserto. Os clientes que compram mísseis costumam ser rigorosos nas suas avaliações e nunca eles levaram a sério essa “lenda” . Se a tivessem levado a sério jamais iriam comprar um… Read more »
Na verdade o que existe é um código de desativação do missil, isso é real e quem possui esses códigos é a fabricante Francesa, isso não é lenda e fui usado pelo Reino Unido na guerra das Malvinas, pois em virtude dos ataques bem sucedidos aos seus navios, a primeira Ministra Margareth Tatcher falou com o presidente Frances à época que se ele não fornecesse os códigos iria lançar um ataque nuclear a Argentina, e os meiso já estavam nas aguas argentinas para isso, como corrbora os docuemntos recem desclassificados como confidênciais. Foia ai que a Argentina realmente perdeu a… Read more »
Caso existam esses códigos o Brasil deve devolver seus Exocets para os franceses e pedir indenização tendo em vista que a França é um dos países mais prováveis de enfrentarmos no mar. E caso existam, como funcionaria? Você tem ideia? É um código pra todos? Ou tem-se que saber qual míssil está atacando? Cada míssil tem um código próprio? Se for , como saber qual míssil está atacando? Ou emite todos de uma vez ou em uma sequência rápida? E quem sabe esses códigos? Quem fica de posse deles? O cdpitão? O operador do rafar? E do que adianta um… Read more »
Discordo, os códigos existem sim .
Marcelo, isso não aconteceu. Simples assim. Poderiam ter pedido maiores informações sobre como jamear o míssil ou se evadir dele, mas essa de ‘códigos de desativação’ é a mais pura lenda. Os ingleses usavam o Exocet justamente devido à sua letalidade. Nunca havia pensado em como se defender de um deles, então é capaz de que qualquer informação repassada pelos Franceses já fosse conhecda dos ingleses. Os ingleses treinavam como jamear e se evadir de mísseis soviéticos, e não faziam idéia se sua doutrina para defesa contra mísseis antinavio funcionaria contra os Exocet. Tem inclusive uma entrevista com o capitão… Read more »
Reagan usou esse incidente como forma de culpar o Irã (sim, o Irã) e disse que não considerava o Iraque de Saddam como hostil, pois os vilões eram os iranianos, o resto da história todo mundo já sabe, e continuam sem pagar um centavo de reparação pelas suas aventuras e violações de soberania, a colônia que virou imperialista, o oprimido que virou opressor.
Um exemplo de construção naval robusta e de se ter uma tripulação com doutrina operacional de controle de danos efetiva e bem treinada.
As batalhas do Pacífico no II GG foram a escola e o tema de casa foi feito.
Uma das melhores fragatas americana derrotada por um jato executivo modificado para combate antinavio. E o Exocet mostrando por que é o melhor de todos.
Verdade que as regras de engajamento de então que prejudicaram até o USS Cole 13 anos
depois, mudaram e nesse caso específico tratava-se de um avião aliado o que prejudicou
ainda mais as medidas defensivas.
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A USS Stark era moderna em 1987 mas na US Navy era considerada um pequeno combatente de superfície menos capaz de lidar com ameaças aéreas do que diversas outras classes de navios então existentes.
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De qualquer forma aeronaves armadas com mísseis anti navio podem ser letais tanto que quando possível não seria mau um ataque a bases aéreas antes com mísseis de cruzeiro.
Ao que parece você não leu a matéria por completo a qual explica o motivo de os misseis terem atingindo a Fragata em questão com tamanha facilidade. Abraço
DRDO helicopter launched NASM-SR (naval antiship missile-short range) successfully test fired today
NASM-SR is the 1st member of the new NASM family of multi platform antiship missiles which also includes NASM-MR (medium range) and NASM-LR(long range) missiles currently under development by DRDO
And it uses a unique multi EFP (explosively formed penetrator) warhead to achieve far greater damage with smaller warhead
The warhead on penetration detonates inside the hull and than fires off multiple EFP bomblets which releases multiple penetrators at hypervelocities which can penetrate multiple bulkheads at greater distances inside the ship thus causing extensive damage even for a small warhead
E ate hoje a FAB nem pensou em armar caças com misseis anti-navio. Os AMX são plenamente capazes de usar, os Gripens idem mas só os P-3 que estão armados.
Acho que se fizessem isso, a MB iria chiar.
Se um avião executivo convertido a treinador avançado com dois misseis anti-navio tira de operação um moderno navio da marinha de guerra mais poderosa do mundo imagina o que um Gripen E/F com um ou dois misseis Bhramos NG poderia fazer! Tecnologia é tudo no campo de batalha e o Brasil ainda é lanterninha!
Esqueceu de uma “coisinha”: a tripulação. As tripulações da US Navy tem pedigree desde a SGM em controle de avarias, fizeram inúmeros milagres, talvez faltou isto aos russos.
Esqueceu que o moskva a munição explodiu seja pelo míssil ou por acidente.
O fato de a munição explodir não é o perfeito exemplo de falta de robustez?
OHP, navio bruto, 2 exocet o uss cole tambem segurou rojao.O exocet cumpriu sua missao de tirar de combate navio. Dois belos exemplos de engenharia belica