Almirante Marcos Sampaio Olsen, Comandante da Marinha do Brasil, responde à revista ‘Proceedings’

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Navio-Patrulha Oceânico Araguari da Marinha do Brasil e Aviso Premier-maître L`Her da Marinha Francesa, realizando exercício no Golfo da Guiné

Dada a guerra russa em curso contra a Ucrânia; tensões contínuas no Mar do Sul da China; pesca ilegal, não relatada e não regulamentada; e ataques à infraestrutura submarina; a revista Proceedings, do U.S Naval Institute, perguntou aos comandantes das marinhas do mundo:

Que lições sua Marinha e/ou Guarda Costeira tirou dessas ou de outras ameaças? Quais mudanças você tentará implementar como resultado?

Maio de 2023 | Proceedings | Vol. 149/5/1.443

 Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, Comandante da Marinha do Brasil

A pergunta sobre segurança marítima internacional destaca como as ameaças multifacetadas geraram tensões crescentes no domínio marítimo ultimamente, desafiando as nações a cooperar umas com as outras. Além das disputas tradicionais entre Estados, outros desafios continuam a impactar a boa ordem no mar, como poluição marítima; pirataria e roubo à mão armada; contrabando de drogas e armas; crimes ambientais; e disputas sobre recursos naturais. Nesse contexto, as marinhas tendem a adaptar seus papéis às realidades globais, regionais e locais para realizar uma ampla gama de tarefas.

A Marinha do Brasil, ciente dessas condições, realiza continuamente uma avaliação estratégica para coordenar sua preparação e emprego, combinando sua principal missão de combate com outras missões navais, como segurança marítima e apoio às necessidades da população nas águas marítimas e interiores brasileiras.

Em relação à preparação, a Marinha tem procurado alinhar seu planejamento de força com o acesso progressivo à tecnologia avançada no contexto de severas restrições de recursos. Em relação ao emprego, tem atuado nas arenas nacional e internacional, ambas exigindo cooperação intensiva. Assim, tem havido uma participação crescente da Marinha do Brasil com outras agências estatais – ou seja, operações interagências – para enfrentar os desafios relacionados à boa ordem no mar (e nas águas interiores) e outras necessidades domésticas.

No cenário internacional, a presença consistente da Marinha do Brasil no Atlântico Sul em uma abordagem cooperativa é consistente com o objetivo de contribuir decisivamente para a segurança e estabilidade marítimas em nosso entorno estratégico. Nesse sentido, a Marinha coopera estreitamente com os líderes do Brasil para o fortalecimento da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS).

Dentro desse quadro, a Marinha Brasileira realizou, além de suas iniciativas de cooperação no Golfo da Guiné, a Operação GUINEX desde 2021, com o propósito de colaborar com as marinhas africanas naquela região para melhorar a capacitação contra a insegurança marítima. Além disso, o comando da Força-Tarefa Combinada 151 no Oceano Índico foi dado duas vezes à Marinha do Brasil, reforçando o Brasil como uma nação capaz de liderar e contribuir para a estabilidade regional em áreas perturbadas, alinhadas com os objetivos nacionais. A Marinha do Brasil tem contribuído para reequilibrar a cooperação no domínio marítimo.

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