Falando em Marinha Francesa, fragata La Fayette finaliza modernização e inicia provas de mar

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Na segunda-feira, 30 de maio, chamou a atenção de alguns leitores do Poder Naval o fato da fragata Courbet, classe “La Fayette”, ser um dos dois navios da Marinha Francesa (Marine Nationale) que realizam exercícios de desembarque com a Marinha do Brasil na costa do Ceará. O outro é o porta-helicópteros / navio de projeção e controle (BPC) Mistral, realiando a comissão anual “Jeanne d’Arc” de formatura de seus cadetes / guardas-marinha. O fato lembrado foi que a Courbet é o primeiro de três navios da classe “La Fayette” (originariamente de cinco fragatas) a passar por um processo de modernização. Por coincidência, na mesma segunda-feira, a Marinha Francesa divulgou nota sobre o final da modernização da líder da classe, e aproveitamos para trazer algumas informações aqui.

Segundo a Marine Nationale, a fragata La Fayette finalizou na segunda metade deste mês um processo de revitalização e modernização de sistemas de quase um ano, incluindo sete meses em dique seco e dois em cais – e iniciou suas provas de mar. Boa parte dos equipamentos originais foi revitalizada / retificada, com melhorias também na estabilidade. Já entre as novidades, estão um novo sonar, um sistema de combate modernizado, aumento da autonomia, das capacidades de intervenção (o que inclui novos turcos para lançamento de lanchas), e uma troca não tão nova assim: foi retirado o velho lançador óctuplo de mísseis antiaéreos de guiagem semiativa Crotale, já obsoletos, e no lugar foram instalados dois lançadores sêxtuplos Sadral de mísseis antiaéreos Mistral de guiagem por infravermelho. Os dois lançadores Sadral foram instalados sobre o hangar, em “diagonal” para menor interferência entre seus arcos de tiro, e são provenientes de fragatas classe “Georges Leygues” desativadas. O equipamento foi revitalizado e atualizado disparar a mais recente versão do míssil de curto alcance, Mistral 3, com cabeça de busca aprimorada com imageador. O Mistral 3 teve melhoradas suas capacidades antiaéreas e antimíssil, agregando a elas a letalidade contra  drones e lanchas rápidas, conforme demonstrado pelo fabricante há alguns anos.

O novo sonar, conforme matéria do site Naval News sobre a volta da Courbet ao serviço ativo no ano passado, é do tipo Kingklip, da Thales, que também equipará a futura classe FTI (Fragata de Defesa e Intervenção) de cinco navios, destinada a substituir inicialmente duas das cinco fragatas “La Fayette” que não serão modernizadas, e posteriormente (década de 2030) as que passam pela modernização econômica já feita na Courbet e na líder da classe (a próxima, Aconit, deverá ser entregue modernizada em 2023). Para operação do sonar, a tripulação das fragatas modernizadas é acrescida em seis pessoas, e o CIC foi ampliado com mudanças no layout interno. A capacidade de engajar submarinos, porém, está por enquanto limitada ao lançamento de torpedos por helicóptero embarcado. Abaixo, vídeo do site Naval News com mais detalhes sobre o programa de modernização:

Voltando à La Fayette, nas últimas duas semanas a tripulação verificou o bom funcionamento dos sistemas com o navio atracado, para então iniciar as provas de mar, que se estenderão até o mês de julho.

As cinco fragatas classe La Fayette, quando incorporadas a partir de meados dos anos 1990, chamaram a atenção pelo seu desenho furtivo e foco em grande autonomia e capacidade antissuperfície, atendendo a necessidades específicas da França para missões de longo curso para acompanhamento e eventual ataque a navios hostis, coleta de inteligência, desembarque de grupos de operações especiais, entre outras. Em contraste com seu desenho moderno, parte do equipamento era mais antigo, como o canhão de 100mm e lançadores de mísseis antiaéreos Crotale, mas provisões foram feitas para eventualmente receber conjuntos de células para lançamento vertical de mísseis, e era esperado que fossem instalados numa eventual modernização. Porém, passados mais de 20 anos de serviço, a decisão francesa foi de modernizar apenas três dos cinco navios e de forma relativamente econômica, reaproveitando os lançadores Sadral (cujos mísseis são de curto alcance, porém do tipo “dispare e esqueça”, permitindo engajar mais alvos simultaneamente do que o velho Crotale, ainda que este tivesse maior alcance). Além dos armamentos já citados, os navios originariamente já dispunham de lançadores de mísseis antinavio MM40 Exocet e metralhadoras.

Os navios deslocam 3.600 toneladas em plena carga, têm comprimento de 125 metros e boca de 15,5m, com propulsão diesel capaz de atingir 25 nós (o alcance na velocidade econômica de 12 nós chega a 9.000 milhas náuticas). Versões para outras marinhas, como as de Taiwan e Arábia Saudita, incorporaram motores mais potentes e outros sistemas de armas mais abrangentes.

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