A Rússia notificou a ONU, a Turquia e a Ucrânia de que não renovará um acordo crucial de grãos que permitiu à Ucrânia exportar grãos através do Mar Negro.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os acordos chegaram a um fim “de fato” na segunda-feira.

O acordo permitiu que navios de carga passassem pelo Mar Negro a partir dos portos de Odesa, Chornomorsk e Yuzhny/Pivdennyi.

Mas Moscou disse que retornaria ao acordo se suas condições fossem atendidas.

O presidente russo, Vladimir Putin, reclama há muito tempo que partes do acordo que permite a exportação de alimentos e fertilizantes russos não foram honradas. Em particular, ele disse que os grãos não foram fornecidos aos países mais pobres, o que era uma condição do acordo.

A Rússia também reclamou repetidamente que as sanções ocidentais estavam restringindo suas próprias exportações agrícolas. Putin repetidamente ameaçou retirar-se do acordo.

O Ministério das Relações Exteriores do país reiterou na segunda-feira essas queixas, acusando o Ocidente de “sabotagem aberta” e de “egoisticamente” colocar os interesses comerciais do acordo à frente de seus objetivos humanitários.

Mas o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse a repórteres que acredita que Putin “quer continuar o acordo” e que eles discutirão a renovação do acordo quando se encontrarem pessoalmente no próximo mês.

O acordo de grãos é importante porque a Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de girassol, milho, trigo e cevada.

Após a invasão da Rússia em fevereiro de 2022, navios de guerra bloquearam os portos ucranianos e prenderam 20 milhões de toneladas de grãos. O bloqueio significou que os preços globais dos alimentos dispararam.

Também ameaçou o fornecimento de alimentos a vários países do Oriente Médio e da África, que dependem fortemente dos grãos ucranianos.

Nikolay Gorbachev, presidente da Associação Ucraniana de Grãos, disse à BBC que seus membros identificaram meios alternativos de exportação de grãos – inclusive por meio de seus portos no rio Danúbio.

Mas ele admitiu que os portos seriam menos eficientes, reduzindo a quantidade de grãos que a Ucrânia pode exportar e aumentando o custo de movimentação.

Os líderes ocidentais foram rápidos em condenar a decisão, com a presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, acusando a Rússia de uma “ação cínica”, acrescentando que Bruxelas estava tentando “garantir a segurança alimentar para os vulneráveis do mundo”.

O anúncio do Kremlin veio poucas horas depois que a Ucrânia assumiu a responsabilidade por um ataque a uma ponte na Crimeia que matou dois civis.

Peskov disse que a Rússia deixar o acordo expirar não tem relação com o ataque. “Antes deste ataque, a posição foi declarada pelo presidente Putin”, disse ele a repórteres em Moscou.

FONTE: BBC

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